Reitoria da UFSC participa de conferência que entregará carta-manifesto à COP30

26/09/2025 15:22

Vice-reitora da UFSC fala na Conferência Regional da Grande Florianópolis. Foto: Marcos DElboux

A Conferência Regional da Grande Florianópolis, com o tema “Construindo Contribuições Autodeterminadas para a Ação Climática”, reuniu autoridades, pesquisadores e movimentos sociais na noite de quinta-feira, 25 de setembro, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Trindade. Integrada ao festival Planeta.Doc, a etapa teve como foco consolidar propostas que serão levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para ocorrer em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro deste ano.

A iniciativa é promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), presidida pelo deputado Marcos José de Abreu (Marquito/PSOL), com apoio da Escola do Legislativo e da Câmara dos Deputados, representada pelo deputado federal Pedro Uczai (PT). Esta foi a quarta de cinco conferências regionais realizadas em Santa Catarina — já passaram por Lages, Joinville e Criciúma. A última etapa ocorrerá em Chapecó, no dia 3 de outubro de 2025, e o relatório final com as propostas consolidadas será apresentado na Alesc em 20 de outubro.

Ao final dos debates, os participantes aprovaram uma carta-manifesto a ser encaminhada à coordenação da COP30. O documento consolida declarações individuais de cientistas e ativistas presentes em uma síntese coletiva, buscando refletir a pluralidade de vozes da conferência e servir como chamado da ciência diante da crise socioambiental. “Foi uma noite de manifestações impactantes sobre a conjuntura local, os perigos da especulação imobiliária, o ecocídio e suas conexões com problemas globais. Nosso desafio agora é sintetizar esse saber em um documento final e levar essas contribuições para os debates em Belém”, afirmou o deputado Marquito.

Entre os presentes estavam o teólogo e escritor Leonardo Boff; a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos; a coordenadora de mobilização da Presidência da COP, Luciana Abade; a jornalista e documentarista Monica Linhares, diretora-geral do Planeta.Doc; a cientista cidadã Rosa Maria Miranda; a fundadora e diretora-executiva do Clima de Política, Beatriz Pagy; o coordenador de Advocacy da Plataforma CIPÓ, Murilo Parrino Amatneeks; o reitor da Udesc, José Fernando Fragalli; a vice-reitora do IFSC, Ana Paula da Silveira; o reitor do IFC, Rudinei Kock; o professor Paulo Horta, além do deputado federal Pedro Uczai.

As conferências regionais buscam mobilizar a sociedade catarinense na construção de propostas alinhadas ao Mutirão Global pelo Clima, da COP30, articulando academia, poder público, setor privado e organizações civis. “Queremos envolver diferentes setores para apresentar propostas concretas de enfrentamento à crise climática”, observou Marquito.

Em sua fala, a vice-reitora Joana Célia dos Passos defendeu que a transição climática no Brasil precisa ser também social e territorialmente inclusiva. “Pensar o território brasileiro na sua totalidade significa incluir nos projetos de desenvolvimento todos aqueles grupos que historicamente ficaram à parte”, afirmou, listando “a população indígena, os ribeirinhos, os extrativistas, os quilombolas, a população negra, os camponeses, as periferias urbanas, as pessoas com deficiência, as pessoas LGBTQIAPN+”. Para ela, não há como discutir a emergência climática sem a participação ativa desses sujeitos.

Auditório da Reitoria da UFSC ficou lotado para a conferência regional

Joana vinculou a agenda climática às urgências urbanas de Florianópolis e de outras cidades brasileiras. “Quando vivemos em um país que ainda não tem saneamento básico, em que vemos o engordamento das praias no nosso litoral, a ausência do poder público e as placas de ‘vende-se’ espalhadas pela nossa ilha, temos noção do que estamos vivendo e do que ainda enfrentaremos.” Ao destacar o papel da ciência, ressaltou que a UFSC conduz pesquisas voltadas à mitigação e à adaptação climática. Entre os exemplos, citou o Veleiro ECO, o Laboratório de Energia Verde, a Coordenadoria de Gestão Ambiental e a Sala Verde. Anunciou, ainda, o lançamento, em breve, de um satélite para monitoramento de queimadas no Brasil, ferramenta que permitirá antecipar respostas a eventos extremos. “A UFSC está na agenda da COP30”, reforçou, destacando a presença de pesquisadoras e pesquisadores da universidade em painéis e estudos na conferência.

Representando também o movimento negro, a vice-reitora sublinhou que “Santa Catarina possui 23% de população negra, 29 territórios quilombolas e 21 territórios indígenas. Por isso é um Estado que resiste”. Para Joana, debater autodeterminação e ação climática é resistir “a um modelo cada vez mais excludente” que avança sobre o território, impulsionado por marinas, grandes projetos e empreendimentos imobiliários. “Se a gente não se manifestar, se a gente não pautar essas questões, seremos engolidos”, alertou, convocando a sociedade a manter a mobilização e a resistência.

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Fórum Parlamentar Catarinense: orçamento da UFSC é inserido no debate

26/09/2025 12:59

Vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, participa do Fórum Parlamentar Catarinense

O Fórum Parlamentar Catarinense (FPC) realizou uma reunião macrorregional na Grande Florianópolis, na tarde desta quinta-feira, 25 de setembro, sediada pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), onde foram levantadas questões de infraestrutura e o futuro orçamentário das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). O deputado federal Pedro Uczai (PT), coordenador do Fórum, conduziu os trabalhos com foco na “escuta” e hierarquização das grandes prioridades regionais que exigem articulação de bancada ou maiores investimentos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lideranças políticas e da sociedade civil participaram do evento, inclusive a vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joana Célia dos Passos, que disse reconhecer que existem inúmeras prioridades no estado, todas elas muito importantes e legítimas, e a UFSC apoia plenamente essas demandas. Contudo, ela destacou que, enquanto gestora de uma das instituições públicas mais relevantes de Santa Catarina, é fundamental que o coletivo de lideranças assuma o compromisso de ajudar a solucionar os desafios orçamentários enfrentados pela UFSC, no que se refere a “sobrevivência e continuidade” de uma universidade que é patrimônio dos catarinenses e do povo brasileiro.

A vice-reitora relembrou a relevância estratégica da UFSC para o estado e para o país, enfatizando que a instituição forma profissionais para os mais diversos setores da sociedade. Para Joana, a UFSC é um patrimônio que transcende os seus muros. “Um exemplo disso é o painel Empresas DNA UFSC , que revela que contribuímos para a criação de mais de 107 mil empresas no Brasil. Somos uma cidade dentro de outra cidade, uma força indutora de desenvolvimento”, afirmou. Atualmente, a comunidade universitária integra cerca de 40 mil pessoas, entre estudantes, professores e técnicos, reforçando o papel da universidade como promotora de conhecimento, inovação e transformação social.

Embora a UFSC tenha recebido R$ 59 milhões para obras do PAC, Joana Célia ressaltou que esses recursos são insuficientes para suprir as necessidades básicas da instituição. “Ainda enfrentamos uma grave carência de recursos para a manutenção da universidade. Décadas de desestruturação nas universidades públicas resultaram em uma situação crítica, na qual grande parte do orçamento de custeio está prevista ao pagamento de contratos de terceirização”, explicou. Segundo a vice-reitora, esses recursos poderiam ser direcionados para fortalecer a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão.

As IFES receberam destaque adicional com a fala de Tiago Semprebom, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Tiago solicitou um olhar atento dos parlamentares para a próxima Lei Orçamentária Anual (LOA), pedindo aumento no orçamento para cobrir o aumento das despesas de manutenção. O gestor enfatizou a necessidade de consolidar a alimentação estudantil, visto que 40% dos estudantes do IFSC vivem com renda per capita de até 1 salário mínimo. Sobre este ponto, Pedro Uczai informou que já há um próximo encaminhamento agendado para o dia 8 de outubro, quando os os reitores e diretores dos 38 campi do IFSC estarão em Brasília para discutir o tema com os assessores da bancada.

Diversas outras questões regionais e sociais foram levantadas no encontro com os(as) parlamentares e, concluíram-se os debates com a confirmação de que, após a hierarquização, o Fórum atuará no orçamento geral da União para garantir os recursos necessários para as prioridades de Santa Catarina.

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Reitor da UFSC participa de seminário no Pará em preparação à COP 30

25/09/2025 16:34

Conselho Pleno da Andifes se reúne na UFPA. Foto: Andifes

Entre os dias 24 e 26 de setembro, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, esteve em Belém, no estado do Pará, para a 207ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), e participar dos debates e discussões sobre temas estratégicos para o ensino superior e a sustentabilidade.

A programação teve início no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) com o Seminário Temático “Universidades e Biomas: Ciência e Sustentabilidade rumo à COP 30”. A abertura contou com a presença da Diretoria Executiva da Andifes e a participação especial de Fafá de Belém. O seminário abordou o papel das universidades e dos Cefets na preservação dos biomas e no desenvolvimento sustentável. Durante o painel de abertura, reitores e professores destacaram o impacto das instituições de ensino nas agendas ambientais e sociais, trazendo múltiplas perspectivas sobre conservação, pesquisa e políticas públicas.

O anfitrião do encontro, reitor Gilmar Pereira da Silva (UFPA), enfatizou a importância da cooperação interinstitucional, destacando que “redes são decisivas” para enfrentar desafios. Ele também chamou atenção para o chamado “custo amazônico” de manter a floresta em pé, que recai sobre populações vulneráveis, como ribeirinhos e extrativistas. Gilmar alertou para a necessidade de transformar o “mantra” de preservação da floresta em políticas concretas, mencionando a expansão da soja no Pará e o iminente debate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

O reitor Dácio Roberto Matheus (UFABC), presidente da mesa, destacou a centralidade da Amazônia e a diversidade de biomas no enfrentamento da crise climática. Ele defendeu soluções territoriais para desafios globais, como a transição energética e a resiliência urbana, e alertou: “Extrapolamos limites planetários”. Matheus pediu que as universidades comuniquem os impactos sociais de seus projetos, ressaltando a importância de ciência aberta e redes colaborativas, além da proteção do conhecimento tradicional.

A rodada técnica explorou os cinco principais biomas brasileiros. Everton Ricardi Lozano (UTFPR) e Edward Frederico (Unipampa) representaram a Mata Atlântica e o Pampa, respectivamente. Lozano destacou o impacto histórico na Mata Atlântica, presente em mais de 3.400 municípios, e os esforços de sustentabilidade na região, como o selo carbono neutro do campus Dois Vizinhos. Já Frederico ressaltou a degradação do Pampa, que só foi reconhecido legalmente como bioma em 2012, e defendeu a criação de um Instituto de Pesquisa e um Museu de História Natural para o bioma.

Dan Rodrigues Levy (Unifesp), representando o Sudeste, enfatizou a complexidade da Mata Atlântica, marcada pela devastação e pela alta densidade populacional. Ele destacou o trabalho da Unifesp em integrar a Agenda 2030 às suas atividades e chamou atenção para a necessidade de maior financiamento para a ciência. No Cerrado, Laerte Guimarães Ferreira Júnior (UFG) apresentou um panorama alarmante: 1 milhão de km² do bioma foram convertidos em apenas 50 anos, resultando em fragmentação, perda de água e aumento da aridez. Ele propôs soluções como a recuperação de pastagens degradadas e a criação de um Instituto Nacional do Cerrado para coordenar políticas e pesquisas.

Renato Garcia Rodrigues (UNIVASF), representando a Caatinga, destacou a biodiversidade do bioma e o papel das universidades na promoção de soluções locais. Ele mencionou iniciativas de recuperação de solos degradados e manejo adaptado à caprinocultura, além do apoio à criação de unidades de conservação. Já na Amazônia, Leandro Juen (UFPA) ressaltou a riqueza e a escala do bioma, mas apontou lacunas significativas de conhecimento, especialmente em áreas remotas. Ele defendeu o fortalecimento de redes de pesquisa e o protagonismo amazônico na produção científica, destacando iniciativas como o Centro Integrado de Sociobiodiversidade Amazônica (SISAN).

Durante os debates, reitores e reitoras reafirmaram o compromisso das universidades com a sustentabilidade e a justiça social, defendendo um pacto público que explicite o “lado” das instituições de ensino. A Andifes anunciou a organização de uma presença institucional na COP 30, com um mapeamento das ações das universidades federais para destacar suas contribuições e propostas.

A síntese do evento consolidou um diagnóstico claro: os biomas brasileiros são interdependentes, mas enfrentam desafios variados, como a pressão concentrada no Cerrado e na Amazônia, a carência histórica de proteção no Pampa e na Caatinga, e a desigualdade na distribuição de recursos. Entre as propostas discutidas, destacam-se a criação de institutos nacionais por bioma, a recuperação de pastagens degradadas, a restauração ecossistêmica adaptada a contextos específicos, a proteção de comunidades tradicionais e a integração de educação climática nos currículos.

No dia 25 de setembro, a programação seguiu com discussões técnicas e políticas. Pela manhã, o Conselho Pleno debateu a implementação da Política Nacional de Dados da Educação e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com a presença da ministra Luciana Santos. À tarde, temas como a certificação de hospitais de ensino e práticas de eficiência energética foram apresentados por reitores e especialistas. No último dia, 26 de setembro, a programação inclui visitas técnicas ao Parque de Ciência e Tecnologia Guamá e à Escola de Aplicação da UFPA, encerrando oficialmente o evento.

O seminário na íntegra está disponível neste link.

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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UFSC no rol de homenageados na Alesc pelos 60 anos do profissional de Administração

25/09/2025 12:14

A servidora da UFSC e administradora Camila Pagani (2ª à esq.) representou a Universidade na homenagem aos 60 anos do profissional de Administração. Foto: Agência AL

Em celebração aos 60 anos da regulamentação da profissão de Administração no Brasil, a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) realizou, na noite desta quarta-feira, 24 de setembro de 2025, um Ato Parlamentar Solene proposto pelo deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT), que reuniu autoridades, profissionais e representantes da sociedade civil. A programação incluiu homenagens a personalidades e instituições, entre elas o Conselho Regional de Administração de Santa Catarina (CRA-SC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Na abertura foi exibido um vídeo institucional que, nas palavras de apresentação, lembrou que “a administração está presente em praticamente todos os momentos do nosso dia”, enfatizando o papel do profissional que “lidera, transforma e inspira” e que, “a cada estratégia e a cada conquista”, faz a diferença. O material contextualizou o marco legal de 9 de setembro de 1965, quando a Lei nº 4.769 “cria os Conselhos Federal e Regionais de Administração”, definindo a profissão e seu sistema de fiscalização.

Administrador por formação, Minotto sublinhou que a homenagem “tem um significado ainda mais especial” por reafirmar a importância da Administração “para o desenvolvimento do nosso país, do nosso estado e do nosso município”. Destacou que, hoje, o administrador “é muito mais do que um gestor de recursos”: é “um articulador de soluções, um promotor de sustentabilidade e um líder capaz de inspirar equipes e gerar um impacto social positivo”. Ao citar o ecossistema catarinense, valorizou a formação de excelência, “com destaque para a ESAG”, e concluiu reafirmando o compromisso com “uma administração pública mais eficiente, com empresas mais éticas e inovadoras e com uma sociedade mais justa, organizada e participativa”.

O contexto histórico do ensino de Administração no Brasil também foi resgatado no plenário. Em referência às origens, registrou-se que a necessidade de mão-de-obra qualificada e a profissionalização do ensino ganharam força a partir da década de 1940, em consonância com o processo de industrialização iniciado nos anos 1930. Os primeiros resultados institucionais ocorreram em 1945, com a criação dos cursos universitários de Ciências Contábeis e Ciências Econômicas, quando “as atividades de direção e orientação […] haviam atingido um nível de maior complexidade”, exigindo formação especializada. Ressaltaram-se, ainda, os papéis da Fundação Getúlio Vargas e da FEA-USP, cuja atuação “marcou o ensino e a pesquisa de temas econômicos e administrativos” e influenciou a posterior expansão dos cursos de Administração. Nesse percurso, a Lei nº 4.769/65, ao tornar o exercício “privativo dos bacharéis em Administração Pública ou de Empresas”, ampliou o campo de trabalho e consolidou a identidade profissional.

Camila Pagani, servidora da UFSC. Foto: Divulgação

Na etapa de homenagens, entre os agraciados esteve a UFSC, representada pela servidora e administradora Camila Pagani, que recebeu a distinção em nome do reitor, Irineu Manoel de Souza. Falando em nome dos homenageados, a ex-presidente do CRA-SC (1989–1993), Evanir Dário rendeu tributos às lideranças históricas e às entidades formadoras. Evanir rememorou o movimento que antecedeu a regulamentação, desde a década de 1930, citando a atuação do Departamento de Administração Pública, da FGV, da Escola Nacional de Administração Pública e da Associação Brasileira dos Técnicos de Administração, até a promulgação da Lei nº 4.769, cujo relatório no Congresso, como lembrou, foi do “eminente professor baiano Alberto Guerreiro Ramos”.

Ao tratar da história catarinense, Evanir situou a criação do CRA-SC como fruto de uma mobilização que envolveu “universidades, professores, administradores e alunos”, destacando a sessão solene no Palácio Cruz e Sousa, no fim de 1982, que “dava a consolidação da criação do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina”. Em tom de memória e gratidão, citou nomes pioneiros, sublinhando a dedicação de quem “arregimentava as fichas de inscrição” quando Santa Catarina ainda estava vinculada ao estado do Paraná.

Evanir também destacou o papel dos professores formados em programas de pós-graduação e convênios — “FGV no Rio de Janeiro e também os Estados Unidos, no acordo MEC–USAID” — que retornaram para fortalecer a docência e a pesquisa nas universidades catarinenses. Evidenciou contribuições técnicas relevantes, como a construção de agendas dos Fóruns Internacionais de Administração, discutindo “o que era o Mercosul e a integração da Latino-América” e, depois, “alianças estratégicas: construindo a sociedade do futuro”.

Sobre o presente e o futuro da profissão, Evanir sinalizou a amplitude do sistema — “mais de 500 mil administradores” registrados e “quase 2 milhões” de estudantes em cursos ligados à área — e elencou desafios contemporâneos: “o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas”, o “ambiente globalizado e instável”, a “responsabilidade social e corporativa”, a “pressão por inovação” e a busca do “equilíbrio entre a valorização do capital humano e o uso da tecnologia”. Em tom de princípio, reafirmou valores “que não podemos esquecer no exercício do dia a dia”: ética, honestidade, responsabilidade, dedicação, comprometimento e transparência — aos quais “acrescentaria ainda a capacitação constante”.

Assista à homenagem na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Violência policial em Florianópolis: Relatório da UFSC aponta violações e caminhos para mudanças

24/09/2025 12:45

O Instituto Memória e Direitos Humanos (IMDH), vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), publicou o relatório final do projeto “Rodas de Conversa com Comunidades e Profissionais de Florianópolis: Representações da Violência Policial”. O documento foi elaborado com a participação de docentes, estudantes e bolsistas da UFSC, e apresenta uma análise detalhada sobre as dinâmicas da violência policial em comunidades periféricas da Grande Florianópolis, com base em 13 rodas de conversa realizadas entre 2021 e 2024.

O projeto contou com o apoio de diversos setores da UFSC, como a Pró-Reitoria de Extensão (Proex), o Núcleo de Estudos sobre Psicologia, Migrações e Culturas, e o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária Popular.

A UFSC desempenhou um papel central na organização e mediação das discussões, criando um espaço de diálogo entre as comunidades afetadas e especialistas em direitos humanos. Por meio das disciplinas “Representações da Violência” e “História e Política”, estudantes e professores contribuíram ativamente para a coleta de dados, o registro de relatos e a estruturação das análises.

A parceria com a Udesc, somada ao apoio de entidades da sociedade civil e movimentos comunitários, ampliou o alcance do projeto, permitindo uma abordagem interdisciplinar e colaborativa para o estudo do tema.

O relatório denuncia um quadro grave de violações sistemáticas de direitos humanos. De acordo com os relatos, a violência policial é percebida como o principal fator de insegurança nas comunidades, manifestando-se por meio de agressões físicas, ameaças, invasões de domicílios sem mandado, vandalismo e danos a propriedades. Os depoimentos também destacam casos de violência psicológica e simbólica, como humilhações, estigmatização de moradores e intimidações que atingem até mesmo crianças. A polícia é descrita como um agente que instiga o medo, criminaliza moradores e reforça o estereótipo de que a pobreza está associada ao crime.

Entre as consequências apontadas, o relatório destaca os danos à saúde mental dos moradores, o impacto psicológico em crianças e adolescentes e a destruição de vínculos comunitários. Além disso, as operações policiais frequentemente interrompem atividades cotidianas, como o acesso ao trabalho e à escola, agravando ainda mais a marginalização social das comunidades. Os entrevistados relataram preocupação com a utilização de tecnologias como câmeras corporais, que frequentemente aparecem desligadas ou manipuladas, reforçando narrativas policiais e dificultando a apuração de abusos.

Uma das principais críticas levantadas no relatório é a ausência de um controle externo efetivo sobre a atividade policial. Apesar de ser uma atribuição constitucional do Ministério Público, as investigações de mortes causadas por policiais em Santa Catarina são conduzidas pela própria Polícia Militar, gerando desconfiança e denúncias de impunidade. O documento também evidencia como a presença policial ostensiva contrasta com a ausência de políticas públicas que garantam acesso a direitos básicos como saúde, educação, saneamento e moradia.

O relatório conclui que a violência policial em Santa Catarina não é um episódio isolado, mas parte de um sistema que perpetua desigualdades e violações. Para interromper esse ciclo, o documento recomenda o fortalecimento do controle externo das atividades policiais, a inclusão de debates sobre cidadania, racismo e direitos humanos na formação de agentes de segurança, e a construção de um diálogo mais efetivo entre o Estado e as comunidades. Além disso, reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a justiça social e a inclusão, como forma de combater as raízes estruturais da violência.

Acesse aqui o relatório na íntegra.

 

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