Palestra na abertura da Escola de Gestores debate o futuro e os desafios da educação superior

16/05/2025 14:48

O Programa Escola de Gestores 2025 foi aberto nesta sexta-feira, 16 de maio, pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária (Inpeau). Voltada a servidores técnico-administrativos e professores que ocupam funções gratificadas, cargos de direção ou que buscam desenvolver competências específicas em Gestão Universitária, a iniciativa teve início às 9h30, no Auditório da Reitoria, com transmissão ao vivo para os campi da UFSC.

Na mesa de abertura, o reitor Irineu Manoel de Souza, a pró-reitora Sandra Carrieri, o diretor do DDP Guilherme Fortkamp (dir.), e o presidente do Inpeau Pedro Antônio de Melo (esq.). Fotos: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

O evento contou com ampla participação da comunidade universitária, envolvendo diferentes setores da UFSC. Na mesa de abertura, estiveram presentes o reitor Irineu Manoel de Souza, a pró-reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Sandra Regina Carrieri, o diretor do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), Guilherme Fortkamp, e o presidente do Inpeau, Pedro Antônio de Melo.

A pró-reitora Sandra Carrieri destacou o caráter inclusivo do programa, afirmando que ele é “voltado para toda a comunidade e tem como diferencial o fato de ser elaborado e pensado pela própria comunidade”, com base em uma pesquisa que identifica os temas mais relevantes para o desenvolvimento profissional. Ela também ressaltou que “o objetivo central é o aprimoramento da gestão universitária, buscando não apenas o desenvolvimento de práticas técnicas, mas também valorizando o fator humano”, promovendo uma universidade mais justa e harmônica.

Na sequência, o diretor Guilherme Fortkamp ressaltou a importância da participação ativa de todos nas ações de capacitação, mesmo diante das dificuldades de conciliar os compromissos diários. Ele reconheceu os desafios enfrentados pelas universidades, especialmente os financeiros e de pessoal, mas enfatizou que “é necessário aprender a lidar com esses obstáculos para manter a universidade como referência em Ensino, Pesquisa e Extensão, que são os pilares fundamentais da Gestão Universitária”. Fortkamp também agradeceu ao pessoal do DDP, afirmando que “uma equipe comprometida e unida não tem limites para o que pode alcançar”.

O professor Pedro Melo, presidente do Inpeau, fez uma retrospectiva histórica da UFSC na formação de profissionais de Gestão Universitária. O docente disse que “uma universidade se faz por cérebros” e atribuiu o sucesso da instituição ao longo dos últimos 65 anos à dedicação de seus profissionais. Pedro relembrou marcos importantes, como o primeiro seminário internacional de administração universitária realizado no Brasil, em 1971, e a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Administração Universitária, precursor do atual Inpeau, em 1988. Ele também mencionou a relevância do Mestrado Profissional em Administração Universitária, que já formou mais de 330 mestres, e apontou que “a Escola de Gestores fecha um ciclo virtuoso”, ao abrir novas oportunidades para capacitação e aperfeiçoamento.

O reitor Irineu Manoel de Souza reforçou a importância da UFSC como uma instituição “viva e presente em todos os momentos da sociedade”. O gestor afirmou que “esse programa será um marco para a nossa Universidade” e consolidará o legado de iniciativas anteriores que capacitou os técnicos-administrativos, e os programas de pós-graduação em Gestão Universitária. Irineu destacou que a excelência da UFSC, hoje a terceira melhor universidade federal do Brasil, é fruto do trabalho de seus docentes, técnicos e estudantes. O reitor também enfatizou a necessidade de aproveitar o conhecimento acumulado pelos profissionais da instituição para enfrentar desafios como as restrições financeiras impostas pelo governo. “É essencial que toda a comunidade universitária se mantenha unida para garantir o funcionamento e o fortalecimento contínuo da UFSC”, afirmou.

Como destaque da programação de abertura, houve a palestra com o professor Luciano Marcelino, intitulada “O Futuro da Educação Superior na América Latina: Tendências, Riscos e Oportunidades”, onde abordou questões cruciais como desigualdade de acesso, transformação digital, governança instável e saúde mental. O pesquisador relembrou sua experiência em 2007, quando facilitou um acordo entre a Universidade Técnica Particular de Loja (UTPL), no Equador, e a UFSC. O acordo permitiu que professores e pesquisadores equatorianos realizassem programas de mestrado e doutorado na UFSC. “Fico muito agradecido de, alguma maneira, ter ajudado a conectar instituições latino-americanas”, disse.

Entre os principais desafios regionais, o palestrante destacou a desigualdade de financiamento, a vulnerabilidade institucional e os impactos demográficos, que têm reduzido o número de ingressos no ensino superior. “A nossa região tem sido duramente impactada, com menos estudantes chegando à educação básica e, consequentemente, ao ensino superior”, afirmou. Ele também ressaltou a governança instável, com lideranças acadêmicas frequentemente substituídas em períodos de quatro a seis anos, dependendo da legislação de cada país.

O professor e palestrante do evento, Luciano Marcelino

Outro tema de grande relevância foi a saúde mental, considerada uma prioridade. Ele relembrou discussões em redes acadêmicas, como a realizada em Málaga, Espanha, onde um reitor peruano destacou: “A saúde mental dos alunos, técnicos-administrativos, professores e gestores é o meu problema número um. Por isso, estamos criando uma área dedicada exclusivamente a isso.” O palestrante observou que essa preocupação tem crescido na região, com universidades implementando iniciativas específicas para lidar com a questão.

A transformação digital e a sustentabilidade também foram apresentadas como pilares centrais para o futuro da educação superior. Ele destacou os avanços tecnológicos impulsionados pela pandemia e a necessidade de as instituições se alinharem aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “A pergunta é: o que estamos fazendo para contribuir com essas metas em nossos cursos, departamentos e missões?”, provocou o palestrante.

Além disso, enfatizou-se a importância do diálogo interdisciplinar e da superação de barreiras institucionais. “A educação sempre superou muros, mas ainda precisamos cruzar o jardim, com coragem e uma mentalidade integradora”, explicou. Ele defendeu que a integração entre áreas do conhecimento e modalidades de ensino é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos.

Os rankings universitários também foram um ponto de discussão. Embora não devam ser o principal objetivo das instituições, o palestrante reconheceu sua importância estratégica. A UFSC foi citada como exemplo, ocupando a décima posição entre as universidades da América Latina. Ele constatou que o bom desempenho em rankings como o Times Higher Education e o QS World University não só atrai estudantes e pesquisadores, mas também fortalece a reputação institucional. “Quando estamos bem posicionados, conseguimos gerar avaliações comparativas e atrair alunos e pesquisadores de diferentes partes do mundo.”

A palestra também trouxe outras reflexões sobre o futuro da educação superior, reforçando a importância de inovar na formação acadêmica. Entre essas, a de que “precisamos formar advogados criativos, médicos criativos, gestores criativos. Essa é a habilidade-chave para os próximos anos”, constatou o professor.

Dando continuidade à programação, apresentou-se o cronograma da Escola de Gestores para o segundo semestre de 2025.

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Mais informações no site da Escola de Gestores.

Rosiani Bion de Almeida / SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

 

 

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Evasão e permanência estudantil são temas de seminário e de pesquisas na UFSC

14/05/2025 17:58

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou, na tarde desta quarta-feira, 14 de maio, o I Seminário de Compartilhamento de Ações de Combate à Evasão e Promoção da Permanência Estudantil. Organizado pela Assessoria de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, da Pró-Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd), o evento teve como objetivo apresentar iniciativas adotadas pelos cursos de graduação da instituição para enfrentar a evasão e fortalecer a permanência estudantil. O seminário ocorreu no Auditório do Centro Socioeconômico (CSE) e também foi transmitido por meio de sala virtual da Prograd.

Reitor da UFSC Irineu Manoel de Souza (centro), pró-reitora Dilceane Carraro (esq.), e assessora de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, Andressa Sasaki Vasques Pacheco (dir.) na abertura do seminário. Foto: Secom/UFSC

A evasão universitária representa um desafio com impactos significativos para a sociedade, tanto em termos econômicos quanto sociais. Ciente dessa realidade, a UFSC tem acompanhado esse fenômeno de perto, especialmente diante de seu crescimento nas últimas duas décadas. A gestão atual da Universidade tem se empenhado ativamente em enfrentar essa questão, desenvolvendo estratégias para mitigar os prejuízos econômicos, sociais e institucionais que ela acarreta.

Com o intuito de aprofundar a discussão e propor soluções concretas, o evento reuniu diferentes setores da UFSC. Na mesa de abertura, estiveram presentes o reitor, Irineu Manoel de Souza; a pró-reitora de Graduação e Educação Básica, Dilceane Carraro; e a professora e assessora de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, Andressa Sasaki Vasques Pacheco. No auditório, participaram representantes das direções dos centros de ensino, coordenações e secretarias de cursos, estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes, bem como de outras instituições.

O reitor abriu as falas destacando que “a discussão sobre a evasão estudantil é de extrema relevância para a sociedade, pois impacta diretamente a qualidade e o alcance da educação superior. Sabemos que a evasão é um fenômeno global, presente em todos os cursos, e, embora seja impossível eliminá-la completamente, é nosso dever buscar formas concretas para minimizá-la”. Irineu também enfatizou o desafio de redefinir o conceito de evasão, afirmando que “essa clareza é essencial para que possamos desenvolver estratégias eficazes e alinhadas à nossa realidade”. Por último, reforçou a necessidade de um esforço coletivo, afirmando que “o tema exige o compromisso de todos nós. Apenas com diálogo, pesquisa e ações coordenadas poderemos avançar rumo a uma Universidade mais inclusiva, capaz de acolher e manter nossos estudantes”.

A pró-reitora Dilceane, por sua vez, ressaltou que “a tarefa de combater a evasão transcende o trabalho da Prograd”. Segundo ela, por meio de ações integradas, “seremos capazes de promover a permanência dos estudantes em articulação com a assistência estudantil e, ao mesmo tempo, combater a evasão”. Para avançar nessa missão, explicou que é essencial construir uma política institucional de combate à evasão de forma colaborativa, envolvendo todos os setores da Universidade.

Após essas falas, a professora Andressa apresentou um panorama sobre as ações voltadas à evasão e retenção estudantil na Universidade, relatando o trabalho desenvolvido pela comissão responsável na UFSC. Segundo a pesquisadora, “em nenhum momento buscou-se ainda as causas, por enquanto foi só levantar os números”. A partir desse diagnóstico quantitativo, os dados foram divulgados para a gestão e os centros de ensino, além de estarem disponíveis em uma página específica (evasão-prograd.ufsc.br), onde relatórios gerais e específicos podem ser acessados. Andressa ainda explicou que foram realizadas visitas aos centros de ensino, onde foram identificadas práticas já existentes nos cursos, muitas das quais poderiam ser compartilhadas e ampliadas para outras áreas. Essa troca de experiências inspirou a realização do seminário e a implementação de um projeto-piloto de matrícula assistida no Centro Tecnológico (CTC), focado no acompanhamento de frequência, indicadores e busca ativa de estudantes, com o objetivo de criar protocolos de atendimento e encaminhamento.

Andressa expõe a criação de três comissões para tratar do problema da evasão. A primeira está elaborando uma política de combate à evasão, baseada em experiências internas e externas, com previsão de finalização em julho deste ano, seguida de consulta pública e encaminhamento para o Conselho Universitário. A segunda comissão está desenvolvendo dashboards com indicadores de evasão, incluindo painéis para acompanhamento em tempo real, com dados específicos para coordenações de curso e diretores de centros, respeitando as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Por fim, a terceira comissão trabalha na elaboração de uma política de gestão de egressos, também com entrega prevista para julho.

Entre as ações futuras previstas para o segundo semestre, Andressa evidenciou a ampliação dos projetos-piloto para outros cursos, a institucionalização das ferramentas e dashboards, a aprovação e aplicação das políticas em desenvolvimento, e a realização de uma pesquisa qualitativa para identificar os fatores relacionados à evasão, complementando os dados quantitativos já levantados.

Na continuidade do seminário, foram apresentados os trabalhos selecionados de:

  • Roniéry Rógeris Oliveira dos Santos: Relatório do CTS sobre evasão, análise, propostas e comissão organizada;
  • Janaina Santos de Macedo: Projeto UFSC Sem Fronteiras e o Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape);
  • Camila Araújo e Simone de Souza: Boas práticas no combate à evasão e promoção da permanência estudantil no Curso de Pedagogia;
  • Andressa Pacheco, Larissa Kvitko e Raphael Schlickmann: Ações do curso de Administração;
  • Marta Corrêa Machado: Tutoria individual: será que conseguimos?;
  • Janaina Macedo, Ana Araújo e Grace da Silva: Programa de Monitoria Indígena e Quilombola;
  • André da Silva Nascimento: Uso de fluxograma para visualização e acompanhamento do currículo.

Saiba mais

Destaques principais do Relatório Geral de Evasão e Retenção

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou uma análise abrangente sobre evasão e retenção nos cursos de graduação presenciais entre 2008 e 2023. Baseado em dados extraídos do Sistema de Controle Acadêmico da Graduação (CAGR), o relatório abrange mais de 103 mil matrículas e identifica fatores que impactam a permanência e o desempenho acadêmico. Abaixo estão os principais destaques:

Taxas de evasão e formação

  • Entre 2008 e 2023:
    • 45,6% das matrículas resultaram em evasão parcial;
    • 31% em formação;
    • 23,4% permanecem com status regular.
  • A evasão é mais frequente nos primeiros semestres, com a maioria dos estudantes abandonando o curso antes do sexto semestre.
  • Cursos com notas mais altas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) apresentaram taxas menores de evasão e maior índice de formados.

Perfil dos estudantes

  • Idade: A maior parte dos ingressantes tem entre 16 e 19 anos. Estudantes acima de 27 anos apresentam taxas mais altas de evasão em relação à formação.
  • Sexo:
    • Estudantes do sexo masculino representam a maioria das matrículas, mas têm taxa de evasão maior (49%) em comparação às mulheres (42%).
    • Mulheres apresentam maior índice de formados (35%) em relação aos homens (28%).
  • Raça:
    • Estudantes autodeclarados “brancos” representam a maior parte das matrículas e evasões.
    • A categoria “não informado” possui a maior taxa de evasão (71%).

Formas de ingresso

  • O Vestibular é o principal método de ingresso, seguido pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU).
  • Estudantes ingressantes pelo SISU têm a menor taxa de formados (15%) e a maior taxa de status regular (41%).
  • O retorno de graduados apresentou a maior taxa de evasão parcial (64%).

Evasão por cursos, campi e centros

  • O campus de Florianópolis concentra o maior número de matrículas, mas apresenta a menor taxa de evasão (44%).
  • Campi como Joinville e Blumenau registram índices de evasão superiores a 59%.
  • Centros como o de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) e o Tecnológico de Joinville (CTJ) registraram as maiores taxas de evasão.
  • Em contrapartida, os centros de Ciências Jurídicas (CCJ) e Ciências da Saúde (CCS) possuem os menores índices.

Retenção e tempo de conclusão

  • A maioria dos estudantes formados conclui seus cursos entre oito e 11 semestres.
  • A evasão se concentra majoritariamente nos dois primeiros anos.
  • O tempo médio para ingresso na UFSC após a conclusão do Ensino Médio é de um ano.

Sobre

A Assessoria de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos foi criada para subsidiar as ações da Prograd no combate à evasão nos cursos de graduação. O trabalho é realizado em diálogo com outros setores da UFSC e com as coordenações de cursos.

Mais informações no site da Assessoria ou entre em contato pelo e-mail evasao@contato.ufsc.br.

Rosiani Bion de Almeida / SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Tags: EgressosEvasãopermanência estudantilProgradUFSC

UFSC na mídia: a polêmica que envolve o nome do campus central da Universidade

08/05/2025 14:44

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está no centro de um debate importante. A atual denominação do campus central, Reitor João David Ferreira Lima, poderá ser alterada após decisão do Conselho Universitário em aprovar as recomendações da Comissão Memória e Verdade (CMV) da instituição. Criada em 2014, a CMV tem o objetivo de investigar violações de direitos humanos ocorridas na UFSC durante a ditadura civil-militar (1964-1985).

Os professores da UFSC, Daniel Castelan e Luana Heinen, falaram sobre o assunto em entrevista ao Portal Desacato, no dia 7 de maio. Ambos destacaram a relevância histórica e política da recomendação de retirar o nome do campus, que homenageia o primeiro reitor da Universidade, João David Ferreira Lima, apontado por documentos revelados pela CMV como colaborador do regime militar.

Segundo Castelan, que também é presidente da Comissão para a Implementação das Recomendações do Relatório Memória e Verdade da UFSC, a proposta de renomear o campus é resultado de anos de trabalho intenso de pesquisa e investigação. Ele explicou que a CMV analisou cerca de 1.500 documentos obtidos a partir da Lei de Acesso à Informação (2011) e do Arquivo Nacional, os quais demonstraram a colaboração de João David Ferreira Lima com setores de repressão da ditadura. “Esses trabalhos indicaram que havia comunicações diretas e constantes entre o ex-reitor e sua equipe” com esses órgãos militares que causaram danos à comunidade universitária, afirmou Daniel.

Entre as 12 recomendações apresentadas pela CMV e aprovadas em 2018 pelo Conselho Universitário, uma em particular previa a revisão de homenagens a pessoas que colaboraram com o regime militar. Daniel destacou que a retirada do nome do campus é uma medida que visa reparar historicamente as violências praticadas e reafirmar o compromisso da universidade com os direitos humanos.

Já a professora Luana Heinen, doutora em Direito e coordenadora do Observatório dos Direitos Humanos, reforçou a importância do direito à memória e ao debate público sobre o passado autoritário do Brasil. A docente destacou que o “direito à memória é um direito humano fundamental” e que a falta de enfrentamento adequado dos crimes cometidos durante a ditadura impede avanços mais sólidos na defesa da democracia.

Luana também comentou sobre a responsabilidade da administração pública em revisar atos que, à luz de novas evidências, se mostram incompatíveis com os valores democráticos. “Quando o Conselho Universitário aprovou a homenagem em 2003, não havia acesso aos documentos que temos hoje. Agora, com as provas reveladas pela CMV, é possível e necessário rever essa decisão”, destacou.

A entrevista também abordou as dificuldades enfrentadas pela sociedade brasileira em lidar com o passado ditatorial. Segundo os professores, o silêncio e a negação de atos cometidos durante a ditadura contribuem para a manutenção de estruturas autoritárias. “Esse debate não é apenas sobre o passado, mas também sobre o que queremos para o futuro” e um alerta para os futuros dirigentes e agentes públicos sobre a importância de respeitar os direitos humanos e agir com responsabilidade, enfatizou Luana.

A decisão final sobre a alteração do nome do campus será tomada pelo Conselho Universitário, que representa a comunidade acadêmica de forma democrática. Para os professores, essa é uma oportunidade única de a UFSC afirmar seu compromisso com a verdade histórica, a memória e a justiça. Por ser um patrimônio público, “a sociedade deve se orgulhar que a universidade tenha tido a coragem de dar esse passo, de enfrentar esse passado, de trazê-lo a público, de mostrar para a sociedade catarinense e dar esse passo que as famílias merecem, que é um pedido formal de desculpa”, concluiu Daniel.

A entrevista completa está disponível link.

 

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UFSC aprova título de Emérito para servidor técnico

07/04/2025 11:38

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reunido em sessão especial no último dia 1º de abril, aprovou a inclusão do título de Emérito para o técnico-administrativo em Educação no Estatuto da instituição. A proposta foi apresentada pelo servidor Ricardo João Magro, do campus de Curitibanos, e visa reconhecer profissionais aposentados ou em fase final de carreira que tenham deixado um legado significativo para a Universidade.

O título é uma honraria tradicionalmente concedida a professores e pesquisadores, em reconhecimento à dedicação e excelência em suas áreas. Agora, a UFSC amplia essa distinção para os Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs), reconhecendo a importância estratégica desses profissionais no funcionamento da Universidade.

Em sua solicitação, o servidor Ricardo destacou a relevância desse reconhecimento: “Os TAES fazem parte da história da universidade, a criação do título seria um importante fator para a preservação da memória institucional, além de um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido por estes profissionais ao longo de sua passagem pela UFSC”.

O parecer sobre a proposta, elaborado pelo conselheiro relator Diego Santos Greff, enfatizou o papel crucial dos TAEs para o funcionamento das universidades federais brasileiras. Segundo o relatório, esses profissionais desempenham atividades essenciais, como a gestão de recursos, suporte a processos acadêmicos, implementação de políticas públicas e modernização administrativa.

“A concessão do título de emérito para a categoria dos técnicos seria uma forma justa e simbólica de reconhecer aqueles que se destacaram por sua dedicação, competência e impacto positivo na nossa instituição”, afirmou o relator.

O texto também ressaltou que, apesar de sua contribuição indispensável, os TAEs enfrentam desafios como a falta de reconhecimento e condições de trabalho inadequadas. Nesse contexto, a criação do título é vista como um marco importante para valorizar essa categoria.

A decisão alinha a UFSC a outras universidades federais, como a de Goiás, do Rio de Janeiro e a de Lavras, que já incluem em seus estatutos o reconhecimento a profissionais que marcaram suas trajetórias por contribuições excepcionais.

 

Rosiani Bion de Almeida / SECOM
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Nota da Administração Central sobre demolição de residências na comunidade de moradores da Praia do Forte

14/02/2025 14:08

A Universidade Federal de Santa Catarina vem a público manifestar sua solidariedade à comunidade de moradores da Praia do Forte, representada pela AMPRAFO – Associação de Moradores da Praia do Forte, que estão em vias de ter suas casas demolidas, em virtude de sentença judicial.

A comunidade tradicional é um agente fundamental para a preservação do patrimônio ambiental e histórico da região, onde está instalada a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, administrada pela UFSC desde 1991.

Informamos à comunidade que a visitação à Fortaleza de São José da Ponta Grossa, excepcionalmente, estará fechada nesta sexta feria (14) e também no sábado(15).

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