Em entrevista, Reitor da UFSC esclarece situação orçamentária da instituição

23/12/2025 11:43

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, foi entrevistado nesta segunda-feira, 22 de dezembro, no programa Conversas Cruzadas, da Rádio CBN Floripa, para esclarecimentos da situação orçamentária da instituição. O apresentador e jornalista Renato Igor iniciou indagando o reitor sobre a coletiva de imprensa realizada na UFSC em março deste ano, em que a gestão havia alertado que a universidade teria recursos apenas até outubro de 2025.

O reitor explicou que foi necessário um esforço sem precedentes na história da UFSC para manter o funcionamento de uma instituição que atende 40 mil estudantes em 120 cursos de graduação e 150 de pós-graduação. “Criamos uma comissão com representantes de diversas áreas da gestão e da academia para avaliar os contratos, que são em torno de 200”, afirmou Irineu. A análise minuciosa de cada um resultou em uma economia de quase 5 milhões de reais em 2025 com aprimoramento e redução. Além disso, a universidade cortou diárias e passagens de estudantes, docentes, técnicos-administrativos e gestores, economizando quase 2 milhões de reais.

“Como reitor, desde julho, viajo sem receber diárias. Eu mesmo pago todos os custos”, revelou Irineu, que precisa ir mensalmente a Brasília para reuniões com outros reitores e reitoras, e no Ministério da Educação (MEC).

A universidade deixou de arcar com contas essenciais. A UFSC não paga a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) desde agosto, após negociação para transferir o pagamento para 2026, confirmou o reitor. Quanto à Companhia Energética de Santa Catarina (Celesc), os últimos três meses (outubro, novembro e dezembro) foram parcelados para pagamento no ano seguinte.

No total, a universidade conseguiu direcionar 19 milhões de reais em despesas de 2025 para o orçamento de 2026, incluindo pagamentos a empresas de limpeza, segurança, recepção e outras prestadoras de serviços. Irineu ressaltou que as negociações empresa por empresa foram fundamentais para garantir que funcionários terceirizados recebessem seus salários e 13º.

Para fechar o ano, a UFSC também recorreu a emendas parlamentares que originalmente tinham outras finalidades. O reitor negociou com a bancada catarinense para direcionar esses recursos ao pagamento de bolsas de permanência estudantil. “Todas as emendas que nós mudamos a finalidade, nós negociamos com o parlamentar ou com a bancada. Foi mudada a ata em Brasília, no MEC”, explicou Irineu, que destacou a sensibilidade dos parlamentares diante da situação crítica.

Apesar das dificuldades, o reitor garantiu que as atividades acadêmicas não foram comprometidas. “A prioridade foi a manutenção do ensino, da pesquisa, da extensão, do Restaurante Universitário, da Moradia Estudantil”, afirmou. Os cortes mais severos atingiram as atividades administrativas. As pró-reitorias e secretarias não receberam recursos, e mesmo as diárias acadêmicas para participação em congressos e seminários foram cortadas em 50%.

O cenário para 2026, contudo, é ainda mais preocupante. O orçamento de custeio e capital de 2025 foi de R$ 171 milhões. O governo federal propôs inicialmente para 2026 cerca de R$ 177,5 milhões, uma correção de apenas 3,5% quando a inflação estiver em torno de 5%. Porém, o Congresso cortou 7,25% desse valor, aproximadamente R$ 12,9 milhões. Com isso, o orçamento aprovado para 2026 é de cerca de R$ 164,6 milhões, inferior aos R$ 171 milhões de 2025.

“A situação ficou mais grave que o ano passado”, lamentou Irineu. O reitor explicou que há um movimento nacional para que o presidente Lula vete o corte do Congresso, mas reconheceu que a aprovação faz parte de um acordo com o governo federal e dificilmente haverá alteração. No ano passado, o Congresso havia cortado 8 milhões de reais, dos quais o governo recompôs 6 milhões e, no final do ano, concedeu uma suplementação de aproximadamente 1 milhão de reais, com o recurso chegando apenas no último dia 19 de dezembro.

A expectativa agora é que o MEC faça um esforço para repor os recursos. “As universidades não têm condições de se manter com esse corte, que já é um orçamento aquém do necessário”, alertou o reitor. A situação se agrava porque a universidade precisará primeiro recuperar o que foi retirado pelo Congresso para depois pedir uma suplementação adicional.

Um ponto positivo no orçamento de 2026 foi a autorização para ampliar as receitas próprias da universidade. No ano anterior, essa possibilidade havia sido reduzida de 47 para 45 milhões de reais pelo Congresso Nacional. Para 2026, a UFSC solicitou 53 milhões e tanto o MEC quanto o Congresso aceitaram esse valor. Essas receitas são provenientes de aluguéis de espaços no campus para bancos, restaurantes, entre outras atividades. Porém, permanece o chamado “pedágio” de 30%, uma retenção que o governo federal aplica sobre essas receitas. Esses recursos são basicamente alocados para a política estudantil, com os centros também ficando com uma parte para manutenção.

O reitor abordou também a visita à UFSC do ministro da Educação, Camilo Santana, neste mês de dezembro, em que afirmou que “falta gestão, não dinheiro, nas universidades federais”. Irineu explicou que há um equívoco nesta fala, uma vez que o governo federal de fato investiu mais recursos na educação, mas esses valores foram direcionados à criação de novos cursos, universidades, campi e institutos federais. “Se nós temos mais universidades com aquele mesmo bolo, então ocorre uma ampliação, mas a ampliação ela não atende todas as universidades”, argumentou.

Segundo o reitor, universidades mais antigas e consolidadas como UFSC, Universidade Federal da Bahia, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro perderam recursos. “Nós tivemos de 2015 para até hoje uma redução de mais de 50% dos orçamentos das universidades”, afirmou Irineu, classificando a equação como “um desafio diário” manter a instituição funcionando.

Para 2026, a UFSC já se prepara para um novo ciclo de dificuldades. “Já vamos iniciar novamente uma nova comissão para rever os contratos, e também buscar ampliar essa economia nas diárias de passagens”, anunciou Irineu. Paralelamente, os dirigentes das universidades federais continuarão pressionando o MEC e Congresso Nacional pela recomposição do orçamento. “As universidades públicas são o maior patrimônio do país e precisamos mantê-las”, concluiu o reitor.

Assista à entrevista na íntegra neste link.

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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Deputado estadual Marquito entrega emendas parlamentares à UFSC

04/04/2024 17:25

Deputado Marquito veio à UFSC para fazer a entrega de sete emendas parlamentares (Fotos: Luís Carlos Ferrari/Secom)

O deputado estadual Marquito (PSOL) visitou a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) nesta quinta-feira, 4 de abril, para fazer a entrega simbólica das emendas parlamentares que aprovou destinando recursos para vários projetos da Universidade. São sete emendas ao Projeto de Lei Orçamentária Anual do Estado, que totalizam R$ 1.020.000. Os recursos serão repassados aos pesquisadores pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O deputado, egresso da UFSC, foi recebido na Universidade pelo reitor Irineu Manoel de Souza; a vice-reitora Joana Célia dos Passos; a pró-reitora de Extensão, Olga Zigelli Garcia; o superintendente de projetos da Pró-reitoria de Pesquisa (Propesq), William Gerson Matias; o diretor-geral do Gabinete, João Luiz Martins; a secretária de Aperfeiçoamento Institucional, Luana Heinen e a assessora institucional Miriam Hartung. Também estavam presentes professores e pesquisadores dos projetos contemplados, a diretora do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Rosete Pescador, alunos, servidores técnico-administrativos e convidados.

O professor João Luiz Martins deu as boas-vindas ao deputado e passou a palavra ao reitor Irineu Manoel de Souza, que falou novamente sobre a difícil situação financeira da instituição. O professor Irineu afirmou que os recursos orçamentários hoje disponíveis são suficientes para manutenção da Universidade apenas até o mês de outubro e que a suplementação esperada certamente não suprirá o déficit de R$ 35 milhões. De acordo com o reitor, a UFSC precisa também de mais servidores técnicos e docentes. “É importante que haja um movimento forte da comunidade política e da sociedade em defesa da universidade”, disse o reitor.

A professora Joana manifestou alegria em receber o deputado Marquito na UFSC e afirmou que as emendas parlamentares representam o uso dos recursos públicos em benefício público. A professora Olga Zigelli expressou reconhecimento pela destinação dos recursos à UFSC. “Como é bom ver um filho da casa reconhecer o valor desta casa”, disse a pró-reitora de Extensão. O professor William Matias, que representava o pró-reitor de Pesquisa, Jacques Mick, ressaltou ser a primeira vez que a UFSC recebe emendas por parte do Legislativo estadual.

O deputado Marquito afirmou que as emendas são resultado de um processo de longos anos de proximidade com a UFSC e uma forma de o seu mandato apoiar projetos de pesquisa e extensão. “A Universidade tem um histórico e uma importância enorme no desenvolvimento da cidade e do Estado”, afirmou.

Em seguida, os professores e pesquisadores vinculados aos projetos beneficiados pelas emendas também se manifestaram em agradecimento e apresentaram informações sobre os projetos e o plano de aplicação dos recursos.

Veja lista das emendas do deputado Marquito:

  • Apoio Financeiro para reformas e adequações no Veleiro Eco, projeto da Universidade Federal de Santa Catarina para realização de expedições científicas oceanográficas – Valor R$ 100.000,00.
  • Apoio financeiro para o projeto “Lagoa Viva – biorremediação na Lagoa da Conceição” – Valor R$ 170.000,00.
  • Apoio financeiro para criação e o lançamento de um livro comemorativo e produção de vídeos em homenagem aos 50 anos do Centro de Ciências Agrárias da UFSC – valor R$ 200.000,00.
  • Apoio financeiro para estruturação da cadeia produtiva da Cannabis Sativa em Santa Catarina – Valor R$ 200.000,00.
  • Apoio financeiro para promover ações de capacitação presencial de atores e produção de conteúdo relacionados à governança dos modais de atendimento adequado de esgotamento sanitário – Valor R$ 100.000,00.
  • Destinação financeira para realização de edital para apoiar investimentos em infraestrutura nos laboratórios de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina – Valor R$ 100.000,00.
  • Destinação de repasse para a execução financeira de custeio para o projeto Raízes do Brasil: espaço de abastecimento alimentar no território urbano de Florianópolis – Valor R$ 150.000,00.

 

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Reitor viaja a Brasília em busca de suplementação do orçamento e recursos para obras

13/11/2023 17:37

Professor Irineu teve oportunidade de falar em reunião do Fórum Parlamentar Catarinense (Fotos: Bernardo Meyer)

O reitor Irineu Manoel de Souza, acompanhado do chefe de gabinete, professor Bernardo Meyer, viajou novamente a Brasília no dia 8 de novembro em busca de recursos para reforçar o orçamento da Universidade em 2024. O reitor teve a oportunidade de falar durante a reunião do Fórum Parlamentar Catarinense e voltou a ressaltar a importância de uma emenda coletiva em prol de todas as instituições federais de educação superior do Estado.

A ideia da emenda coletiva (de bancada) foi elaborada no âmbito do Fórum de Reitores de Instituições Públicas de Educação Superior de Santa Catarina, que foi reativado no início deste ano e atualmente é presidido pelo professor Irineu. O dirigente da UFSC foi o único reitor a falar na reunião do Fórum Parlamentar.

Após o encontro com a bancada, o reitor e o chefe de gabinete da UFSC promoveram reuniões em todos os gabinetes de parlamentares de Santa Catarina. O propósito das reuniões foi o de sensibilizar os parlamentares para apoio às demandas da UFSC para realização de obras em todos os campi da Universidade.

Estão no rol de obras a reforma do Centro de Convivência, construção de moradia estudantil, reforma do Bloco A do Centro de Ciências da Educação (CED), conclusão do prédio administrativo e construção de bloco de salas de aula do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), no campus de Florianópolis; construção do Centro de Pesquisas Ambientais e Agroveterinárias (CPAAV), em Curitibanos; construção de prédio para o curso de Medicina em Araranguá; construção do campus de Joinville e instalação de campus próprio em Blumenau.

O professor Bernardo Meyer informou que os pleitos foram regionalizados, isto é, tratados com os parlamentares da respectiva região dos campi, e que a receptividade em geral foi muito positiva.

Outro objetivo da viagem do reitor foi buscar apoio para a destinação de recursos para as universidades federais. “Precisamos contar com os parlamentares para recomposição dos orçamentos das universidades”, disse o professor Irineu. Em diversas ocasiões, o reitor tem informado à comunidade sobre a necessidade de suplementação orçamentária para UFSC, pois o Orçamento de 2024 ainda seria deficitário em cerca de R$ 20 milhões.

 

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UFSC assegura verba de 700 mil para reforma do alojamento indígena

24/01/2023 11:26

Os dormitórios contarão com iluminação natural , ventilação cruzada e mecânica nos espaços de longa permanência. (Imagens Ilustrativas/DPAE/UFSC)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) retomou os recursos das emendas parlamentares destinadas a reforma do alojamento provisório dos estudantes indígenas na instituição. O valor de R$ 700 mil, arrecadado inicialmente pela Universidade em 2019, através de emendas parlamentares, foi empenhado para o ano de 2023. Desta forma, os recursos estão assegurados e poderão ser utilizados normalmente. O projeto está em fase final de atualização do orçamento e deve ser enviado para licitação. A expectativa é que a obra seja entregue em novembro deste ano. Os recursos são provenientes de emendas apresentadas pelo senador Esperidião Amin (PP) e pelo deputado federal Pedro Uczai (PT).

A licitação para a reforma do alojamento foi elaborada ainda na gestão de Ubaldo Cesar Balthazar e prorrogada por duas vezes na mesma administração. Após a posse da nova reitoria, em julho de 2022, um reajuste legal, de 35%, foi apresentado para que a empresa vencedora desse início à reforma passados três anos, mas a empresa recusou a proposta. As negociações com a companhia que ficou em segundo lugar na licitação também não obtiveram sucesso e o contrato foi então rescindido amigavelmente. 

Agora o Departamento de Projeto de Arquitetura e Engenharia (DPAE/UFSC) está finalizando o processo de atualização do orçamento, que será concluído até o fim de janeiro. Em seguida, o projeto deve ser encaminhado para a licitação. O novo alojamento indígena, que ainda não é definitivo, terá capacidade de abrigar 60 estudantes, divididos em 12 dormitórios compartilhados. A edificação contará também com sala de descanso, brinquedoteca e cozinha. A equipe da Pró-reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (PRAE) trabalha com o prazo de entrega da obra para novembro de 2023. 
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