Dirigentes da UFSC, IFSC e IFC lançam Vestibular Unificado 2026 com mais de 6 mil vagas

02/09/2025 19:13

Nesta quinta-feira haverá uma cerimônia para o lançamento oficial do Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2026, às 13h30, no Gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Trindade, em Florianópolis. O evento contará com a presença de autoridades acadêmicas, incluindo o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza; o reitor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Zízimo Moreira Filho; o reitor do Instituto Federal Catarinense (IFC), Rudinei Kock Exterckoter; a pró-reitora de Graduação e de Educação Básica da UFSC, Dilceane Carraro; e o presidente da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve/UFSC), Marcos Baltar.

O Vestibular Unificado representa uma parceria entre as três instituições, consolidando uma nova etapa de cooperação interinstitucional para ampliar o acesso ao ensino superior de qualidade em Santa Catarina.

Período de inscrições e informações gerais

As inscrições para o processo seletivo começarão nesta quinta-feira, 4 de setembro, às 15h, e podem ser realizadas até 8 de outubro por meio do site oficial: vestibularunificado2026.ufsc.br. O valor da taxa de inscrição é de R$ 192,00, e os pedidos de isenção podem ser feitos até 26 de setembro, conforme especificado no edital.

As provas serão aplicadas presencialmente nos dias 6 e 7 de dezembro de 2025. Ao todo, serão ofertadas 6.712 vagas distribuídas em mais de 200 cursos de Graduação, abrangendo 70% das vagas da UFSC e 50% das vagas do IFSC e do IFC. Durante a inscrição, o candidato deverá optar pela instituição e pelo curso de Graduação desejados.

O edital completo, incluindo o quadro de cursos e vagas, o conteúdo programático das disciplinas e outras informações importantes, está disponível no site oficial. Dúvidas podem ser esclarecidas por meio do telefone (48) 3721-9951 ou do e-mail coperve@coperve.ufsc.br.

Novidade: Curso de Ciências de Dados

Entre os destaques do Vestibular Unificado 2026 está o lançamento do novo curso de graduação em Ciências de Dados, ofertado pela UFSC. Com 40 vagas anuais, o curso será ministrado em Florianópolis, no período integral (vespertino e noturno), e terá duração de cinco semestres, totalizando 2.100 horas de carga horária.

O objetivo do curso é formar profissionais capacitados a projetar, desenvolver e implementar soluções baseadas em dados e inteligência artificial para diversos contextos sociais e produtivos. Segundo Moisés Lima Dutra, presidente da Comissão de Implementação do Curso de Ciências de Dados, a iniciativa atende à crescente demanda por especialistas em análise de dados e tecnologias emergentes.

Outros processos seletivos

Além do Vestibular Unificado, a Coperve/UFSC anunciará a abertura de inscrições para outros processos seletivos:

  • Educação do Campo UFSC/IFC 2026: inscrições gratuitas para o curso de Licenciatura em Educação do Campo na UFSC (Ciências da Natureza e Matemática) e para o curso de Pedagogia – Ênfase em Educação do Campo no IFC (Abelardo Luz). As provas serão aplicadas em 2 de novembro, e as inscrições devem ser feitas pelo site educacaodocampo2026.ufsc.br.
  • Letras-Libras e Pedagogia Bilíngue: o Vestibular também oferece vagas para Letras-Libras (Licenciatura e Bacharelado) na UFSC e Pedagogia Bilíngue Libras-Português no IFSC (Palhoça). A taxa de inscrição é de R$ 115,00, e as provas serão realizadas em 2 de novembro. Inscrições no site vestibularlibras2026.ufsc.br.
  • Vagas Suplementares para Indígenas, Quilombolas, PCD e Pessoas Trans: Este processo seletivo terá inscrições gratuitas a partir de 12 de setembro, com provas também em 2 de novembro. O edital será publicado no site suplementares2026.ufsc.br.

O lançamento do Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2026 reforça o compromisso das instituições em democratizar o acesso ao ensino superior e atender às demandas da sociedade por formação acadêmica de excelência. Com a introdução de cursos inovadores, como o de Ciências de Dados, e o fortalecimento de políticas de inclusão, o processo seletivo promete atrair milhares de candidatos, consolidando a posição de Santa Catarina como referência em educação no Brasil.

Mais informações pelo e-mail imprensa@coperve.ufsc.br.

Tags: CoperveGabinete da ReitoriaIFCIFSCLançamento do VestibularUFSCVestibular Unificado 2026

UFSC empossa 32 novos servidores em cerimônia nesta terça-feira, 2 de setembro

02/09/2025 15:11

Evento ocorreu no auditório da Reitoria, em Florianópolis. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) empossou nesta terça-feira, 2 de setembro, 32 servidores técnico-administrativos em educação (STAEs) em cerimônia realizada no auditório da Reitoria, no Campus de Florianópolis, no bairro Trindade. Os novos servidores atuarão nos cargos de assistentes administrativos em 19 setores da universidade, sendo 10 centros de ensino e 9 departamentos de administração e gestão da instituição.

Entre as autoridades, estiveram presentes na cerimônia o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza; a pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, Sandra Regina Carrieri de Souza; o diretor do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), Guilherme Fortkamp da Silveira; o representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc), Guilherme Rizzatti; e o representante do Coletivo dos Servidores Negros da UFSC (NegrUFSC), João Rafael de Faveri Leacina.

O reitor Irineu Manoel de Souza recepcionou os servidores exaltando o papel e a qualidade da universidade na produção de conhecimento, assim como a importância do trabalho dos técnicos-administrativos, categoria que foi a sua porta de entrada na UFSC. “O técnico-administrativo em educação tem um papel super importante na nossa Universidade Federal de Santa Catarina. Vocês estão ingressando em uma universidade de qualidade e, aqui, vocês terão condições para exercer as atividades administrativas das suas carreiras, mas não somente isso: poderão aproveitar todas as dimensões culturais da Universidade, participar de projetos de pesquisa, projetos de extensão e ampliar as suas carreiras”, disse.

(mais…)

Tags: CCPDDPNegrUFSCposseProdegespSintufscUFSC

Audiência Pública sobre prevenção e enfrentamento ao Assédio Moral na UFSC será nesta quarta

02/09/2025 10:43

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizará, no dia 3 de setembro, às 9h, no Auditório da Reitoria, uma Audiência Pública para debater a Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral. O evento será transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da TV UFSC.

A minuta da Política esteve em consulta pública até o dia 5 de agosto, período em que foram registradas 133 contribuições da comunidade em geral. O documento foi elaborado pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp) e pode ser acessado na íntegra neste link.

O documento estabelece diretrizes para o recebimento e tratamento de denúncias relacionadas ao assédio moral na UFSC. Após os encaminhamentos da audiência pública, o texto será submetido ao Conselho Universitário (CUn) para novo debate e aprovação.

Serviço

O quê: Audiência Pública – Política de Prevenção ao Assédio Moral
Quando: 3 de setembro, às 9h
Onde: Auditório da Reitoria da UFSC
Transmissão ao vivo: Canal do YouTube da TV UFSC
Mais informaçõesprodegesp.ufsc.br


Saiba mais:

Aspectos da política

A política de prevenção e enfrentamento ao assédio moral da UFSC abrange toda a comunidade universitária, incluindo estudantes, servidores (docentes e técnico-administrativos), trabalhadores terceirizados, estagiários, aprendizes ou prestadores de serviços. Ela se aplica a condutas praticadas tanto presencialmente quanto por meios virtuais, em qualquer espaço onde ocorram atos oficiais da instituição ou ações protagonizadas por seus membros.

O assédio moral é definido como um processo contínuo e reiterado de práticas abusivas que atentem contra a personalidade, dignidade e integridade psíquica ou física de uma pessoa ou grupo, independentemente da intenção ou hierarquia. As condutas abusivas podem ser diretas, como acusações, insultos, humilhações públicas e alterações deliberadas na carga de trabalho, ou indiretas, como propagação de boatos, isolamento social e recusa de comunicação. Exemplos específicos dessas práticas são listados na política, como deterioração das condições de trabalho ou estudo, desqualificação recorrente, humilhações, disseminação de boatos, desrespeito às limitações de indivíduos, imposição de regras personalizadas mais severas, discriminação por raça, gênero ou orientação sexual, e a criação de ambientes hostis.

A política é orientada por princípios como o respeito à dignidade da pessoa humana, a garantia de um ambiente institucional sadio, seguro e sustentável, o sigilo e tratamento humanizado às partes envolvidas, o respeito à diversidade e o enfrentamento à discriminação, além do resguardo da ética profissional. Busca-se promover um ambiente saudável, respeitoso e inclusivo por meio de uma abordagem integrativa que considere os contextos organizacional, sociocultural, institucional e individual. Essa abordagem incentiva a cultura do respeito mútuo e da resolução dialogada de conflitos. Os objetivos da política incluem o desenvolvimento de ações pedagógicas, campanhas e capacitações, a identificação de situações de risco, o acolhimento e acompanhamento de pessoas em sofrimento psíquico e o tratamento adequado das denúncias.

Para prevenir e enfrentar o assédio moral, a política prevê quatro frentes principais: divulgação, capacitação e acesso à informação; acolhimento e acompanhamento à saúde biopsicossocial; ações administrativas e práticas restaurativas para resolução de conflitos; e tratamento das denúncias. No campo da prevenção, destaca-se a realização de atividades contínuas de letramento e sensibilização sobre assédio, capacitações para mediação de conflitos e para gestores, e a criação de mecanismos que identifiquem riscos psicossociais e possíveis casos de assédio. No enfrentamento, incluem-se medidas como promoção da saúde da comunidade universitária, acolhimento dos manifestantes com orientação sobre ações administrativas e de saúde, acompanhamento das demandas relacionadas à saúde e o tratamento das denúncias. Em casos graves, pode ser proposta a movimentação interna de servidores envolvidos como medida emergencial para restabelecer um ambiente saudável, sem prejuízo de outras ações administrativas e legais.

As denúncias devem ser formalizadas por meio da Ouvidoria da UFSC, utilizando a plataforma Fala.br. Qualquer pessoa que se sinta alvo ou tenha conhecimento de situações de assédio pode registrar a denúncia, sendo dever das chefias comunicar tais situações à autoridade competente. A Ouvidoria encaminhará as denúncias que contenham elementos mínimos de autoria e materialidade ao setor responsável pela apuração e orientará sobre os serviços institucionais de acolhimento e acompanhamento à saúde. A apuração seguirá normativas específicas conforme o vínculo do denunciado: a Corregedoria-Geral da UFSC será responsável por casos envolvendo servidores, podendo encaminhá-los à Comissão de Ética; situações relacionadas a discentes seguirão regulamentações próprias; casos de trabalhadores terceirizados serão tratados com base na gestão do contrato; e a Comissão Intersetorial atuará em situações de outros vínculos. Se forem constatados ilícitos penais, cópias das denúncias poderão ser enviadas às autoridades competentes. O processo disciplinar garantirá o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Durante o trâmite, o acesso à documentação será restrito a terceiros, sendo liberado após a conclusão, com exceção de dados sigilosos. Manifestantes que apresentarem denúncias não anônimas serão informados sobre o resultado final.

 

Tags: Conselho UniversitárioPolítica de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio MoralProdegespUFSC

Vice-reitora da UFSC palestra na 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres

28/08/2025 10:24

A vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joana Célia dos Passos, desempenhou um papel de destaque na 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, realizada nos dias 27 e 28 de agosto, em Florianópolis. Além de integrar a mesa de abertura do evento, também ministrou a palestra do Eixo 3 – Mais Democracia e Participação Social -, alinhando sua fala ao tema central da conferência: “Mais Democracia, Mais Igualdade e Mais Conquistas para Todas”.

O evento em Florianópolis reuniu cerca de 300 participantes, entre gestoras públicas, lideranças sociais, conselheiras e cidadãs de todas as regiões do estado. Entre as autoridades, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e a secretária Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, Sandra Kennedy. As diversas vozes presentes evidenciaram discussões multifacetadas sobre os direitos e desafios enfrentados pelas mulheres. As participações abordaram a violência de gênero em suas diversas formas e a necessidade de políticas públicas eficazes, proteção, orçamento dedicado, cobrança e construção dessas iniciativas. Além disso, foi ressaltada a importância da representação feminina em espaços de poder como meio de criação e implementação de leis e programas que garantam igualdade, autonomia econômica e social, e atendimento integral às mulheres, especialmente as mais vulneráveis como indígenas, negras, quilombolas, imigrantes, pessoas em situação de rua e mães atípicas.

Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, participa da abertura da 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, em Florianópolis. Na mesa a participação da vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos. Foto: Divulgação

Em sua abordagem, a professora Joana Célia dos Passos sublinhou que a democracia, o “único sistema político que tem como princípio direitos”, somente se sustenta com a participação social. Para ela, a participação em conselhos, sindicatos, partidos políticos e parlamentos é fundamental para a consolidação democrática, criando espaços de “disputa política e de embates” que, apesar das divergências, visam a construção de projetos para a nação, o estado e os municípios. A vice-reitora enfatizou a importância da representação feminina em todas as esferas, onde as mulheres podem e querem estar.

Abordando as duras realidades enfrentadas pelas mulheres, Joana não hesitou em classificar os dados apresentados por outras palestrantes como “assustadores e ao mesmo tempo necessários”. Ela ousou afirmar que, com mais mulheres nos espaços de poder – referindo-se àquelas que defendem a transformação social e se posicionam contra o machismo e a misoginia – muitas das situações atuais já estariam alteradas. Joana destacou a persistência da violência política contra mulheres em Santa Catarina, mencionando casos em Joinville, Florianópolis, Brusque, Criciúma e Chapecó. Ela ressaltou que a legislação existente para combater a violência política, de 2014, embora importante, “não protege todas as mulheres”, focando exclusivamente naquelas em exercício do Executivo ou Parlamento, deixando de fora muitas outras lideranças.

A vice-reitora questionou a imagem esperada das mulheres na liderança, evocando a frase da ex-presidenta Dilma Rousseff: “Eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos”. Ela argumentou que as mulheres são frequentemente “intimidadas” e retaliadas por suas posturas, e que é crucial que elas permaneçam nesses espaços apesar das violências diárias. Para Joana, a capacidade de as mulheres colocarem a defesa de seus pares e o enfrentamento às violências na pauta permanente é inegável, e sua presença nesses locais “aumenta a chance de construirmos políticas mais efetivas para as mulheres”.

Com uma visão pragmática, a docente reiterou a mensagem de que “sem orçamento não existem” políticas públicas. Ela celebrou as conquistas já alcançadas, como o aumento da ocupação de mulheres nas câmaras de vereadores, assembleias e parlamentos, fruto de uma luta histórica por mais espaço. No entanto, a necessidade de ir além e garantir que as leis existentes se concretizem na prática, com o devido financiamento, foi um ponto crucial de sua fala.

Ao finalizar, a professora Joana Célia citou que “a noite não adormece nos olhos das mulheres, há mais olhos que sono”. Ela enfatizou que o trabalho e a luta das mulheres não são apenas para si, mas para transformar a vida de todos ao seu redor, citando programas como o “Minha Casa Minha Vida” onde a gestão feminina dos recursos se mostrou mais eficaz para a família. A vice-reitora concluiu encorajando as mulheres a enfrentar os espaços de poder com a “capacidade que nós temos, com esse nosso jeito de ser mulher braba também”, exigindo tratamento igualitário e combatendo “qualquer tentativa de violência contra nossa existência”.

A conferência foi promovida pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim/SC), em parceria com a Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família (SAS). O Cedim/SC é uma instância permanente, deliberativa e consultiva, composta de forma paritária entre governo e sociedade civil. Sua atuação inclui a formulação de diretrizes e políticas públicas voltadas à garantia dos direitos das mulheres, além de exercer o controle social e contribuir para o fortalecimento das políticas de igualdade de gênero. Durante a conferência, as delegadas presentes terão o compromisso de eleger as 74 representantes para a etapa nacional do evento, que será realizada em Brasília, de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025.

 

Assista o debate na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Tags: 5ª Conferência Estadual de Políticas para MulheresCedimConselho Estadual dos Direitos da MulherJoana Célia dos PassosMárcia LopesMinistério das MulheresSecretaria de Estado da Assistência SocialUFSCViolência de gênero

Cannabis Medicinal: UFSC reforça necessidade da cadeia produtiva e de conhecimento em SC

26/08/2025 10:59

Audiência pública realizada no dia 25 de agosto, na Alesc, sobre a regulamentação e o uso da Cannabis Medicinal no estado. Imagem: TVAL

A audiência pública realizada na noite desta segunda-feira, 25 de agosto, no Auditório Antonieta de Barros, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), fortaleceu o debate sobre a regulamentação e o uso da Cannabis Medicinal no estado, ampliando o diálogo com a sociedade sobre os benefícios e desafios relacionados ao seu uso terapêutico no tratamento de doenças crônicas e neurológicas.

O evento reuniu parlamentares, médicos, pesquisadores, advogados, pacientes, cuidadores e familiares para discutir políticas públicas que garantam maior acesso da população catarinense aos tratamentos à base de cannabis, enfrentando barreiras legais e econômicas que impõem dificuldades a diversas famílias. Atualmente, muitos pacientes dependem de processos judiciais ou da importação de medicamentos de alto custo, o que limita o direito constitucional à saúde.

Entre os pontos centrais do debate foi a ampliação do acesso à cannabis medicinal como recurso terapêutico para diferentes condições de saúde, a redução da judicialização e o fortalecimento da pesquisa científica sobre o tema. Além disso, foi discutida a criação de uma cadeia produtiva própria em Santa Catarina, com potencial para gerar emprego, renda e inovação. A audiência também abordou experiências já existentes no estado e no Brasil, incluindo aspectos relacionados à regulamentação, distribuição, prescrição médica e acompanhamento dos tratamentos.

A discussão da temática foi promovida pela Comissão de Saúde da Alesc e pelo Gabinete da deputada estadual Ana Paula da Silva (Paulinha), após a implementação da Lei Estadual 19.136 de 2024, que regulamenta o fornecimento de medicamentos à base de cannabis por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), abordando aspectos legais, médicos, sociais e sanitários. A audiência destacou a experiência e os desafios enfrentados por pacientes, famílias e associações, como a Santa Cannabis, na busca por acesso e qualidade do tratamento. Além disso, foram apresentadas evidências científicas e propostas de colaboração entre entidades governamentais, universidades e associações para otimizar a produção local, capacitar profissionais de saúde e expandir o alcance da terapia. O evento, ainda, reforçou a necessidade de superar barreiras burocráticas e ideológicas para garantir que mais catarinenses se beneficiem da cannabis medicinal.

Na mesa de abertura a participação de dois professores da UFSC: Rubens Nodari, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), e Rui Prediger, do Centro de Ciências Biológicas (CCB). Ambos os pesquisadores reiteraram a importância da ciência e da pesquisa para o avanço do uso da cannabis medicinal, bem como a necessidade de quebrar preconceitos e criar uma cadeia produtiva e de conhecimento em Santa Catarina. Também acompanharam a audiência o pró-reitor de pesquisa e Inovação da Universidade, Jacques Mick, e a professora do CCA e diretora de Pós-Graduação da UFSC, Rosete Pescador.

O professor de Agronomia, Rubens Nodari, contextualizou que “a cannabis é uma das cinco plantas sagradas da China” e “foi utilizada como alimento pelas antigas civilizações, devido à similaridade de seus grãos com outros cereais”. Nodari ressaltou que a proibição da planta se estabeleceu por interesses econômicos devido aos seus inúmeros benefícios.

O professor Rubens trouxe a mensagem de colegas da UFSC e de outras faculdades de Agronomia do estado que pesquisam formas de produção em conjunto com as associações. Ele sugeriu que é possível avançar no desenvolvimento da cultura da cannabis através de “estudos de aclimatação, diminuição do custo de produção, propagação adequada e desenvolvimento de variedades que, eventualmente, tenham a combinação de compostos mais adequados para diferentes patologias”.

Nodari defendeu a ampliação da produção “junto à agricultura familiar, de forma agroecológica e sem o uso de químicos”, para preservar os compostos da planta. Ele argumentou que isso fortaleceria a cadeia produtiva e traria independência ao país no tratamento da saúde, promovendo um acesso mais justo e democrático.

O docente mencionou que, nos Estados Unidos, a área cultivada de cannabis dobra anualmente, com produtores de soja migrando para esse mercado. No entanto, esses produtos são exportados para o Brasil a “preço de ouro”. A participação da agricultura catarinense, segundo ele, visa criar uma cadeia produtiva local e evitar essa dependência.

O professor de Farmacologia, Rui Prediger, abordou que a UFSC “é protagonista nas pesquisas que envolvem substâncias canabinoides”, com estudos iniciados já na década de 1980 pelo professor Reinaldo Takahashi. Atualmente, o CCB “conta com mais de 800 pesquisadores e dezenas de laboratórios” dedicados a essas investigações.

Em colaboração com o professor Francisney Nascimento, a UFSC tem conduzido “os dois maiores estudos a nível mundial com doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, realizados em solo brasileiro e catarinense”.

Um ponto crucial, segundo Prediger, é “a capacitação dos profissionais de saúde”, não apenas médicos, mas também enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas. Ele mencionou o curso de Endocanabinologia da UFSC, em parceria com o Instituto Dalla, que “já capacitou mais de 2 mil profissionais no Brasil e países vizinhos”.

O professor Rui explicou que a Endocanabinologia estuda as substâncias canabinoides produzidas pelo próprio organismo humano e de outros animais. “Com o envelhecimento ou em condições patológicas, pode haver um desequilíbrio na produção dessas substâncias”. O tratamento com cannabis, nesse contexto, é visto como uma reposição de substâncias naturais, similar à reposição hormonal ou de vitaminas.

Prediger concluiu reafirmando que a UFSC, juntamente com a comunidade catarinense e os parlamentares, “está à disposição para ampliar essa formação tanto para estudantes da área da saúde quanto para profissionais de todo o estado”.

“Hoje temos uma discussão mais ampla sobre o medicamento, mas precisamos, de fato, das plantas para produzir esses medicamentos ou os compostos”, afirmou a professora Rosete Pescador, em sua participação na audiência. Ela sugeriu que a Secretaria da Agricultura deveria participar mais ativamente desse debate, com o objetivo de promover uma colaboração mais próxima com a agricultura familiar. “O plantio da cannabis na agricultura familiar, além de garantir a produção dos compostos, também fortalece a própria agricultura familiar no sentido de ganho financeiro”, destacou.

Rosete também apontou os desafios enfrentados pelas universidades no desenvolvimento de pesquisas relacionadas à planta, principalmente pela falta de segurança jurídica. A pesquisadora ressaltou ainda as potencialidades do CCA para contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva da cannabis. “Temos muitas expertises no CCA que poderiam contribuir para o melhoramento das plantas, o controle de doenças e a propagação, especialmente em sistemas indoor, que é onde atuo como pesquisadora”, explicou.

Por último, a docente destacou a importância de a Universidade estar inserida em todas as etapas do processo. “Acho que esse momento é muito importante para fortalecermos essa linha e avançarmos nos passos necessários para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva”, concluiu.

Assista à audiência pública na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Tags: AgronomiaAlescCannabis MedicianlCCACCBFarmacologiaFrancisney NascimentoInstituto DallaJacques MickPropesqRubens NodariRui PredigerSanta CannabisSUSUFSC