Ação coletiva da UFSC reinaugura Planetário com arte e ciência

24/10/2024 18:15

A reinauguração do Planetário da UFSC tinha uma programação especial para as crianças. Foto: Maria Isabel Miranda/Agecom

O Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi reinaugurado na manhã desta quinta-feira, 24 de outubro, com programação especial para o público infantil e adulto. O momento celebra o retorno às atividades de um espaço essencial para a divulgação científica na Universidade, após a aquisição de um novo projetor digital e a pintura temática da cúpula do Planetário.

As crianças do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da UFSC e da Escola Básica Municipal João Alfredo Rohr, no Córrego Grande, marcaram presença no evento, preparado especialmente para elas.

Participaram da mesa de abertura o reitor Irineu Manoel de Souza; a pró-reitora de Extensão, Olga Regina Zigelli Garcia; os diretores dos centros de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Alex Degan; de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), Nilton da Silva Branco; o professor do Departamento de Física Antônio Nemer Kanaan Neto; a geógrafa Edna Maria Esteves da Silva, e a artista visual Gugie Cavalcanti. Também registraram presença membros do Gabinete da Reitoria, diretores de unidades, pró-reitores, secretários, e da comunidade universitária e geral.

No cerimonial de abertura foi ressaltado o esforço coletivo para a aquisição do equipamento que oportunizou a retomada das atividades direcionadas ao ensino e à divulgação da Astronomia, bem como, retomar o atendimento do Planetário. CFM, CFH, Proex, Pró-Reitoria de Administração (Proad), Gabinete da Reitoria, técnicos, professores, bolsistas e profissionais de outras instituições foram os protagonistas desta conquista. Mesmo sendo muitos personagens, cada um e cada uma foi lembrado(a) na ocasião.

Reinauguração do Planetário da UFSC. Foto: Maria Isabel Miranda/Agecom

A geógrafa Edna, que coordenou o Planetário por quase 27 anos, enfatizou em sua fala a importância da continuidade deste trabalho, da história do espaço, da infraestrutura disponível, da parceria com o Observatório Astronômico, do Grupo de Estudos da Astronomia (GEA), da programação e, em especial, da equipe que reúne apaixonados pelo tema.

A arte estampada na cúpula do Planetário apresenta “duas crianças sorrindo no meio de um campo de flores enquanto olham o céu estrelado” explica Gugie, artista que assina a obra. Na sua fala abordou os significados que incorporam a sua pintura, que busca um olhar para fora, como forma de homenagear este gesto, esta contemplação, que conecta as pessoas com a natureza, as crianças com este lugar, no sentido de pertencimento e de futuro.

O diretor do CFM, o professor Nilton, colocou a impossibilidade de agradecer a todos que se dedicaram ao projeto. Para ele foi fundamental a parceria estabelecida com o CFH, o Departamento de Física, e de todos os bolsistas envolvidos, para a manutenção de um trabalho científico que, segundo ele, é apaixonante.

O diretor do CFH, Alex Degan, também complementou a lista de envolvidos. Mas, fez questão de destacar um nome, o da vice-diretora do centro de ensino, Michele Monguilhott, que, em janeiro deste ano, após uma série de ações conjuntas, o Gabinete da Reitoria sinalizou o aporte financeiro para aquisição do novo projetor para o Planetário.

A pró-reitora Olga Regina relatou como a Proex foi acionada na tentativa de solucionar a situação do Planetário. Ao tomar conhecimento se colocou à disposição e nesta jornada também obteve ajuda da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) e do Gabinete da Reitoria. Frisou, para além deste momento. a importância do Planetário, focado nas crianças, na juventude e nos futuros cientistas. “Para muitos, o Planetário é o primeiro contato com a UFSC”. “Esta aproximação com a Universidade, com a ciência e com tudo que ela é capaz de nos responder e nos trazer, é o objetivo maior do Planetário”.

Reitor Irineu Manoel de Souza destaca a importância do trabalho conjunto para a revitalização do Planetário. Foto: Maria Isabel Miranda/Agecom

O reitor Irineu encerrou a cerimônia valorizando o trabalho conjunto para a revitalização do Planetário, cuja atividade traz inúmeros benefícios à sociedade. A condução deste projeto, “apesar de todas as dificuldades financeiras enfrentadas atualmente pela universidade pública, deve servir de exemplo para outros setores da instituição que necessitam de reestruturação”, comentou o reitor. Fez um apelo à comunidade universitária para haver uma “ação colaborativa a fim de melhorar espaços essenciais da Universidade”, como o Restaurante Universitário, Biblioteca Central, Centro de Convivência, entre outros. Na aquisição do projetor digital, a UFSC investiu em torno de R$ 100 mil, finaliza o reitor.

Na sequência, como parte da programação, houve o descerramento das placas de reinauguração do projetor pelo reitor da UFSC, no hall de entrada do Planetário, e da assinatura da obra pela artista Gugie. Na continuidade, foram realizadas atividades gratuitas como observação do céu, projeções e recreação.

O Planetário e o Observatório

O Planetário e o Observatório da UFSC promovem, anualmente, sessões, cursos, palestras e eventos gratuitos à comunidade com a finalidade de divulgar a Astronomia e ciências afins, buscando fomentar a curiosidade das pessoas e auxiliar na complementação dos conteúdos didáticos previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Todos os eventos são abertos ao público em geral e ocorrem no campus da Trindade, em Florianópolis. Suas principais atividades são:

  • atendimento a escolas, com a realização de sessões para estudantes e professores, as quais devem ser marcadas com antecedência;
  • realização de sessões regulares para o público em geral às quartas-feiras nos períodos vespertino e noturno;
  • promoção de cursos e palestras;
  • atendimento a estudantes e professores da UFSC que estejam envolvidos com disciplinas afins à Astronomia;
  • atendimento à imprensa no que diz respeito a informações sobre fenômenos astronômicos;
  • orientação a estudantes e professores quanto à construção de modelos que facilitem o entendimento de fenômenos astronômicos;
  • acompanhamento e divulgação dos principais fenômenos astronômicos.

Conheça o trabalho artístico de Gugie Cavalcanti pelo Instagram ou no site.

Mais informações:
(48) 3721-4149
cultura.midia.cfh@contato.ufsc.br
planetario.ufsc.br

Rosiani Bion de Almeida | imprensa.gr@contato.ufsc.br
Coordenadoria de Imprensa do GR | UFSC

Tags: AstronomiaCFHCFMGabinete da ReitoriaGEAnovo projetor digitalObservatório AstronômicoPlanetárioPROADProexPropesqUFSC

Semana Internacional estreia com debate sobre internacionalização acadêmica e novas parcerias

22/10/2024 11:50

Abertura oficial da I Semana Internacional foi realizada no auditório do CCS. Foto: Andrey Santiago/Agecom/UFSC

A primeira edição da Semana Internacional da UFSC teve início nesta segunda-feira, 21 de outubro, com o debate de temas relacionados à internacionalização da educação superior e acerca da necessidade do fortalecimento de parcerias acadêmicas. Organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), a Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) e a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propesq), o evento oferece uma programação composta por painéis, conferências, mesas-redondas e outras atividades voltadas ao compartilhamento de experiências de internacionalização.

As atividades previstas começaram ainda pela manhã, e a solenidade de abertura foi realizada na noite desta segunda, no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS), no Campus da Trindade, em Florianópolis. A cerimônia contou com a presença do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza; do pró-reitor de Pós-Graduação, Werner Kraus Jr.; do secretário de Relações Internacionais, Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho; do pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Jacques Mick; do diretor de Relações Internacionais da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Rui Vicente Oppermann; e do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Sérgio Henrique Pezzin.

> Assista à solenidade de abertura da Semana

Coordenador da I Semana Internacional da UFSC, o professor Werner Kraus destacou a “intensa agenda de atividades” dos cinco dias de evento. Além da realização de uma conferência e três painéis principais, o pró-reitor ressaltou o número de trabalhos inscritos para a programação paralela (cerca de 50 apresentações, sendo a maioria delas vinculada ao Programa Capes-PrInt). “Será uma semana muito rica. Tenho certeza de que todos sairemos bastante satisfeitos com o que será discutido e com o horizonte que se descortinará à nossa frente”, afirmou Werner.

Por sua vez, o secretário Luiz Carlos Machado, da Sinter, afirmou que a implementação da política de internacionalização da UFSC tem sido alicerçada em princípios básicos, como a reciprocidade, a excelência acadêmica, a solidariedade e a diversidade. Em sua fala, salientou também que este processo deve envolver toda a comunidade universitária, abrangendo docentes, estudantes, e técnicos-administrativos em Educação (TAEs).
(mais…)

Tags: CapesCCSPropesqPROPGSemana Internacional da UFSCSinterUFSC

UFSC debate relatório da Política de Enfrentamento ao Racismo

10/10/2024 17:54

Seminário apresentou dados do Relatório de Monitoramento e Avaliação da Política de Enfrentamento ao Racismo na UFSC (Fotos: Marisa Isabel/Agecom/UFSC)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem um déficit de equidade racial no conjunto dos seus servidores que levará muitos anos para ser equacionado, caso não altere as regras dos concursos que realiza. Esta é uma das realidades reveladas pelo Relatório de Monitoramento e Avaliação da Política de Enfrentamento ao Racismo na UFSC, elaborado por um grupo de pesquisadores da Universidade.

Os dados do relatório foram apresentados e subsidiaram os debates do seminário “Ações Afirmativas em Concursos para Negros – o contexto nacional e a UFSC”, realizado no dia 15 de julho na UFSC.

O seminário foi organizado pela assessora institucional do Gabinete da Reitoria, Miriam Hartung, e teve como palestrantes convidados a secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, Márcia Lima; o professor e pesquisador do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (PR), Delton Aparecido Felipe; a procuradora do Ministério Público Federal Analucia Hartmann e o procurador-chefe da Procuradoria Federal junto à UFSC, Juliano Scherner Rossi.

O professor do Departamento de Geociências da UFSC Lindberg Nascimento Junior e a professora Lia Vainer Schucman, do Departamento de Psicologia, apresentaram o relatório e participaram dos debates, que foram mediados pela pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade Leslie Sedrez Chaves.

A primeira mesa do seminário foi formada pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, pela vice-reitora Joana Célia dos Passos e pela professora Miriam Hartung, que deram as boas-vindas aos presentes.

Servidores da UFSC, integrantes de movimentos sociais e convidados participaram dos debates

Em seguida, foi formada nova mesa com os palestrantes convidados. O professor Lindberg apresentou o Relatório de Monitoramento e Avaliação da Política de Enfrentamento ao Racismo na UFSC, com comentários da professora Lia. De acordo com o relatório, atualmente 16,4% dos servidores técnico-administrativos da UFSC são autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI). Entre os professores, este percentual é de apenas 9,1%, ainda muito distante do mínimo legal de 20%.

Apesar de vigorar há dez anos, a lei que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos para cargos e empregos no governo federal (Lei 12.990/2014) tem sido pouco efetiva em promover a equidade racial no serviço público. De acordo com dados apresentados pela secretária Márcia Lima, entre 2014 e 2019 o número de servidores negros na esfera federal aumentou apenas 2%.

Na UFSC, a continuar o ritmo atual de contratações, o percentual mínimo de 20% de pessoas negras só será alcançado em 2035 entre os servidores técnico-administrativos em educação (TAEs) e no ano de 2173 entre os docentes.

Há que se considerar ainda que tramita no Congresso Nacional uma lei que eleva para 30% este percentual.

Estudantes
Na parte do relatório dedicada ao perfil racial dos estudantes, os números mostram um aumento gradual da participação de pretos, pardos e indígenas (PPI) no conjunto dos discentes. Atualmente o corpo discente da UFSC é composto por 79,7% de estudantes autodeclarados brancos e amarelos (BA) e 18,5% de autodeclarados PPI. Também melhoraram os índices relacionados a abandono de curso e formaturas de pessoas negras.

Professora Joana Célia dos Passos (E), professor Irineu Manoel de Souza e professora Miriam Hartung

No entanto, ainda persistem situações de desigualdade e desafios a superar. A maior diversidade racial na UFSC, proporcionada em grande parte pelas Políticas de Ações Afirmativas, estagnou nos anos mais recentes. Além disso, o relatório mostra que estudantes brancos e amarelos têm grande predominância no acesso a bolsas e estágios não obrigatórios.

O reitor Irineu Manoel de Souza lembra que a UFSC foi uma das instituições pioneiras na reserva de vagas para estudantes negros, quatro anos antes da lei federal que instituiu esta política de ação afirmativa em nível nacional. E cita que a atual gestão estendeu essa política para a educação básica, com reserva de vagas para ingresso no Colégio de Aplicação e no Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI).

“Uma das diretrizes da nossa gestão é o apoio à permanência estudantil, e destinamos prioritariamente recursos do orçamento para isso”, destaca o reitor. Entre outras ações para apoio à permanência, o reitor cita a universalização do Programa de Assistência Estudantil a Indígenas e Quilombolas (PAIQ): agora, todo indígena em condição de vulnerabilidade que ingressa na UFSC tem direito ao benefício.

“O estudo nos mostra que houve avanços na permanência estudantil e na conclusão de curso por parte de estudantes negros”, diz o reitor, reconhecendo que a Universidade ainda pode aperfeiçoar algumas ações. Neste sentido, o professor Irineu destaca a diretriz para garantir prioridade para estudantes indígenas e negros nos editais para contratação de bolsistas pelas unidades administrativas e de ensino da UFSC.

Relatório evidenciou desafios da Universidade na busca da equidade racial

Em relação à disparidade racial entre os servidores, o reitor informa que o relatório traz algumas sugestões de intervenção e que um grupo se dedica a apontar caminhos e mecanismos para atender à legislação e avançar na direção da equidade racial.

A vice-reitora Joana Célia dos Passos chama a atenção sobre o assunto: “É muito importante que a comunidade universitária conheça os dados do racismo institucional que atravessa cada setor da UFSC e que possa se comprometer com a criação de políticas públicas que promovam a equidade na Universidade. O racismo institucional não é algo abstrato. Ele é produzido diariamente pelas pessoas. Eliminar as barreiras que têm sido naturalizadas nas práticas administrativas e acadêmicas é um compromisso da nossa gestão”, afirmou.

Conheça a íntegra do Relatório de Monitoramento e Avaliação da Política de Enfrentamento ao Racismo na UFSC

Veja o vídeo do seminário Ações Afirmativas em Concursos para Negros – o contexto nacional e a UFSC:

 

Tags: Enfrentamento ao racismoEquidade racialservidoresUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Reitoria promove audiência pública com a comunidade universitária sobre orçamento

15/07/2024 15:44

Secretária Andréa Trierweiller apresentou números do orçamento da UFSC (Fotos: Caetano Machado/Agecom/UFSC)

A Reitoria da UFSC promoveu nesta segunda-feira, 15 de julho, uma audiência pública com a comunidade universitária para tratar da questão orçamentária e informar sobre as previsões de manutenções e obras na Universidade. A audiência, realizada no auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos, foi solicitada pelos movimentos de estudantes, servidores e professores no contexto das greves encerradas recentemente.

Após uma fala inicial do reitor Irineu Manoel de Souza, a secretária de Planejamento e Orçamento, Andréa Trierweiller, fez uma apresentação dos dados orçamentários da UFSC, contendo entre outras informações uma série histórica dos recursos de custeio (utilizados para pagamento de bolsas, manutenção do Restaurante Universitário, pagamento de contratos terceirizados e despesas de água e luz, por exemplo).

A projeção realizada, levando em conta o cenário de julho, indica que a UFSC terá uma disponibilidade de recursos para custeio na casa dos R$ 168,3 milhões este ano, já incluídas as suplementações realizadas pelo governo federal e utilização de recursos próprios. A projeção de despesas, no entanto, chega aos R$ 186 milhões, resultando num deficit de pelo menos R$ 17 milhões em 2024.
(mais…)

Tags: audiência públicamanutençãoObrasOrçamentoUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Reitor da UFSC é palestrante em seminário nacional sobre autonomia universitária

13/06/2024 15:21

Professor Irineu destacou os desafios para efetivação da autonomia universitária (Fotos: Solon Soares/Agência AL)

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, foi um dos palestrantes do seminário “Autonomia Universitária: fator de desenvolvimento do país”, realizado nesta quarta-feira, 12 de junho, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

O seminário foi aberto pelo ex-ministro da Educação (2003-2004) e ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), senador Cristovam Buarque, que apresentou o painel “Autonomias necessárias e inconvenientes”. Na sua fala, o ex-ministro afirmou que a autonomia universitária deve ser acompanhada de compromissos com a sociedade. E o maior compromisso, destacou, deve ser com a educação básica. Ele afirmou também que a autonomia deve ser dar em relação a governos, partidos, igrejas, sindicatos e até da própria comunidade acadêmica.

O professor Irineu apresentou a palestra “Autonomia universitária: teoria e prática”. De acordo com o reitor, a universidade brasileira sempre viveu em crise, e neste momento a crise é acentuada pela escassez de recursos.

Ele abordou os marcos legais sobre o funcionamento das universidades, como a Reforma Universitária (1968) a Constituição (1988) e a nova Lei de Diretrizes e Bases (1996). Recentemente, os programas governamentais como Fies, Prouni, Reuni, Sisu e os programas de ações afirmativas, que transformaram a universidade e trouxeram novos desafios, a exemplo da necessidade de apoio à permanência estudantil.

Em relação à autonomia, o reitor apontou como principais fragilidades as questões do orçamento e pessoal, disfunções burocráticas e interferência de órgãos externos. “Nós estamos em um momento bem difícil nas universidades, com cargos extintos e terceirização de muitos serviços”, declarou. Para o reitor, a cultura de “apego à burocracia” cria muitas dificuldades para o funcionamento das instituições, gerando morosidades.

Por fim, o reitor da UFSC elencou vários desafios para a efetivação da autonomia universitária, tais como a necessidade de fortalecer as pontes com a sociedade; as novas demandas e pressão por mais recursos (para ampliação do processo de inclusão e das ações afirmativas, programas de permanência estudantil, expansão de cursos e vagas e investimentos em infraestrutura); políticas de previsão da evasão e busca de novas fontes de financiamento. Ao final, o professor Irineu afirmou que as universidades são capazes de pensar, agir e propor mudanças. “A sociedade espera muito de nós”.

Ciclo de encontros

O seminário também teve palestras do professor da USP Guilherme Ary Plonski, que apresentou o tema “Autonomia das Universidades Paulistas”; do professor da Udesc Adil Knackfuss Vaz, com a palestra “Autonomia universitária na Udesc – conquistas e retrocessos” e da vice-reitora da Udesc, Clerilei Bier, que abordou a temática “Autonomia universitária: quimera ou concretude?”.

O encontro reuniu reitores e representantes de universidades federais e estaduais de vários estados, docentes, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e lideranças políticas

O evento foi promovido pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), por meio da Comissão de Educação, em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O encontro reuniu reitores de universidades federais e estaduais de vários estados, docentes, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e lideranças políticas.

Este foi o primeiro de um ciclo de cinco seminários, que ocorrerão em cada uma das regiões do País. O próximo será organizado pela Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, em 28 de agosto.

Durante a tarde, a programação seguiu com uma mesa-redonda com lideranças políticas locais, sob coordenação do professor Arlindo Philippi Júnior, da USP, e lançamento do livro Autonomia Universitária: Fundamentos e realidade, organizado pelos professores da Udesc Rogério Braz da Silva, Peter Johann Bürger e Sandra Ramalho e Oliveira.

Um grupo de participantes do encontro reuniu-se para elaborar um documento com a síntese dos debates realizados durante o seminário. O professor Bernardo Meyer, chefe do gabinete da Reitoria da UFSC, foi um dos relatores do documento.

Veja a íntegra do texto:

“A autonomia universitária é indiscutível como ideia geral implementada de forma inédita na Constituição Federal de 88 e nas Constituições Estaduais como uma conquista após a redemocratização do país. O momento de incertezas e transformações ambientais e sociais que estão sendo vivenciados globalmente renova a necessidade de efetivação da autonomia universitária, aliada ao compromisso com a sociedade e a humanidade como um todo.

Para isso, é fundamental a autonomia para pensar livremente, criar e trazer alternativas frente aos desafios que a humanidade tem hoje, em uma era de limites e incertezas. As instituições universitárias surgem na história partir de valores humanísticos e do entusiasmo pela investigação da realidade baseada em valores universais que prezam pelo bem comum.

Foi o ambiente universitário que trouxe à coletividade os avanços vivenciados atualmente nos mais diversos setores. Muitas das tecnologias e utilidades do dia a dia das pessoas têm como berço as pesquisas acadêmicas. Nesse contexto, é função da universidade ampliar continuamente suas estratégias de divulgação e comunicação com os diversos setores sociais. Da mesma forma, o diálogo constante entre tais setores é fundamental para coprodução de conhecimentos e práticas inovadoras, não só no âmbito das organizações públicas e privadas, mas principalmente na educação de base.

Esse posicionamento dialógico e responsivo às demandas coletivas pressupõe responsabilidade das instituições universitárias. A efetivação de um compromisso dessa magnitude depende da concretização da autonomia em suas dimensões de governança organizacional, gestão de pessoas e tomada de decisão.

No que se refere à governança organizacional é fundamental a garantia de recursos orçamentários para fins de planejamento, busca por novas fontes de financiamento para melhoria de infraestrutura e políticas de permanência estudantil como forma de prevenção à evasão escolar.

Quanto à gestão de pessoas, a valorização dos profissionais das universidades é um elemento fundamental para a qualidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão. A autonomia de tomada de decisão é um dos fatores que permitirá às universidades atender às singularidades diante do contexto em que estão inseridas.

Por fim, é necessário repensar os conceitos de universidade, muitas vezes associada a um mero local de obtenção de diplomas, para que seja reconhecida como um ambiente produtor de ideias, ciência e tecnologia. A autonomia universitária vem acompanhada do compromisso com aqueles que a financiam, ou seja, toda a sociedade.”

 

Com informações da Assessoria de Comunicação da Udesc e Agência AL

Tags: Alescautonomia universitáriaSeminárioUdescUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina