Editora da UFSC lança textos inéditos de Karl Marx e marca início de nova linha editorial

19/11/2025 17:56

Capitalismo e colonização: Extratos e notas – Londres, 1851, é a primeira obra de Karl Marx publicada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), marcando o início de uma linha editorial voltada ao pensamento crítico latino-americano e à teoria social. O lançamento oficial da coletânea inédita de textos e anotações de Marx – traduzida pela primeira vez para o português – será realizado no dia 6 de dezembro de 2025, às 16h, na Livraria Tapera Taperá, em São Paulo.

“Há também com Marx o caso espantoso de obras inéditas dele, às vezes simples notas de estudo, borradores, que ele jamais pensou em publicar, mas que uma vez lançadas ao público, provocam polêmicas acaloradas”, afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro. Este livro atualiza esse recado e apresenta ao público brasileiro um Marx ainda pouco conhecido: o estudioso das civilizações pré-hispânicas e do colonialismo.

O volume reúne textos inéditos nos quais Marx explora temas fundamentais para a compreensão da formação do capitalismo mundial. A partir de uma leitura crítica das obras de William H. Prescott – “História da Conquista do México” (1843) e “História da Conquista do Peru” (1847) – Marx oferece uma análise detalhada das “formações econômicas pré-capitalistas” e desenvolve uma teoria marxiana sobre o colonialismo como parte constitutiva do sistema capitalista mundial.

Além dos estudos sobre o mundo pré-hispânico, o livro contém importantes comentários e notas sobre o tráfico africano de escravos e a política colonial do império britânico, revisando estudos de Thomas Hodgskin, Felix Wakefield e outros autores do período. Esse material revela não apenas registros históricos valiosos, mas uma teoria abrangente sobre o colonialismo e sua relação intrínseca com o desenvolvimento do capitalismo.

O organizador da obra, professor e diretor da EdUFSC, Nildo Ouriques, observa que é “corrente a ideologia segundo a qual Marx não mergulhou fundo na antropologia”. No entanto, os Cadernos de Londres e estes estudos sobre o mundo pré-hispânico demonstram o contrário. Marx, ao contrário do acadêmico moderno, recusava a divisão burguesa do conhecimento, resultado da divisão social do trabalho. Sua trajetória foi marcada por uma curiosidade intelectual desmedida que incluiu, na última fase de sua vida, até o aprendizado do idioma russo para compreender os debates dos populistas russos.

As anotações de próprio punho, registradas em longos cadernos, revelam o rigoroso método de estudo de Marx e sua capacidade extraordinária de trabalho. Este material constitui um farto acervo historiográfico e antropológico que demonstra como o pensador alemão ampliou progressivamente seu olhar para além da Europa ocidental, reconhecendo que o mundo era muito mais vasto do que aquele que ocupou a primeira fase de seus estudos.

Relevância e acessibilidade

Karl Marx

“A questão não é a vitalidade e o exemplo de Marx, mas, ao contrário, é o acirramento da luta de classes em escala mundial e em nosso país que seguirá motivando ataques contra ele e sua imensa e insuperável obra”, afirma Ouriques. A publicação deste volume se inscreve no esforço necessário para autorizar o acesso aos escritos, anotações e estudos de Marx sobre a América Latina, contribuindo para corrigir a histórica defasagem de traduções no Brasil em comparação com outros países latino-americanos.

A obra está organizada de forma que não necessita conhecimento prévio da teoria marxista, tornando-se acessível a antropólogos, historiadores, economistas, sociólogos, cientistas políticos, acadêmicos e o público em geral interessado em compreender as raízes históricas do colonialismo e do capitalismo na América Latina.

Mais informações: editora.ufsc.br

Vendas no site da livraria virtual ou pelo e-mail: vendas.editora@contato.ufsc.br

 

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Aprovada política de combate ao assédio e discriminação na UFSC: ‘um marco aguardado há anos’

19/11/2025 13:23

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) aprovou, por unanimidade, a resolução normativa que estabelece diretrizes institucionais para a prevenção e enfrentamento ao assédio e à discriminação no âmbito da Universidade. A reunião foi realizada nesta terça-feira, 18 de novembro, e transmitida ao vivo pelo canal do YouTube do CUn.

A minuta de política institucional foi apresentada pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), com relatoria do conselheiro Jorge Cordeiro Balster.

O relator afirmou em seu parecer que a proposta é “oportuna ao responder uma demanda histórica da comunidade universitária” e que “dá objetividade e procura dar eficiência às ações da instituição”, ao definir procedimentos, responsabilidades e uma rede de acolhimento. Segundo Balster, “o assédio e a discriminação não podem ser ignorados ou tratados como uma questão menor”, e a política exigirá “uma mudança cultural” na Universidade.

O parecer destacou também o amplo amparo jurídico, fundamentada na Constituição Federal, na Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, na Lei nº 14.540/2023 sobre prevenção ao assédio sexual no serviço público, e na Portaria Normativa nº 6.719/2024 do MGI, que criou o Plano Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação. A minuta também referenciou normas internas da UFSC sobre Enfrentamento ao Racismo Institucional e Ações Afirmativas para pessoas trans.

Para Balster, trata-se de um marco aguardado há anos. “Com esta minuta, atende-se, enfim, ao acordo firmado nas negociações que encerraram a greve dos TAEs de 2015”, diz o parecer. Ele ressaltou que o tema é “caríssimo à categoria dos técnicos-administrativos em Educação”, sem perder de vista os impactos sobre docentes e estudantes.

A política organiza-se em torno de princípios como dignidade da pessoa humana, ambiente institucional seguro, sigilo e tratamento humanizado às vítimas, proteção à diversidade e grupos vulnerabilizados. Entre os objetivos, o relator sublinhou “a identificação de situações que possam favorecer comportamentos assediadores e/ou discriminatórios, propondo as intervenções necessárias”. Para ele, é crucial enfrentar “a cultura vigente dentro das universidades e o seu modelo de gestão que estrutura o desequilíbrio de poder entre as diversas categorias”.

O enfrentamento será estruturado em três frentes: acolhimento e acompanhamento biopsicossocial; ações administrativas e práticas restaurativas; e tratamento formal das denúncias. Balster considerou a rede de acolhimento “a questão central para a viabilização da política”, que incluirá setores como Prodegesp, Proafe, PRAE, Prograd, Ouvidoria, Comissão de Ética, NDI e CA, além da futura Comissão Intersetorial Permanente de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação.

O relator propôs aperfeiçoamentos na proposta, incluindo a previsão de que cada unidade e setor definam “equipes responsáveis pelas ações de acolhimento” e a garantia de “capacitação específica” aos membros da rede. O parecer também valorizou a inclusão de trabalhadores terceirizados entre os públicos da política.

Em tom de reconhecimento, Balster registrou “mérito e reconhecimento a todas as pessoas” que contribuíram com o texto. “Esta política representa um marco institucional” e “o compromisso da Universidade com a dignidade humana”, finalizou.

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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UFSC renova cessão de espaço em Curitibanos e fortalece curso de Medicina Veterinária

19/11/2025 10:04

CEDUP. Fotos: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) garantiu a cessão de uso do Centro de Educação Profissional Professor Enori Pozzo (CEDUP) até 2038, garantindo a continuidade e a expansão das atividades do curso de Medicina Veterinária do campus de Curitibanos, reconhecido nacionalmente pela excelência. O anúncio da renovação foi feito nesta terça-feira, 18 de novembro, em encontro que reuniu o chefe de Gabinete da UFSC, Bernardo Meyer, o diretor do campus, Guilherme Delben, o prefeito de Curitibanos, Kleberson Luciano Lima, o vice-prefeito, Roque Stanguerlin, e a presidente da Câmara de Vereadores, Vilma Natalina Fontana Maciel.

Com o apoio do deputado estadual Fernando Krelling, a renovação da cessão de uso representa um passo decisivo para o fortalecimento acadêmico, científico e tecnológico da região. Localizado no Bairro São Francisco, o CEDUP é utilizado de forma compartilhada pela UFSC desde 2014, quando foi firmado o primeiro termo de cessão com o Governo de Santa Catarina. O acordo inicial teve duração de quatro anos, com expectativa de prorrogação conforme interesse das partes envolvidas.

“Curitibanos cresce a cada dia, e a presença da UFSC tem papel fundamental nesse desenvolvimento, trazendo conhecimento, inovação e novas oportunidades para a nossa cidade”, afirmou o prefeito Kleberson Lima. A articulação conjunta entre município, Estado e Universidade tem sido estratégica para consolidar Curitibanos como polo regional de ensino superior e pesquisa.

O informe à comunidade universitária foi apresentado pelo diretor do campus, Guilherme Delben, na sessão desta terça-feira (18) do Conselho Universitário. Ele destacou que, após dois anos de trabalho do campus de Curitibanos em conjunto com a gestão atual da UFSC, foi possível garantir a renovação da cessão até 2038, cuja vigência anterior se encerraria em 2028. Em reunião no gabinete da secretária de Estado da Educação, Luciane Ceretta, foi confirmada a continuidade do acordo. Na ocasião, Guilherme agradeceu ao apoio do Gabinete da Reitoria — em especial ao reitor e ao chefe de Gabinete —, ao prefeito de Curitibanos e aos parlamentares estaduais Fernando Krelling e Luciane Carminatti.

O CEDUP dispõe de uma área construída de 5 mil metros quadrados, onde estão instalados laboratórios que atendem pesquisadores das áreas de Engenharia Florestal e Medicina Veterinária. A estrutura física contempla oito salas de aulas equipadas com aparelhos de projeção multimídia, auditório com capacidade para 172 pessoas, espaço amplo destinado à biblioteca, setor administrativo, sala de reuniões, quatro salas de professores, quatro salas de técnicos e dez laboratórios especializados.

Entre os laboratórios estão os de Doenças Parasitárias dos Animais, Análises Clínicas e Hematológicas, Doenças Infectocontagiosas, Histopatologia, Semiologia, Microscopia, Anatomia Animal, Patologia Especial e Recursos Florestais I e II. Esses espaços são equipados com freezers, geladeiras e cubas para armazenamento de material biológico, além de equipamentos modernos para processamento, análise e diagnóstico, incluindo micrótomo, histotécnico, câmaras incubadoras, estufas, centrífugas e cerca de 50 microscópios, além de equipamentos para cultivo de microrganismos.

Com informações de: CEDUP

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UFSC busca recursos para concluir centro de pesquisas do campus de Curitibanos

18/11/2025 18:40

Em agenda institucional realizada nesta terça-feira, 18 de novembro, o chefe de Gabinete da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Bernardo Meyer, reuniu-se com o secretário de Estado da Agricultura, Carlos Chiodini, para tratar da captação de recursos destinados à conclusão das obras do Centro de Pesquisas Ambientais e Agroveterinárias (CPAAV), ligado ao Centro de Ciências Rurais (CCR), no campus de Curitibanos.

Participaram do encontro o diretor do campus de Curitibanos, Guilherme Delben; o prefeito do município, Kleberson Luciano Lima; o vice-prefeito, Roque Stanguerlin; e a presidente da Câmara de Vereadores, Vilma Natalina Fontana Maciel. A comitiva apresentou o estágio atual das obras e reforçou a importância estratégica do CPAAV para a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento regional nas áreas ambiental, agropecuária e de saúde animal.

Segundo Meyer, o objetivo central foi pleitear investimentos para a finalização da edificação no campus de Curitibanos. De acordo com o relato da comitiva, o secretário manifestou apoio ao pleito e sinalizou disposição em colaborar para viabilizar os recursos necessários. Além do CPAAV, houve interesse do governo estadual em um segundo projeto vinculado ao campus, relacionado à cadeia da Vitinocultura de Atitude na região do Contestado, que pode fortalecer pesquisas, extensão e parcerias com o setor produtivo.

Para a UFSC e as lideranças municipais, a conclusão do CPAAV deve ampliar a capacidade de atendimento a demandas de produtores rurais, instituições públicas e empresas, consolidando Curitibanos como polo de ciência aplicada ao meio rural. A universidade estima que, com os recursos complementares, será possível acelerar a entrega da infraestrutura e ampliar a oferta de serviços laboratoriais, formação de recursos humanos e transferência de tecnologia à região.

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Momento histórico: UFSC concede títulos de Emérito a quatro servidores TAEs

18/11/2025 16:11

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou, na tarde desta terça-feira, 18 de novembro, uma sessão especial para avaliar as primeiras concessões do título de Emérito(a) a técnicos-administrativos em Educação (TAEs). Os quatro pedidos, apresentados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc), foram analisados individualmente pelo colegiado e, ao final, aprovados em conjunto e por ampla maioria, marcando um momento histórico para a categoria.

Criado neste ano, após aprovação pelo Conselho Universitário em 1º de abril, o título tem como objetivo homenagear servidores aposentados pelos notáveis méritos profissionais e pelos relevantes serviços prestados à UFSC. A proposta de incluir os TAEs no Estatuto da Universidade foi apresentada pelo servidor Ricardo João Magro, do campus de Curitibanos, e busca reconhecer profissionais que deixaram um legado significativo para a instituição.

Tradicionalmente concedido apenas a professores e pesquisadores, o título agora também contempla os técnicos-administrativos, destacando a importância estratégica desses profissionais para o funcionamento da universidade. Com essa decisão, a UFSC se alinha a outras universidades federais, como as de Goiás, Rio de Janeiro e Lavras, que já reconhecem em seus estatutos a contribuição excepcional de técnicos-administrativos.

Em assembleia extraordinária realizada no último dia 4 de novembro, o Sintufsc aprovou por unanimidade a indicação de quatro servidores para receberem o título de Emérito(a): Helena Olinda Dalri, Ângela Olinda Dalri, Raquel Jorge Moysés e José de Assis Filho (in memoriam). Todos os pedidos foram encaminhados ao Conselho Universitário e distribuídos aos pareceristas responsáveis pelas relatorias dos respectivos processos.

Assista a sessão especial na íntegra:

Na sequência, um breve relato das trajetórias, extraído dos pareceres:

Ângela Olinda Dalri

Ângela Olinda Dalri. Foto: Acervo Sintufsc

Nascida em 11 de agosto de 1958, Ângela ingressou na UFSC em 8 de março de 1979 como Agente Administrativa, posteriormente reenquadrada como Assistente em Administração. Graduou-se em Licenciatura em Geografia pela própria UFSC em 1990, conciliando a qualificação acadêmica com o trabalho na universidade.

Ao longo de três décadas de serviços prestados à instituição, atuou em diferentes unidades, sempre com reconhecido comprometimento: no Gabinete do Reitor; no Centro de Ciências Biológicas (CCB), onde trabalhou na Secretaria do Centro e no Departamento de Farmacologia; no Centro Socioeconômico (CSE), colaborando nos cursos de graduação e pós-graduação em Administração; e no Centro de Comunicação e Expressão (CCE), no curso de Cinema. Aposentou-se em 18 de agosto de 2009.

Foto: Acervo Sintufsc

Foi uma das protagonistas da criação do Sintufsc, consolidando um espaço coletivo de defesa de direitos dos trabalhadores em educação. Participou de diversas gestões do sindicato (1997–1999, 1999–2001 e 2001–2003), chegando à coordenação-geral, e tornou-se conhecida pela capacidade de articulação, senso de responsabilidade e presença constante nas mobilizações e greves em defesa da universidade pública.

Mesmo após a aposentadoria, manteve forte atuação social, com acolhimento concreto a estudantes e trabalhadores imigrantes, oferecendo moradia e alimentação — gesto amplamente reconhecido pela comunidade local. Sua trajetória é frequentemente associada ao verbo “acolher”, traduzindo um compromisso ético, humano e permanente com a educação pública.

Helena Olinda Dalri

Helena Olinda Dalri. Foto: James Tavares/Acervo Agecom

Nascida em 2 de agosto de 1962, Helena ingressou na UFSC em 4 de março de 1981 como Agente Administrativa, tendo sido posteriormente reenquadrada como Assistente em Administração. Concluiu a graduação em Ciências Econômicas pela própria universidade em 1987, conciliando formação acadêmica com atuação dedicada no Curso de Direito do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ).

Ao longo de 33 anos de serviço, até a aposentadoria em 11 de dezembro de 2014, consolidou-se como referência pelo atendimento competente, acolhedor e comprometido, a ponto de ter sido paraninfa e nome de turmas de formandos, além de constar em agradecimentos de inúmeros trabalhos acadêmicos. Em 2012, a convite dos estudantes, compôs a mesa de abertura do VII Congresso Direito UFSC, nas comemorações dos 80 anos do curso e do Centro Acadêmico XI de Fevereiro, ocasião em que foi publicamente homenageada.

Foto: Acervo Sintufsc

Helena representou a categoria técnico-administrativa no Conselho Universitário em dois períodos — de agosto de 1997 a agosto de 1999 e entre abril de 2013 e dezembro de 2014 —, contribuindo com debates estratégicos para a instituição. Em 2012, recebeu da Câmara de Vereadores de Florianópolis a Medalha de Mérito Francisco Dias Velho, honraria concedida a personalidades que prestam serviços relevantes à comunidade.

Sua trajetória é indissociável da organização sindical na UFSC. Desde os primeiros anos na universidade, integrou o Movimento Alternativo Independente, que protagonizou a luta pela criação do sindicato da categoria. Em 1991, participou da direção da Associação dos Servidores da UFSC e contribuiu para a transformação da entidade em sindicato — um marco histórico na defesa dos direitos trabalhistas. Compôs a direção do Sintufsc nos períodos de 1997 a 1999 e de 1999 a 2001, desempenhando papel central nas grandes greves das décadas de 1980, 1990 e 2000.

José de Assis Filho (in memoriam)

José de Assis Filho. Foto: Acervo Sintufsc

Nascido em 12 de outubro de 1954, Assis ingressou na UFSC em 28 de junho de 1985 e dedicou cerca de 23 anos à instituição, até seu falecimento em março de 2008. Sua passagem pela universidade foi marcada por um carinho notório pela comunidade acadêmica e por uma atuação que deixou marcas profundas no cotidiano institucional.

No Departamento de Administração Escolar (DAE), Assis construiu reputação de excelência. Era conhecido pela presteza, pela gentileza e pela rara capacidade de resolver demandas com eficiência. Colegas e estudantes lembram sua memória prodigiosa nos tempos dos arquivos em papel, quando conhecia “cada pasta” dos milhares de alunos da UFSC, orgulho que traduzia o cuidado com que tratava cada atendimento.

A dedicação à universidade também se expressou na militância. Assis integrou a direção do Sintufsc em sucessivas gestões (1999–2001, 2001–2003, 2003–2005, 2005–2006 e 2007–2009), chegando à coordenação-geral e desempenhando outras funções estratégicas. Entre 1999 e 2001, representou a categoria no Conselho Universitário ao lado de Gerson Rabelo Napoleão. Em 2004, participou da comissão de debates sobre a Reforma Universitária e, em 2006, integrou a comissão responsável por elaborar proposta preliminar de política de ampliação de oportunidades de acesso socioeconômico e diversidade étnico-racial para o vestibular.

A relação próxima com os estudantes marcou profundamente sua trajetória. Com temperamento afável, postura firme nas lutas coletivas e generosidade no cotidiano, construiu a imagem de um servidor que combinava elevado profissionalismo com uma ética do cuidado.

Raquel Jorge Moysés

Raquel Jorge Moysés. Foto: Jones Bastos/Acervo Agecom

Nascida em 20 de maio de 1958, Raquel dedicou 33 anos à UFSC, de 14 de janeiro de 1981 até 6 de maio de 2014, período em que foi decisiva para a consolidação da Agência de Comunicação (Agecom) e para a criação e fortalecimento do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA). Formada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná em 1980, especializou-se em Jornalismo Científico em 1983 e concluiu doutorado em Comunicação Social pela Università Cattolica del Sacro Cuore, na Itália, em 1990.

Na Agecom, Raquel iniciou como repórter e, em 1994, assumiu a chefia da Divisão de Jornalismo. Três anos depois, passou à Diretoria de Jornalismo e Marketing, função que exerceu até 2001. Nesse período, coordenou o Jornal Universitário (JU), então referência nacional em comunicação no ambiente acadêmico. Foi também uma das articuladoras da Política Pública de Comunicação da UFSC, documento que se tornou modelo para outras instituições do país por estabelecer diretrizes de transparência, interesse público e participação social na comunicação institucional.

Foto: Acervo Sintufsc

Sua atuação expandiu-se para o campo dos estudos latino-americanos. Em 2004, integrou o projeto Observatório Latino-Americano e, em 2006, esteve no grupo fundador do IELA, primeiro instituto do gênero em universidades brasileiras. No instituto, produziu conteúdo e organizou debates, com destaque para as Jornadas Bolivarianas, evento que desde 2004 reúne pesquisadores do Brasil e do exterior para pensar criticamente a conformação política, econômica e social do continente.

Comprometida com as lutas sociais e com a defesa da universidade pública, Raquel exerceu papel destacado no Sintufsc. Foi diretora de Comunicação e, posteriormente, coordenadora-geral, participando das gestões 2001–2003, 2003–2005, 2005–2006 e 2007–2009. Liderou mobilizações contra o assédio moral, em defesa da valorização da carreira técnico-administrativa e pela universidade pública e gratuita. Nos anos 2000, organizou a mostra cultural Eko Porã, que resgatou, no espaço universitário, a celebração da primavera a partir de referências indígenas brasileiras e latino-americanas.

Reconhecimento e memória institucional

O conselheiro relator Diego Santos Greff, que elaborou o parecer sobre a proposta de criação do título, enfatizou o papel crucial dos TAEs para o funcionamento das universidades federais brasileiras. Segundo o relatório, esses profissionais desempenham atividades essenciais, como a gestão de recursos, suporte a processos acadêmicos, implementação de políticas públicas e modernização administrativa.

“A concessão do título de emérito para a categoria dos técnicos seria uma forma justa e simbólica de reconhecer aqueles que se destacaram por sua dedicação, competência e impacto positivo na nossa instituição”, afirmou o relator.

O servidor Ricardo João Magro, autor da proposta, destacou a relevância desse reconhecimento: “Os TAEs fazem parte da história da universidade, a criação do título seria um importante fator para a preservação da memória institucional, além de um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido por estes profissionais ao longo de sua passagem pela UFSC”.

A concessão desses primeiros títulos representa não apenas o reconhecimento de trajetórias individuais marcadas pela excelência e dedicação, mas também a valorização de toda a categoria técnico-administrativa, cuja contribuição é indispensável para o funcionamento e a qualidade da universidade pública brasileira.

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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