O Conselho Universitário (CUn) realizou sessão ordinária no período da tarde desta terça-feira, 26 de agosto, para apreciação de parecer relativo à revisão da Resolução Normativa nº 052/CUn/2015, que trata da Política de Ações Afirmativas para acesso aos cursos de graduação. O processo foi requerido pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), com relatoria da conselheira Olga Regina Zigelli Garcia. A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal do CUn no YouTube.
Em seu parecer, a conselheira Olga reforçou a necessidade de revisão da política devido a importantes mudanças legislativas e institucionais, como a atualização da Lei de Cotas (Lei nº 14.723/2023), que ampliou as categorias de beneficiários e alterou critérios de renda, e também pela Resolução Normativa nº 181/CUn/2023, que instituiu cotas para pessoas transgênero na UFSC.
A nova Lei de Cotas “ampliou as oportunidades dos grupos minoritários de ingressarem na educação superior, tornando permanente a reserva de vagas nas universidades e instituições de ensino técnico de nível médio federais para negros, indígenas, pessoas com deficiência, estudantes de escolas públicas e, agora, também para quilombolas”. Além disso, a Lei nº 14.723/2023 estabeleceu prioridade para estudantes em situação de vulnerabilidade social no recebimento de auxílio estudantil e reduziu a renda per capita familiar máxima para ingresso via cotas de um e meio para um salário mínimo.
Para conduzir a revisão, um Grupo de Trabalho (GT) foi instituído pelo Gabinete da Reitoria em junho de 2024. Após prorrogações e uma audiência pública em 25 de julho de 2025, o relatório final do GT, incluindo a minuta da nova Resolução Normativa, foi encaminhado para apreciação pelo CUn.
Entre os pontos de recomendação apresentados, destaca-se a discrepância nas cotas para Pretos, Pardos e Indígenas (PPI). A relatora apontou a divergência nos percentuais de vagas destinadas ao PPI, uma vez que o Artigo 8º, inciso II, parágrafo 1º da minuta estipula a reserva de 32% das vagas, enquanto o parágrafo 7º do mesmo artigo menciona que o percentual deve atender à exigência legal mínima, correspondente ao percentual de pessoas PPI no Estado de Santa Catarina, que, segundo o Censo do IBGE de 2022, é de 23,54%. Diante disso, a relatora questionou se o percentual destinado às vagas do PPI seguirá o Censo do IBGE ou se foi definido intencionalmente em um patamar mais elevado.
Além disso, foi sugerida a inclusão da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) no Programa de Divulgação e Apoio à Política de Ações Afirmativas (PAA), bem como a institucionalização do Programa de Bolsas de Extensão para Ações Afirmativas (Pró-AA). A Proex já publica, anualmente, o Edital Pró-AA, cujo objetivo é estimular estudantes direcionados às ações afirmativas do ensino médio do Colégio de Aplicação e/ou dos cursos de graduação a participarem de projetos de extensão, além de fomentar a criação de projetos voltados à divulgação da Política de Ações Afirmativas da UFSC.
No que se refere à redação do texto, a relatora recomendou substituir o termo “sexualidade” por “orientação sexual” no Artigo 28º, inciso IV. Também sugeriu a adoção de linguagem inclusiva no texto, sempre que adequada, uma vez que a redação atual utiliza predominantemente a flexão no gênero masculino.
Outras alterações incluem a recomendação de substituir a expressão “Sistema Público de Ensino Médio” por “Sistema Público de Ensino” no Artigo 3º, inciso I, de forma a garantir maior abrangência e adequação terminológica.
Nas considerações finais, Olga parabenizou o GT e todos os colaboradores, enfatizando que “o compromisso, a dedicação e o profundo senso de responsabilidade acadêmica e social que orientaram este trabalho reafirmam a missão da UFSC em promover a democratização do ensino superior público”. Também destacou que “Políticas inclusivas como esta têm papel fundamental na construção de uma universidade mais diversa, plural e representativa da sociedade brasileira”.
A relatora elogiou a atual gestão por abraçar a causa, demonstrando “sensibilidade e visão institucional voltada para a equidade”, contribuindo para que a UFSC cumpra sua função social e seu compromisso histórico com a justiça social, igualdade de oportunidades e valorização da diversidade.
Por fim, a conselheira manifestou parecer favorável à nova redação da minuta, “ressalvando a importância de que sejam observadas as recomendações apresentadas”. A proposta, segundo ela, “objetiva consolidar diretrizes institucionais de inclusão e equidade no ingresso de estudantes, em consonância com a legislação federal e os princípios constitucionais da isonomia e do direito à educação”.
Após discussões e esclarecimentos, o parecer foi posto em votação e foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Universitário.
Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Nos dias 20 e 21 de agosto de 2025, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou, em sua sede em Brasília (DF), a 182ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno. O evento contou com a participação de gestores(as) de todo o país, incluindo o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, e a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, para debater temas estratégicos relacionados ao futuro da educação superior no Brasil. Entre as pautas destacaram-se a Política Nacional de Educação Superior (PNEDS), o orçamento das universidades federais e uma proposta de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil.
O primeiro dia do evento (20) teve início, às 14h, com o Seminário Temático sobre a Política Nacional de Educação Superior. Após a abertura, uma mesa-redonda reuniu especialistas como Lúcia Pellanda, diretora de Desenvolvimento Acadêmico da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC); Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP); Lia Rita Azeredo Bittencourt, vice-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Luiz Cláudio Costa, reitor do Centro Universitário IESB; e a deputada federal Ana Cristina de Lima Pimentel. A discussão girou em torno da necessidade de atualização da política educacional, cujo último documento formal data de 1968, para enfrentar os desafios contemporâneos da educação pública.
Os debates abordaram questões como orçamento, autonomia universitária e a resistência à inovação, além de explorar as oportunidades trazidas pela Inteligência Artificial (IA). Houve consenso sobre a importância de as universidades federais liderarem esse processo de transformação, repensando currículos, metodologias de ensino e estratégias de comunicação com a sociedade. Além disso, destacou-se a relevância de indicadores de impacto, que vão além de métricas quantitativas, para evidenciar o valor social das instituições e, assim, garantir financiamento adequado.
A deputada federal Ana Pimentel enfatizou a necessidade de aproximação com o Congresso Nacional para fortalecer pautas relacionadas à educação superior. Pimentel alertou sobre o desafio de aprovar medidas progressistas em um cenário de aumento desproporcional das emendas parlamentares, o que compromete a lógica de funcionamento do Estado e impacta diretamente as universidades públicas. Segundo ela, é essencial reforçar o papel das universidades no debate sobre a democratização da educação.
A professora Lúcia Pellanda (SESu/MEC) reforçou a importância de uma construção coletiva para a PNEDS. Pellanda mencionou que o processo teve impulso a partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2021, e visa estabelecer diretrizes e indicadores alinhados aos objetivos constitucionais e legais da educação. Também apresentou áreas temáticas como financiamento, acesso, permanência, pesquisa e extensão, além de incluir temas emergentes como inovação pedagógica, IA e mudanças climáticas.
O professor Jacques Marcovitch (USP) destacou a diferença entre métricas de “resultado” e “impacto”. Enquanto o resultado refere-se ao produto de atividades acadêmicas, avaliado pelos pares, o impacto reflete os efeitos econômicos, sociais, ambientais e culturais dessas atividades, medidos pelos beneficiários. O docente criticou o foco excessivo no monitoramento de insumos e processos, em detrimento de resultados e impactos, defendendo a necessidade de as universidades prestarem contas à sociedade por meio de indicadores qualitativos.
A professora Lia Rita Bittencourt, vice-reitora da Unifesp, compartilhou sua experiência ao migrar de uma visão baseada em métricas quantitativas para uma abordagem mais orientada ao impacto. Ela sugeriu formas de medir o impacto do ensino, como o envolvimento de egressos; da pesquisa, por meio de parcerias extra-acadêmicas e mudanças em políticas públicas; e da extensão, considerando o engajamento comunitário. Lia também ressaltou a importância de considerar as especificidades regionais e o porte das instituições na avaliação de impacto, sublinhando a colaboração entre universidades públicas paulistas no uso estratégico de dados.
O professor Luiz Cláudio Costa, ex-secretário da SESu e ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), apresentou um panorama sobre a evolução da IA, desde sua concepção até avanços recentes, como o lançamento do ChatGPT (2022). Dentre as suas projeções, a IA irá transformar profundamente, em poucos anos, o setor educacional. Costa argumentou que o modelo atual de universidades pode dar lugar a instituições que priorizem a certificação de habilidades, em vez de currículos extensos e rígidos. Ele sugeriu que o Brasil invista em IA setorial, voltada ao SUS ou à rede federal de ensino, em vez de competir globalmente no desenvolvimento de IA geral. Por fim, destacou que essa tecnologia deve ser uma aliada dos professores, mas alertou para desafios como vieses discriminatórios e a plataformização da educação.
O seminário culminou em um consenso sobre a urgência de uma política de educação superior que seja protagonista, flexível e orientada ao impacto social, integrando tecnologias emergentes sem perder o foco no desenvolvimento humano e na democratização do acesso ao conhecimento. As discussões serão sistematizadas e servirão de base para os próximos passos na elaboração da PNEDS, com um seminário mais amplo programado para setembro deste ano.
Ainda no dia 20, às 18h30, ocorreu um encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes, na sede do ministério. O diálogo reforçou a importância de parcerias entre instituições de ensino e o governo para a promoção de políticas públicas voltadas à igualdade de gênero e ao fortalecimento da educação superior.
Encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes (segunda da dir. p/ esq.). Foto: Divulgação
A programação do dia seguinte (21) começou com a apresentação de Lisandro Granville, novo diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Em seguida, novamente a ministra Márcia Lopes participou de um diálogo, abordando ações conjuntas para ampliar a participação feminina no meio acadêmico e em posições de liderança. A vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, pontuou a necessidade de revisar a legislação que tipifica a violência política contra mulheres. Durante sua passagem pela SESu/MEC, Joana Célia também levou projetos relacionados à acessibilidade, IA, ações afirmativas e diversidade, além do II Seminário Nacional de Gestão em Ações Afirmativas para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).
No período da tarde, os debates se voltaram aos desafios e prioridades financeiras das universidades federais, com a presença de Marcus Vinicius David, secretário de Educação Superior (SESu/MEC); Aline Pereira Leal, coordenadora-geral de Planejamento e Orçamento das Instituições Federais de Educação Superior (CGPO/Difes/SESu); e Evandro Rodrigues de Faria, coordenador do Fórum de Pró-Reitores de Planejamento e Orçamento das IFES (Forplad).
Encerrando o evento, foi apresentada uma proposta de cooperação entre as universidades federais e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, com a participação de representantes da OPAS. A iniciativa visa fortalecer a pesquisa, a formação acadêmica e o impacto social das universidades no campo da saúde pública.
Acompanhe o debate na íntegra:
Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, participou, na tarde desta quarta-feira, 23 de julho de 2025, de um seminário sobre a curricularização da extensão. O evento integrou a 206ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reuniu reitores, pró-reitores e gestores de universidades federais para debater a integração da extensão universitária aos currículos de graduação. Este tema tem ganhado destaque no Brasil desde a publicação da Resolução nº 7, de 2018, do Ministério da Educação (MEC), que tornou obrigatória a inserção da extensão nos projetos pedagógicos dos cursos (PPCs) de graduação.
O seminário contou com exposições de especialistas no tema: Francisco Ângelo Brinati, pró-reitor de extensão da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e coordenador do Colégio de Pró-Reitores de Extensão da Andifes; Joana Angélica Guimarães da Luz, reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); e Raiane Patrícia Severino Assumpção, reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A moderação foi conduzida pela reitora Sandra Goulart Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O debate abordou conceitos fundamentais da extensão universitária, discutindo a necessidade de financiamento contínuo, desafios institucionais e operacionais, e a integração da extensão com ensino e pesquisa. Destacou-se que a extensão não deve ser tratada como uma disciplina isolada ou como assistencialismo, mas como um processo dialógico e transformador, que conecta a universidade à sociedade. A proposta é que a extensão seja uma atividade intrínseca ao ensino e à pesquisa, promovendo uma formação acadêmica mais abrangente e socialmente responsável.
Além disso, foram discutidos tópicos como a formação de docentes, avaliação de indicadores, e a inclusão da extensão em todas as áreas do conhecimento, inclusive tecnológicas. Os participantes enfatizaram a relevância da extensão como um dos pilares estratégicos das instituições de ensino superior.
O reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, destacou que a curricularização da extensão representa uma ampliação dos horizontes formativos dos estudantes e fortalece os vínculos entre universidades e comunidades. “Não é apenas uma diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE), mas uma oportunidade concreta de promover uma formação acadêmica mais integrada e comprometida com a sociedade”, afirmou. Ele também lembrou que a Resolução nº 7 (2018) exige que as instituições garantam que pelo menos 10% da carga horária dos cursos de graduação seja destinada a atividades de extensão, articulando ensino, pesquisa e extensão de forma indissociável.
Na UFSC, o tema da curricularização da extensão vem sendo discutido desde 2016, com avanços significativos a partir de 2018, quando foi criada a Comissão Mista de Curricularização (CMC). Essa comissão tem como objetivo implementar as diretrizes da referida resolução em todos os cursos da universidade. A UFSC também disponibilizou materiais de apoio e suporte técnico para orientar a comunidade acadêmica no processo.
Reflexões e Desafios
A reitora Sandra Almeida (UFMG) defendeu o uso do termo “formação em extensão” em vez de “curricularização”, argumentando que o conceito vai além de um ajuste técnico. Apesar de elogiar a legislação, ela ressaltou os desafios práticos: “embora a legislação seja maravilhosa, na ponta da implementação, nós nos deparamos com muitos desafios. É necessário sensibilizar a comunidade acadêmica para a importância da extensão.”
Francisco Brinati (UFSJ) ressaltou que a extensão não deve ser tratada como “disciplina” no currículo, mas como um processo educativo, cultural, político e científico que articula ensino e pesquisa de forma indissociável. Ele afirmou que a curricularização simboliza uma mudança de paradigma na universidade, que precisa “olhar para o currículo pelas lentes da extensão”.
A reitora Joana Angélica Guimarães da Luz (UFSB) destacou a necessidade de superar o entendimento assistencialista da extensão, questionando: “O que entendemos por extensão? Essa é a grande pergunta que precisamos fazer.” Ela defendeu uma relação de troca entre universidade e comunidade, rejeitando a “colonização do saber” e enfatizando que a universidade deve compreender as demandas das comunidades que atende.
A reitora Raiane Patrícia Severino Assumpção (Unifesp) preferiu o termo “inserção da extensão na matriz curricular” e sublinhou que o currículo deve incluir experiências práticas que promovam um aprendizado significativo. Ela definiu a extensão como “um processo educativo, artístico, cultural, científico e político, que permite a troca de saberes entre a universidade e a sociedade, produzindo conhecimentos transformadores.”
A curricularização da extensão enfrenta desafios significativos, como apontado por um levantamento do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (Forproex). Apenas 2,4% das instituições declararam ter concluído plenamente a inclusão da extensão nos currículos. Os principais entraves incluem:
Lacunas conceituais e resistência cultural: Dois terços das instituições ainda tratam a extensão como uma atividade extra.
Escassez de recursos humanos e financeiros: Metade das instituições relatam falta de equipes e orçamento suficiente.
Dificuldades de integração nos sistemas de gestão: Problemas para registrar e atribuir créditos às atividades de extensão.
Burocracia e agendas acumuladas: O impacto da pandemia também atrasou o avanço desse tema.
Mesmo na UFSB, onde 100% dos PPCs foram adaptados, a reitora Joana admitiu que ainda há dificuldades na compreensão do que significa “fazer extensão”. Já a reitora Raiane destacou a importância de alinhar os entendimentos sobre extensão entre gestores e docentes.
O financiamento foi apontado como um dos pontos mais críticos. Francisco Brinati destacou que, com a obrigatoriedade da extensão para todos os estudantes (na UFSJ, anteriormente apenas 7% participavam), os modelos de financiamento atuais são insuficientes e instáveis. Ele propôs a retomada de um programa nacional de financiamento contínuo e a definição de percentuais mínimos de orçamento discricionário para extensão.
Além disso, os participantes sugeriram estratégias para avançar na curricularização, como capacitação de docentes, modernização dos sistemas de gestão, financiamento adequado, e maior diálogo entre universidades e comunidades.
O seminário foi celebrado como um marco na Andifes, pela ampla participação dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e pela sintonia nas discussões. A relatoria do evento será encaminhada à Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, com propostas e encaminhamentos para fortalecer a curricularização da extensão como um pilar estratégico das universidades brasileiras.
Assista à reunião da Andifes na íntegra:
Rosiani Bion de Almeida / SECOM UFSC
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Acadêmicos de Engenharia da UFSC apresentaram resultado do desafio proposto pela empresa HidroConecta. Foto: Divulgação
Acadêmicos de Engenharia da UFSC apresentaram, nesta semana, o resultado do desafio proposto pela empresa HidroConecta Engenharia Sustentável. A iniciativa é fruto da parceria entre o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC) e o Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade, coordenada pelo professor Daniel Lacerda, na disciplina de Planejamento Industrial.
A HidroConecta, que atua com projetos de saneamento para empreendimentos ecoeficientes foi a primeira empresa a participar. Os estudantes desenvolveram um trabalho completo com diagnóstico, análise de mercado, público-alvo, processo produtivo, riscos e projeções.
A solução foi apresentada no último dia 9 de julho na Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), com a presença do presidente do CREA-SC, Kita Xavier, do assessor Eduardo Bridi, representantes da HidroConecta, professor e alunos. “Essa interação é essencial para formar profissionais qualificados e mostra como o conhecimento técnico pode gerar soluções práticas para o setor produtivo”, afirmou Kita Xavier.
Eduardo Bridi, coordenador do Programa Crea Celera, reforçou: “Precisamos incentivar outras empresas e estudantes a interagirem de forma prática. Essa troca é fundamental para a qualificação dos futuros engenheiros.”
A acadêmica Magdalena Castillo destacou o impacto em sua formação. “Pude me aprofundar ainda mais na engenharia de produção, aplicando conhecimentos do curso, desde a análise econômica até o mapeamento de processos.” Destacou também a conexão entre suas duas formações, agradecendo ao professor, à Hidroconecta e ao CREA-SC pela oportunidade. “Perceber como a engenharia de produção dialoga com a formação de técnico em saneamento me deu ainda mais motivação e clareza sobre as possibilidades profissionais.”
Para a equipe da HidroConecta, o projeto foi uma oportunidade enriquecedora. Em postagem nas redes sociais, a empresa agradeceu ao CREA-SC por idealizar a conexão entre universidade e empresa e aos estudantes pelo comprometimento. “Saímos inspiradas para continuar transformando a construção civil com soluções sustentáveis.”
Em sessão do Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi aprovada a atualização da Resolução Normativa nº 65/2015, que regulamenta o funcionamento e a composição do Comitê Institucional de Ações Afirmativas da Universidade. O debate girou em torno da necessidade de ampliar a representatividade e o protagonismo dos segmentos historicamente beneficiários das políticas afirmativas, como destacou a conselheira Rossana Lopes Pereira de Souza em seu parecer de vistas.
O parecer de Rossana foi construído a partir de consultas a estudantes e assistentes sociais de campi fora de sede. “Embora se reconheça o esforço para tornar o comitê mais funcional e dinâmico, reduzindo o número de membros e fortalecendo os subgrupos, é preciso cautela para não comprometer os princípios de participação e inclusão, que são centrais para as ações afirmativas”, afirmou a conselheira.
A proposta aprovada amplia as representações no Comitê, incluindo segmentos como estudantes indígenas, quilombolas, pessoas trans, pessoas com deficiência, mães estudantes e estudantes internacionais, além de fortalecer a presença de representantes dos campi. A conselheira Rossana enfatizou que “a participação efetiva não se limita ao direito de fala ou presença em reuniões, mas implica em votar, propor e deliberar”.
A conselheira Heloísa Teles, responsável pelo parecer original, retirou sua proposta em apoio às alterações sugeridas por Rossana. Segundo Heloísa, a ampliação da representatividade é um avanço necessário, mas alertou que a redução do quórum mínimo para um terço dos membros “é uma estratégia válida, mas preocupante. Precisamos criar condições institucionais para que a representatividade seja fortalecida sem fragilizar o funcionamento do Comitê”, destacou.
A resolução aprovada estabelece que o Comitê será composto por 17 membros, contemplando a diversidade étnico-racial e de gênero. Entre as novidades, está a inclusão de duas representações fixas dos campi fora de sede, alternando a titularidade e suplência a cada dois anos, e a criação de subgrupos específicos para atender às demandas de cada segmento. A conselheira Rossana destacou que “as diferenças entre os campi, como estruturas administrativas e perfis estudantis, tornam indispensável uma representação direta e permanente”.
A Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), responsável pela elaboração da proposta inicial, comprometeu-se a acompanhar a implementação da nova resolução e apresentar resultados ao Conselho Universitário dentro de dois anos. “Vivemos um novo tempo institucional. Melhoramos muito, mas ainda há muito a fazer no campo das ações afirmativas”, concluiu Rossana.
A decisão foi aprovada pelo Conselho com ampla maioria, mediante a concordância com a participação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação de Pós-Graduandos (APG) na definição das indicações.
Rosiani Bion de Almeida / Secom UFSC
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