Reitoria prestigia estande da UFSC Araranguá na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

24/10/2025 13:54

Visita do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, ao estande do LabTeC na 22ª SNCT. Fotos: Divulgação

O estande do Laboratório de Tecnologias Computacionais (LabTeC), durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília (DF), recebeu a visita do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, que estava cumprindo outras agendas oficiais. A semana iniciou no dia 21 de outubro e segue até o próximo domingo, dia 26, na Esplanada dos Ministérios.

O LabTeC, vinculado ao Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde, do campus Araranguá da UFSC, foi convidado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para apresentar os resultados de seus projetos no espaço POP Ciência, evidenciando a relevância das pesquisas desenvolvidas pela instituição. A 22ª SNCT é promovida pelo MCTI, sob coordenação da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes).

Na ocasião, o estande do LabTeC também recebeu a visita das deputadas federais Jandira Feghali (RJ) e Alice Portugal (BA), que conheceram de perto as atividades desenvolvidas pelo laboratório.

A SNCT é o principal evento do Brasil para popularização da ciência e reúne especialistas, comunidade científica, instituições de ensino, secretarias estaduais e municipais e associações da sociedade civil. Nesta edição, o tema escolhido foi “Planeta Água: a Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no meu Território”, com o objetivo de integrar conhecimentos científicos à cultura do país e apresentar novas formas de preservação do planeta.

Servidores docentes e técnicos da UFSC na 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

O evento conta com a participação de diversas instituições, além das unidades vinculadas do MCTI, e oferece à comunidade acesso gratuito a shows, peças de teatro, exposições imersivas e interativas, laboratórios, oficinas, feiras de ciência, entrega de medalhas e exposições de fósseis e material espacial, unindo ciência e cultura em atividades dinâmicas.

Mais informações no site: https://labtec.ufsc.br/

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Gestão da UFSC cumpre agendas em Brasília, entre os assuntos o PAC das Universidades

24/10/2025 11:19

Reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, participa da reunião do Conselho Pleno da Andifes. Fotos: Andifes

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, cumpriu agendas oficiais em Brasília (DF), nos últimos dias 22 e 23 de outubro, com reuniões na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e na Secretaria de Educação Superior (SESu), do Ministério da Educação (MEC).

Na tarde desta quarta-feira (22), o reitor esteve no MEC para uma reunião agendada com o secretário de Educação Superior, Marcus Vinicius David, no Gabinete da SESu. Deste setor, também participaram da reunião a chefe de Gabinete, Marina Monteiro; o assessor Edson de Souza Almeida; e o diretor da Divisão de Formação Especializada (Difes), Juscelino Pereira Silva. Na ocasião, foram discutidos aspectos estratégicos do PAC das Universidades, incluindo prioridades de investimento, infraestrutura acadêmica e de pesquisa, e ações para fortalecimento da rede federal de ensino superior. Também se pautou a questão orçamentária e os novos cargos para servidores docentes e técnicos-administrativos em Educação.

A passagem pela sede da Andifes integrou a agenda do reitor em Brasília, onde participou da 183ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno, realizada entre os dias 22 e 23. O evento tradicionalmente reúne reitores(as), vice-reitores(as), parlamentares e especialistas para debater temas de relevância para a gestão e o futuro das universidades federais, com destaque para a inclusão, acessibilidade, financiamento e o uso de novas tecnologias.

Seminário Temático “Inclusão e Acessibilidade de Pessoas com Deficiência nas Universidades Federais” abriu a programação, com uma mesa temática moderada por Sonia Lopes Victor, vice-reitora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e relatada por Cassia Turci, vice-reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre as palestrantes estavam Arlete Marinho Gonçalves, coordenadora do Colégio de Gestores de Núcleos de Acessibilidade das Universidades Federais (Conacessi/Andifes); Francéli Brizolla, vice-reitora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa); Lucélia Cardoso Cavalcante, vice-reitora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); e Sandra Nogueira, coordenadora-geral de Extensão (SESu/MEC). Após as palestras, interações e encaminhamentos, encerrou-se o primeiro dia de atividades.

O segundo dia da reunião teve a participação da deputada federal Dandara Tonantzin (PT/MG), que apresentou o Projeto de Lei nº 760/2025, voltado à recomposição orçamentária das universidades federais. Na sequência, foi firmado um Termo de Cooperação Técnica entre o MEC, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Andifes para a realização da Pesquisa Nacional sobre o Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes das Universidades Federais. O documento foi assinado por Marcus Vinícius David (secretário de Educação Superior), Ulysses Teixeira (diretor de Avaliação do Inep) e José Geraldo Ticianeli (presidente da Andifes). A pesquisa fornecerá dados atualizados sobre o perfil estudantil, fundamentais para aperfeiçoar as políticas de assistência e permanência no ensino superior público federal.

A pauta da reunião também incluiu inovação tecnológica e transformação digital. O diretor da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Lisandro Granville, apresentou o Programa Nexus, voltado à expansão da conectividade e da infraestrutura digital nas universidades federais. O diretor da Anatel, Octavio Pieranti, abordou iniciativas conjuntas para ampliar o acesso à internet de alta velocidade e reduzir desigualdades regionais.

Outros temas incluíram defesa institucional e políticas afirmativas. O procurador da Advocacia-Geral da União (AGU), Jezihel Pena Lima, apresentou ações voltadas ao enfrentamento da violência contra as universidades federais, reforçando o compromisso com a integridade das instituições públicas. Já Anna Carolina Venturini e Maria Aparecida Chagas, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), discutiram a implementação da política de cotas em concursos públicos para docentes.

“Para a gestão da UFSC, estar na Andifes e na Secretaria de Educação Superior não é apenas acompanhar o debate, é influenciar decisões que viram resultados no nosso dia a dia”, afirmou o reitor Irineu. “Essa presença nos permite defender as prioridades que impactam nossos campi, assegurar recursos e novos cargos, estabelecer metas de acessibilidade e conectividade e alinhar diretrizes para o uso responsável de tecnologias. Participar dessas agendas garante que a voz da UFSC esteja representada, oportunizando entregas concretas para nossa comunidade acadêmica e para a sociedade catarinense.”

Com informações da: Andifes

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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UFSC promove contratação emergencial de plano de saúde por dispensa de licitação

23/10/2025 17:27

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está em processo de contratação emergencial de plano de saúde por meio de dispensa de licitação. A medida busca assegurar a continuidade da assistência à saúde dos beneficiários vinculados à instituição.

O procedimento está sendo conduzido pela equipe de planejamento instituída pela Portaria nº 163/PROAD/2025, que estabeleceu um cronograma dividido em três fases principais, com previsão de conclusão até meados de novembro.

Fase de Planejamento já foi concluída

A primeira etapa do processo transcorreu entre 1º e 17 de outubro de 2025 e englobou atividades fundamentais para estruturar a contratação. Durante esse período, foi formada a equipe de planejamento responsável pela condução do processo, realizada consulta e pesquisa de mercado para identificar as melhores opções disponíveis, e promovida a revisão completa das documentações necessárias.

Ainda nessa fase, foram elaborados o Termo de Referência (TR) e a minuta de contrato, documentos essenciais que estabelecem as condições e exigências para a prestação do serviço. Esses materiais foram encaminhados às empresas do setor para que apresentassem suas propostas comerciais.

Seleção do Fornecedor está em andamento

Atualmente, a UFSC encontra-se na fase de seleção do fornecedor, prevista para se estender de 20 de outubro a 5 de novembro de 2025. Nesta etapa, a equipe está recebendo e analisando as propostas enviadas pelas operadoras de plano de saúde.

A proposta considerada mais vantajosa será escolhida conforme os critérios de julgamento estabelecidos no Termo de Referência. Após a seleção, será realizada a análise da documentação de habilitação do proponente melhor classificado, verificando se a empresa atende a todos os requisitos técnicos, jurídicos e fiscais exigidos para a contratação.

Contratação deve ser finalizada até novembro

A última fase do processo está programada para ocorrer entre 6 e 19 de novembro de 2025. Nesse período, será conduzida a análise jurídica da contratação, garantindo que todos os aspectos legais estejam em conformidade com a legislação vigente.

Em seguida, serão providenciadas a elaboração e assinatura do contrato com a operadora selecionada, além da publicação do respectivo extrato no Diário Oficial. Concluídas essas etapas, terão início os procedimentos de migração de dados dos beneficiários e a vigência efetiva do novo contrato de plano de saúde.

A UFSC reforça seu compromisso em conduzir o processo com transparência e agilidade, assegurando que não haja interrupção na cobertura assistencial aos seus beneficiários.

As atualizações sobre o processo serão disponibilizadas na página da Coordenadoria de Saúde Suplementar (CSSU), do Departamento de Atenção à Saúde (DAS), e da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), e nos canais de comunicação oficiais da Universidade: ufsc.br e reitoria.ufsc.br.

Saiba mais:

Nota de esclarecimento: contratação de Plano de Saúde na UFSC [06/10/2025]

 

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UFSC se une ao debate sobre inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência

23/10/2025 13:20

A temática central do seminário da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) — sobre Inclusão e Acessibilidade de Pessoas com Deficiência nas Universidades Federais — foi resumida pela moderadora com a provocação: “entrou e agora?”. Sonia Lopes Victor, vice-reitora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), destacou que, embora se lute pelo acesso, o número de estudantes que ingressam no ensino superior é ainda muito reduzido. O principal entrave para garantir a permanência qualificada e a acessibilidade plena é o subfinanciamento. A gestora foi enfática ao afirmar que “não é possível avançar na inclusão com orçamentos que não correspondem à magnitude das nossas demandas”, pois o atendimento cotidiano e especializado exige recursos para intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e suporte pedagógico, entre outros.

A professora Sonia debateu este tema nesta quarta-feira, 22 de outubro, acompanhada das gestoras Cassia Turci, vice-reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Arlete Marinho Gonçalves, coordenadora do Colégio de Gestores de Núcleos de Acessibilidade das Universidades Federais (CONACES) na Andifes; Francéli Brizolla, vice-reitora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa); Lucélia Cardoso Cavalcante, vice-reitora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); e Sandra Nogueira, coordenadora-geral de Extensão da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC).

O evento teve como propósito refletir sobre os caminhos e desafios presentes na efetivação do direito à educação superior para este público. As discussões contaram com a participação de dirigentes universitários, incluindo o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, que acompanhou o debate sobre as urgentes demandas orçamentárias e pedagógicas das federais. Irineu destacou a relevância de a UFSC estar presente nesse espaço nacional de articulação, pois “participar da Andifes é reafirmar nosso compromisso com uma universidade pública, inclusiva e de qualidade. Estar aqui é ouvir, dialogar, defender políticas que garantam a permanência estudantil com acessibilidade plena, e essencial para consolidar uma agenda comum com outras instituições e levar à esfera federal a voz de quem vive, no cotidiano, os desafios de incluir e acolher”.

Alerta e subfinanciamento

Arlete Marin Gonçalves, coordenadora do CONACES, apresentou um diagnóstico alarmante, detalhando que a dotação orçamentária do programa Incluir não acompanha o crescente número de estudantes com deficiência nas universidades. Segundo dados do Colégio de Gestores, o recurso destinado ao programa, que se tornou política orçamentária em 2011, não aumentou nos últimos 15 anos.

A coordenadora salientou a disparidade na distribuição dos valores, mencionando que o menor valor recebido por uma universidade foi de aproximadamente R$ 27 mil, quantia suficiente apenas para adquirir um equipamento de ampliação de texto. Essa insuficiência orçamentária força as universidades a buscarem alternativas onerosas, como a terceirização de profissionais. A falta de códigos de vagas de acessibilidade na lista do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) faz com que toda essa conta seja paga, na maioria das vezes, pelos recursos da própria universidade.

Além da questão financeira, a mesa das palestrantes expressou profunda preocupação com a recente publicação de um decreto governamental (mencionado no dia anterior ao seminário), que revogou o Decreto nº 7.611/2011. Esta norma anterior era importante por amparar legalmente os Núcleos de Acessibilidade. Lucélia Cardoso Cavalcante, da Unifesspa, criticou a publicação do novo texto sem um amplo debate democrático com a comunidade acadêmica, destacando que “o Brasil tá explodindo de críticas”. Arlete Gonçalves reforçou que o novo decreto parece focar principalmente na educação básica e, embora mencione as universidades no Artigo 10, não direciona dotação orçamentária específica para o ensino superior, colocando a pauta em um “limbo”.

Luta contra barreiras

A superação do financiamento e dos desafios legais é acompanhada pela necessidade de uma transformação cultural profunda nas instituições. A professora Francéli Brizolla, da Unipampa, usou a metáfora da “fadiga do acesso”, termo que descreve o cansaço das pessoas com deficiência que precisam constantemente reivindicar a quebra de barreiras e a acessibilidade. A docente explicou que o paradigma deve evoluir do modelo clínico (que foca no “defeito” da pessoa) para o modelo social da deficiência, onde o foco é a transformação do ambiente, e não do indivíduo.

Essa transformação exige a transversalidade, conceito que, segundo Lucélia Cardoso, implica que a política de inclusão e acessibilidade não pode ser responsabilidade apenas do Núcleo de Acessibilidade, mas deve ser debatida e garantida por todas as pró-reitorias e em todos os espaços.

A dificuldade em mudar práticas estabelecidas foi amplamente reconhecida no seminário. Sandra Nogueira, da SESu, que se identificou como mãe atípica, ressaltou o compromisso da Secretaria em trabalhar a inclusão de forma transversal na construção da Política Nacional de Educação Superior (PNEDES). Ela destacou que é o sistema educacional que deve ser modificado, pois “não há dificuldades das pessoas com deficiência, há dificuldades do sistema educacional na inclusão das pessoas com deficiência”.

As falas convergiram para a necessidade de a Andifes articular uma posição firme junto ao governo e aos órgãos de controle. Os(as) dirigentes também pediram que as universidades fossem ouvidas na construção de políticas, reconhecendo-as como locais de “potência” e conhecimento, capazes de desenvolver, por exemplo, tecnologias assistivas. Nessa direção, o reitor Irineu enfatizou que “o debate é essencial para que as universidades federais tenham previsibilidade orçamentária e segurança jurídica para implementar políticas inclusivas de forma contínua” – não como um projeto pontual, mas como compromisso permanente e institucional”.

Assista ao seminário na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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Reunião ampliada na Alesc une academia e movimentos sociais em defesa das cotas raciais

22/10/2025 16:27

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) sediou na noite desta terça-feira, 21 de outubro, a reunião ampliada “Cotas Raciais Ficam!”, convocada pelo deputado estadual Fabiano da Luz (PT) em conjunto com o Observatório de Enfrentamento ao Racismo de Santa Catarina. O encontro mobilizou pesquisadores, movimentos sociais, estudantes e gestores públicos para manifestar posição contrária à PEC 0004/2025, proposta pelo deputado Jessé Lopes (PL), que pretende vedar o uso de critérios raciais em políticas de acesso às instituições públicas estaduais de ensino superior.

A mesa de debate foi composta por: Fabiano da Luz, parlamentar; Marcio de Souza, coordenador do Observatório de Enfrentamento ao Racismo de Santa Catarina; Joana Célia dos Passos, vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Jadel da Silva Junior, promotor da 40ª Promotoria de Justiça de Santa Catarina e membro do Observatório; Ana Paula Fão Fischer, defensora pública do Estado de Santa Catarina; Maria Helena Tomaz, representante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Marcos Caneta, presidente da Escola Olodum Sul e representante dos movimentos sociais; e Regina Célia da Silva Suenes, gerente de Políticas para Igualdade Racial e Imigrantes do Governo do Estado.

A proposta em debate acrescenta o artigo 169-A à Constituição estadual, determinando que ações afirmativas sejam “exclusivamente” baseadas em critérios socioeconômicos. O texto proíbe, de forma expressa, “a adoção de critérios baseados exclusivamente em raça, etnia ou cor para reserva de vagas ou concessão de benefícios educacionais” e declara priorizar estudantes de baixa renda e egressos da rede pública estadual. Segundo o autor, “são várias as razões pelas quais sou contra a cota por sexo ou cor: violam o princípio da igualdade individual, promovem estigmatização e reforçam a divisão entre raças”.

Cotas raciais como política constitucional e necessária

Para os participantes da reunião, a PEC representa um grave retrocesso. Organizações presentes destacaram que as cotas raciais são políticas reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como constitucionais e necessárias para promover igualdade material, além de estarem amparadas por legislações federais como o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010) e a Lei 14.723/2023. Na avaliação dos debatedores, extinguir o recorte racial ignora desigualdades historicamente produzidas contra a população negra, povos indígenas, comunidades quilombolas e outros grupos marginalizados. A própria experiência da Udesc reforça a importância de políticas específicas: em 1995, a instituição criou o Grupo de Trabalho Educação e Desigualdades Raciais e o Grupo de Pesquisa Multiculturalismo: Estudos Africanos e da Diáspora, inaugurando uma agenda consistente de enfrentamento ao racismo; em 1996, a inclusão da disciplina História da África I no curso de História consolidou a valorização das identidades negras e afro-brasileiras nos currículos.

Joana Célia dos Passos, pesquisadora nas áreas de educação, relações étnico-raciais e políticas públicas, e coordenadora da “Cátedra Antonieta de Barros: Educação para a Igualdade Racial e Combate ao Racismo” da UFSC, evidenciou que “Santa Catarina abriga 29 territórios indígenas, distribuídos em 20 municípios, onde vivem aproximadamente 10.370 pessoas em terras indígenas e outras 5.672 em áreas urbanas. Também temos 21 territórios quilombolas, com cerca de 1.350 famílias e 4.595 pessoas”, enfatizando a riqueza da diversidade presente no estado. Entretanto, ela também alertou para desafios graves, como “a existência de mais de 60 células neonazistas ativas”, além do fato de o estado estar entre os que mais registram casos de injúria racial. Para Joana Célia, esses dados “evidenciam a urgência de construirmos instrumentos capazes de enfrentar o racismo e as desigualdades raciais”.

No contexto desses desafios, a vice-reitora classificou a PEC 004/2025 como “uma ameaça direta às populações historicamente marginalizadas”. Segundo ela, ao propor um recorte exclusivamente socioeconômico para as ações afirmativas, a PEC ignora a dimensão racial e os impactos que isso traz para milhares de pessoas. “Essa PEC não atinge apenas a população negra, mas também indígenas, pessoas LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência, que enfrentam preconceitos e barreiras sistemáticas”, pontuou.

Joana Célia reforçou que não é possível aceitar retrocessos. “Todos esses grupos precisam estar integrados nesse movimento de resistência coletiva, porque o enfrentamento às desigualdades raciais é um compromisso de toda a sociedade.” Para ela, a diversidade “não é apenas um valor: é uma necessidade para a justiça social e para a construção de um futuro mais inclusivo”.

O marco legal e decisões do STF consolidaram o entendimento de que cotas raciais são instrumentos de reparação histórica e promoção da igualdade substantiva, não se confundindo com privilégios. Indicadores educacionais e de renda no estado e no país seguem evidenciando desigualdades persistentes quando se observa a variável raça/cor, o que justifica a manutenção de políticas específicas, complementares às socioeconômicas. A reunião ampliada em defesa das ações afirmativas contra a PEC 0004/2025, portanto, fortalece um percurso histórico de lutas, resistências e avanços da Udesc e de toda a comunidade acadêmica e social catarinense, e constitui um chamado à reflexão e ao engajamento coletivo pela continuidade, pelo fortalecimento e pela ampliação das políticas que garantem acesso, permanência e sucesso acadêmico de estudantes negras e negros, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e demais grupos historicamente sub-representados no ensino superior.

Durante o encontro, representantes do Observatório classificaram a PEC como um “ataque direto” a conquistas históricas, argumentando que a retirada do componente racial reduziria o alcance de estudantes que, mesmo não sendo os mais pobres, enfrentam discriminações e barreiras raciais sistemáticas. Movimentos estudantis destacaram que a presença de estudantes negros, indígenas e quilombolas nas universidades públicas catarinenses cresceu significativamente por meio das políticas afirmativas, com impactos positivos para a diversidade, a produção científica e o cumprimento da função social das universidades.

Palavras como organização, mobilização e resistência ecoaram na reunião em defesa das ações afirmativas na Udesc, onde estudantes, professores, técnicos e movimentos sociais reafirmaram o compromisso com uma universidade pública, inclusiva e antirracista, além de se posicionarem pelo arquivamento da PEC, que ameaça conquistas do povo negro e das classes populares. Reforçou-se que cada avanço foi fruto de luta e que não há espaço para retrocessos diante de uma comunidade organizada e consciente de seu papel histórico.

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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