Conselho Universitário aprova por unanimidade a política de internacionalização da UFSC

02/12/2025 17:05

O Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reunido na tarde desta terça-feira, 2 de dezembro, analisou e aprovou a proposta de Resolução Normativa que trata da Internacionalização. A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal do CUn no YouTube.

A referida pauta recebeu pedido de vistas na sessão anterior pelo conselheiro Juarez Vieira do Nascimento, que, nesta sessão, leu o seu parecer sobre a proposta de Resolução Normativa que institui e regulamenta a Política de Internacionalização da UFSC, requerida pela Secretaria de Relações Internacionais (Sinter).

O documento apresentado incorpora integralmente as sugestões do relator original, Luiz Gustavo da Cunha de Souza, e agrega contribuições consensuadas com a Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) e com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Propg).

Segundo o parecer, a experiência “exitosa” do Plano Institucional de Internacionalização no âmbito da CAPES-PRINT/UFSC consolidou e diversificou parcerias, incrementou colaborações e intercâmbios, fortaleceu competências globais e interculturais e ampliou publicações com pesquisadores de alto impacto. O relatório destaca ainda a expansão de disciplinas com docência compartilhada, a contratação de professores visitantes estrangeiros, a organização de eventos internacionais e o apoio à mobilidade de estudantes, técnicos-administrativos em educação e docentes. Para Nascimento, a política é “altamente justificada e necessária” para promover, de forma contínua e articulada, a inserção da UFSC em redes e cooperações internacionais, com vistas à excelência acadêmica, científica e social e à promoção de “uma sociedade justa e democrática”.

O parecer recomenda que a política seja aprovada no formato de artigos — e não como anexo — em consonância com o Decreto nº 12.002/2024, que regula a elaboração e consolidação de atos normativos. A análise de resoluções do CUn aprovadas desde 2020 (10) mostra que a maioria (8) já adota o formato por artigos. “A mudança para o formato de artigos é justificada pela necessidade de padronizar marcos regulatórios desta natureza”, registra o relator, ressaltando a importância do Guia Prático de Elaboração de Documentos Oficiais e Atos Normativos da UFSC e o trabalho de revisão técnica realizado por servidores do Gabinete da Reitoria.

Entre os ajustes textuais propostos, o parecer sugere alterar o caput do Art. 5º para “A UFSC contempla as seguintes iniciativas de internacionalização, entre outras:”, com a inclusão de dois incisos: “produção científica e tecnológica com parceiros internacionais” e “implementação de programas e ações de formação de docentes, técnico-administrativos em educação e estudantes da educação básica, da graduação e da pós-graduação em contextos internacionais”.

Na governança, o parecer propõe que a CPInter passe a se chamar Comitê Permanente de Internacionalização, alinhando-se à experiência da Propg com comitês de planejamento e gestão, a exemplo do Comitê do PROAP/CAPES. O Comitê teria competência para assessorar a gestão dos recursos do futuro Fundo de Apoio à Internacionalização (Art. 10) e para apreciar recursos de decisões da Sinter (Art. 17), o que, segundo Nascimento, “valoriza a sua atuação na gestão institucional da internacionalização”.

A estrutura de gestão reconhece as competências da Sinter e as responsabilidades compartilhadas com órgãos e unidades, sobretudo na condução de programas financiados por agências de fomento. Por isso, o parecer propõe ajustar a redação do inciso III de suas atribuições para “implementar programas governamentais e institucionais de internacionalização dos cursos de graduação e da educação básica” e incluir o inciso VI: “apoiar a implementação de programas governamentais e institucionais de internacionalização da pós-graduação”.

O texto também elimina termos genéricos como “unidades acadêmicas e administrativas”, adotando nomenclaturas previstas no Estatuto e no Regimento Geral da UFSC. “Ressalta-se que as iniciativas da Política de Internacionalização da UFSC serão implementadas de acordo com diretrizes estabelecidas pela Sinter”, afirma o parecer.

Para capilarizar a política, o documento recomenda que cada unidade universitária nos campi tenha, no mínimo, um docente e/ou técnico-administrativo como agente de internacionalização, e que cada pró-reitoria, secretaria e órgão suplementar conte com pelo menos um técnico-administrativo na mesma função. Entre as competências desses agentes, o parecer elenca: participar da recepção semestral à comunidade internacional, organizar acolhimentos e reuniões nas unidades, promover eventos e visitas internacionais, apoiar a execução de programas de internacionalização e “assumir outras atribuições conforme diretrizes da Sinter”.

Considerando que, atualmente, a Sinter auxilia presencialmente a comunidade internacional apenas no campus sede de Florianópolis para emissão e renovação do Registro Nacional Migratório (RNM), o parecer introduz parágrafo para que agentes dos campi auxiliem o mesmo procedimento junto às Delegacias de Polícia de Imigração em suas regiões.

O relatório destaca a “necessidade urgente” de instituir o Fundo de Apoio à Internacionalização (FAI), composto por 5% do valor arrecadado pelo Fundo de Desenvolvimento Institucional (FDI). Embora o FAI seja considerado “imprescindível”, o montante dependerá das disponibilidades do Programa Institucional de Desenvolvimento das Atividades de Pesquisa (PIDAP), gerenciado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propesq), que já destina recursos de ressarcimento pelo uso da infraestrutura de pesquisa — e que hoje financia, por exemplo, o Fundo de Apoio ao Esporte.

O parecer menciona outros fundos existentes, como o Fundo de Extensão (Funex) e o Fundo de Apoio à Pós-Graduação, salientando que estes têm recursos limitados e não poderiam, por si sós, sustentar a política de internacionalização. A redação do Art. 14 foi aperfeiçoada “para esclarecer a proveniência dos recursos” que financiarão a política e suas iniciativas.

A versão final da minuta incorporou as sugestões do relator original, as propostas do parecer de vistas e os consensos construídos durante a sessão do CUn. Após esses ajustes, a política foi colocada em votação, sendo aprovada por unanimidade pelo plenário.

 

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Colegiado discute as políticas de internacionalização e de combate ao assédio e à discriminação na UFSC

18/11/2025 18:30

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) debateu nesta terça-feira, 18 de novembro, duas resoluções normativas que estabelecem diretrizes institucionais para a Internacionalização e para o Combate ao Assédio e à Discriminação. A reunião, transmitida ao vivo pelo canal do YouTube do CUn, teve sua ordem do dia invertida e iniciou com a discussão sobre internacionalização.

Internacionalização

A proposta para instituir e regulamentar a Política de Internacionalização da UFSC foi apresentada pela Secretaria de Relações Internacionais (Sinter), com relatoria de Luiz Gustavo da Cunha de Souza. A secretária de Relações Internacionais, Fernanda Leal, participou da discussão.

A nova política busca “promover, de forma contínua e articulada, a permanente inserção da Universidade em redes e cooperações internacionais”. O documento define internacionalização como “um processo institucional e intencional”, composto por “um amplo conjunto de interações com a comunidade internacional de indivíduos, redes e instituições”, tendo como foco a qualidade e relevância da UFSC no ensino, pesquisa, extensão e gestão.

A proposta ancora-se em princípios de multilateralismo, multilinguismo e solidariedade internacional, com compromisso explícito com a justiça social e epistêmica. O texto enfatiza que a UFSC “valoriza a cooperação com o Sul Global” e defende acordos “horizontais, recíprocos e não colonizadores”.

A política organiza-se em nove eixos estratégicos: linguagem e multilinguismo, com valorização da língua portuguesa e ampliação do acesso a outros idiomas; mobilidade de estudantes e servidores; internacionalização do currículo, com práticas pedagógicas voltadas à “descolonização do saber”; pesquisa, inovação e transferência de tecnologia; extensão internacional; acolhimento e integração da comunidade internacional; estabelecimento de parcerias e redes com “diversidade geográfica e valorização do Sul Global”; e partilha de experiências internacionais.

A execução ficará sob coordenação da Sinter, em articulação com a Comissão Permanente de Internacionalização (CPInter) e com agentes de internacionalização nas unidades acadêmicas e administrativas.

Na ausência justificada do relator, o conselheiro Alex Degan fez a leitura do parecer. Para o relator, a política é “tema primordial para a tentativa de estabelecimento da UFSC como instituição líder de rede”. Ele sustenta que o texto deve ressaltar valores e objetivos estratégicos vinculados à “produção e circulação de excelência nos âmbitos da pesquisa, ensino e democratização de saberes”, propondo apenas ajustes de organização e linguagem para “maior precisão da redação”. “Sou de parecer favorável à sua aprovação”, finalizou.

Após um pedido de vistas, o assunto será retomado em sessão futura.

Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação

A proposta destinada a instituir a Política de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação no âmbito da UFSC foi apresentada pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), com relatoria do conselheiro Jorge Cordeiro Balster.

O relator afirma que a proposta é “oportuna ao responder uma demanda histórica da comunidade universitária” e que “dá objetividade e procura dar eficiência às ações da instituição”, ao definir procedimentos, responsabilidades e uma rede de acolhimento. Segundo Balster, “o assédio e a discriminação não podem ser ignorados ou tratados como uma questão menor”, e a política exigirá “uma mudança cultural” na universidade.

O parecer destaca o amplo amparo jurídico da proposta, que se fundamenta na Constituição Federal, na Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, na Lei nº 14.540/2023 sobre prevenção ao assédio sexual no serviço público, e na Portaria Normativa nº 6.719/2024 do MGI, que criou o Plano Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação. A minuta também referencia resoluções internas da UFSC sobre Enfrentamento ao Racismo Institucional e Ações Afirmativas para pessoas trans.

Para Balster, trata-se de um marco aguardado há anos. “Com esta minuta, atende-se, enfim, ao acordo firmado nas negociações que encerraram a greve dos TAEs de 2015”, diz o parecer. Ele ressalta que o tema é “caríssimo à categoria dos técnicos administrativos em educação”, sem perder de vista os impactos sobre docentes e estudantes.

A política organiza-se em torno de princípios como dignidade da pessoa humana, ambiente institucional seguro, sigilo e tratamento humanizado às vítimas, proteção à diversidade e grupos vulnerabilizados. Entre os objetivos, o relator sublinha “a identificação de situações que possam favorecer comportamentos assediadores e/ou discriminatórios, propondo as intervenções necessárias”. Para ele, é crucial enfrentar “a cultura vigente dentro das universidades e o seu modelo de gestão que estrutura o desequilíbrio de poder entre as diversas categorias”.

O enfrentamento será estruturado em três frentes: acolhimento e acompanhamento biopsicossocial; ações administrativas e práticas restaurativas; e tratamento formal das denúncias. Balster considera a rede de acolhimento “a questão central para a viabilização da política”, que incluirá setores como Prodegesp, Proafe, PRAE, Prograd, Ouvidoria, Comissão de Ética, NDI e CA, além da futura Comissão Intersetorial Permanente de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação.

O relator propõe aperfeiçoamentos na proposta, incluindo a previsão de que cada unidade e setor definam “equipes responsáveis pelas ações de acolhimento” e a garantia de “capacitação específica” aos membros da rede. O parecer também valoriza a inclusão de trabalhadoras e trabalhadores terceirizados entre os públicos da política.

“Manifesto meu parecer favorável à aprovação da minuta, com o acatamento das sugestões de ajuste redacional e técnico-normativo apresentadas”, conclui o relator. Em tom de reconhecimento, ele registra “mérito e reconhecimento a todas as pessoas” que contribuíram com o texto, “amplamente fundamentado em referências técnicas, legais e institucionais”.

O parecer foi aprovado por unanimidade. “Esta política representa um marco institucional” e reafirma “o compromisso da universidade com a dignidade humana”, afirma Balster.

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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UFSC homenageia o filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha

12/11/2025 08:34

O filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha é homenageado na UFSC. Foto: Divulgação

O Instituto Kadila de Estudos Africanos e das Diásporas promoveu, nesta terça-feira, 11 de novembro, sua edição anual do Seminário que homenageia personalidades do pensamento africano. Neste 2025, o evento foi dedicado ao filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha, reitor da Universidade Técnica de Moçambique e reconhecido como o mais importante intelectual contemporâneo do país.

A conferência online, transmitida simultaneamente para o Brasil (9h) e Moçambique (14h), teve como tema “Das guerras coloniais às crises políticas atuais em África”. A abertura e mediação ficou a cargo da professora Ilka Boaventura Leite, do Departamento de Antropologia, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. O evento contou ainda com a presença do reitor da Universidade, Irineu Manoel de Souza; da secretária de Relações Internacionais, Fernanda Leal; e do diretor do CFH, Alex Degan.

O reitor Irineu destacou a existência de vários projetos e intercâmbios da UFSC com a Universidade Técnica de Moçambique, e que são essas parceiras que tornam “a Universidade plural e preocupada com as questões mundiais”. Ele também ressaltou a importância em homenagear o professor Severino, confirmando a relevância de seus estudos para os dois países.

“Hoje celebramos a trajetória de um dos mais importantes pensadores contemporâneos de Moçambique. Sua obra está comprometida com os diversos dilemas e desafios das sociedades africanas e oferece contribuições valiosas para a construção de outras epistemologias”, reforçou a secretária Fernanda (Sinter). A filosofia africana, com sua força ética e epistêmica, “nos ajuda a romper com os paradigmas eurocentrados que ainda estruturam nossa Universidade, nosso ensino, nossa pesquisa e a própria internacionalização da educação superior”, complementou.

Fernanda também destacou o papel do Instituto Kadila, vinculado à UFSC, na promoção dos estudos africanos e afro-brasileiros. O trabalho do Instituto “tem sido fundamental para que a internacionalização da Universidade não seja apenas geográfica, mas também política e epistemológica”. Para a gestora, a UFSC tem buscado consolidar relações internacionais mais simétricas, igualitárias e sensíveis à diversidade de saberes. Ela concluiu sua fala enaltecendo a importância do seminário que “certamente nos ajudarão a refletir sobre o papel de uma universidade pública na formação de uma cidadania crítica, plural e engajada”.

O diretor Alex Degan evidenciou que “o CFH é o maior centro de Filosofia e Ciências Humanas de Santa Catarina e um dos mais importantes do país. Aqui, apresentamos um crescimento exponencial dos estudos sobre a África e a diáspora afro-brasileira”. O dirigente realizou a leitura do Certificado de Reconhecimento de Mérito Acadêmico que descreve o professor Severino como um “intelectual de notável relevância e um dos mais expressivos nomes da filosofia moçambicana e lusófona”. Degan ressaltou que sua trajetória acadêmica é marcada por reflexões sobre “as realidades históricas, políticas e culturais do continente africano”. O texto também confirma seu papel decisivo na formação de novas gerações de pesquisadores, tanto por meio de sua atuação docente quanto por sua presença em instituições universitárias e culturais de destaque. “Sua obra ultrapassa fronteiras disciplinares e nacionais, inspirando reflexões sobre ética, política, identidade e modernidade em contextos diversos”, afirmou.

Em sua fala, o homenageado disse que “a filosofia nunca foi e nunca será um ato individual. É um ato coletivo em que muitas pessoas juntas se reúnem para construir algo em comum, uma comunidade epistêmica de saber”. Ele citou instituições e pessoas que foram fundamentais ao longo da sua caminhada, como a Universidade Pedagógica e a Universidade Técnica de Moçambique, “sem as quais qualquer tipo de reflexão ou de contribuição não teria sido possível”.

Severino também relembrou momentos marcantes de sua trajetória, como o período em que viajou em Roma, onde ocorreram as primeiras reflexões sobre a filosofia africana. A partir desta experiência, ao retornar a Moçambique, teve a oportunidade de criar novos currículos que rompiam com modelos coloniais e marxistas, incorporando pensamentos africanos, latino-americanos e interculturais.

Após a homenagem e agradecimentos, Severino contribuiu com uma reflexão profunda sobre os impactos históricos da colonização e seus desdobramentos na vida contemporânea do continente africano, abordando questões que afetam pessoas, instituições e nações.

O seminário contou ainda com as contribuições dos debatedores Adna Cândido de Paula, professora de Filosofia Africana e Afrodiaspórica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e João Lupi, professor adjunto da UFSC com especialização em História da Filosofia, Filosofia Medieval e da Religião.

Desde 2022, o Instituto Kadila promove o seminário como um espaço de discussão sobre temas centrais para os estudos africanos. Em 2023, o evento homenageou Sua Majestade o Rei dos Ovimbundus, do Reino do Mbailundo, Angola. A edição deste ano reafirmou o compromisso do Instituto com a valorização de saberes africanos e o fortalecimento de laços interculturais.

Assista à conferência completa:

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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Cônsul-Geral de Cuba visita UFSC e fortalece cooperação acadêmica entre países

07/11/2025 15:37

Ao centro, o embaixador de Cuba, Benigno Pérez Fernández, acompanhado do reitor Irineu Manoel de Souza e da vice-reitora Joana Célia dos Passos, e demais representantes da UFSC e de sua comitiva. Fotos: DI-GR/SECOM

O cônsul-geral de Cuba no Brasil, embaixador Benigno Pérez Fernández, realizou visita oficial ao Gabinete da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na manhã desta sexta-feira, 7 de novembro. O encontro marcou um importante passo no fortalecimento das relações acadêmicas e culturais entre Brasil e Cuba, com destaque para a retomada de parcerias históricas interrompidas pela pandemia de Covid-19.

A comitiva foi recebida pela gestão da universidade, com a presença do reitor Irineu Manoel de Souza, da vice-reitora Joana Célia dos Passos, do chefe de Gabinete Bernardo Meyer e da secretária de Relações Internacionais, Fernanda Leal. Durante a reunião, foram apresentados dados que evidenciam a trajetória da UFSC, uma instituição com quase 65 anos a serem completados em 18 de dezembro, já se consolidou como um dos principais centros de ensino do país.

Com 40 mil estudantes, 120 cursos de graduação, 156 programas de pós-graduação, cerca de 2.600 professores e 2.800 técnicos-administrativos, a UFSC é reconhecida como a melhor universidade do estado de Santa Catarina e uma das melhores federais do Brasil, com destaque na América Latina e no mundo. Os representantes da instituição ressaltaram que, mesmo enfrentando dificuldades orçamentárias frequentes, a universidade segue cumprindo seu papel de excelência, priorizando a inclusão e a permanência estudantil. A valorização da diversidade entre estudantes, docentes e técnicos foi apontada como uma das prioridades da gestão atual.

O encontro também contou com a participação das professoras Marília Gaia, do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, e Carmen Maria Olivera Muller, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, ambas do Centro de Ciências Agrárias (CCA). A presença das docentes reflete o interesse comum de Cuba e Brasil em temas relacionados à questão agrária e à produção de alimentos, áreas estratégicas para o desenvolvimento dos dois países.

Em sua primeira visita a Santa Catarina e Florianópolis, o embaixador Pérez Fernández destacou que a agenda foi planejada cuidadosamente, com prioridade para conhecer o principal centro de estudos do estado. O diplomata enfatizou a importância da cooperação acadêmica entre as universidades dos dois países e propôs o fortalecimento de parcerias que foram interrompidas durante a pandemia. Segundo ele, as universidades cubanas e brasileiras sempre mantiveram boa parceria, comunicação e cooperação, e agora é o momento de reiniciar essa colaboração, essencial para ambos os países, especialmente considerando o excelente nível das instituições brasileiras de ensino superior.

Durante a visita, Fernández convidou a UFSC e outras instituições brasileiras a participarem do evento internacional “Universidade 2026”, que será realizado em Cuba em fevereiro do próximo ano. O encontro, que ocorre anualmente e atrai professores e reitores de universidades brasileiras, terá como tema a educação superior. O embaixador manifestou o desejo de que o reitor da UFSC liderasse a delegação brasileira no evento.

O diplomata também apresentou a diversidade e especialização das universidades cubanas, destacando a Universidade de Havana, a mais antiga do país, com quase 300 anos de história. Ele explicou que há cerca de 30 ou 40 anos, Cuba decidiu dividir a universidade para criar outras instituições especializadas, como a Universidade de Ciências Médicas, a Universidade de Técnicas e Engenharia e a Universidade de Informática, todas abertas a parcerias internacionais. Fernández sugeriu que a UFSC organize uma delegação para visitar Cuba e explorar oportunidades de colaboração com essas instituições, dando continuidade à parceria histórica entre os dois países.

A secretária de Relações Internacionais da UFSC, Fernanda Leal, explicou que desde o início da atual gestão, a internacionalização da universidade foi orientada para fortalecer a cooperação com a América Latina. Ela anunciou um momento histórico para a instituição: no dia 18 de novembro, o Conselho Universitário deverá discutir e aprovar a primeira política de internacionalização da UFSC. Pela primeira vez, essa política faz menção direta ao Sul Global, o que é bastante significativo, já que as universidades brasileiras, historicamente, têm cooperado mais com o Norte do que com o Sul.

Fernanda destacou que a cooperação com Cuba se insere nesse cenário de busca por relações mais igualitárias, voltadas para desafios comuns. A UFSC já possui convênios formais com três universidades cubanas: a Universidade de Havana, a Universidade de Oriente e a Universidade de Ciências Médicas de Santiago de Cuba. A secretária revelou um histórico bastante significativo de cooperação, especialmente na área de Saúde, considerando a expertise cubana. Entre 2010 e 2016, a UFSC ofertou 11 cursos de especialização em Saúde com a participação de 2.716 estudantes cubanos, uma média de 247 por ano.

Apesar dos avanços, Fernanda reconheceu que ainda há muito a ser feito para ampliar a mobilidade acadêmica entre os dois países. A UFSC tem interesse em aumentar tanto a presença de estudantes cubanos na instituição quanto a de brasileiros em universidades cubanas, embora o número de estudantes envolvidos ainda não seja tão expressivo quanto o desejado. A secretária mencionou programas brasileiros como o Programa Estudante Convênio de Graduação e Pós-Graduação, que podem ser utilizados para fomentar esse intercâmbio. O programa de pós-graduação, que ficou parado por um tempo, foi retomado recentemente com muitas vagas, e também existe a possibilidade de intercâmbio na graduação.

A colaboração em pesquisa também foi destacada por Fernanda, que citou publicações conjuntas de pesquisadores da UFSC com várias universidades cubanas, incluindo a Universidade de Havana, a Universidade Tecnológica de Havana (especializada em Engenharia e Ciências Informáticas), a Universidade do Oriente e a Universidade Central de Las Villas. Além disso, a secretária mencionou o papel estratégico do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da UFSC para ampliar a cooperação acadêmica e cultural com a América Latina. O objetivo, segundo ela, é institucionalizar ainda mais as relações que já existem, para que mais pessoas fiquem sabendo e possam aproveitar essas oportunidades de cooperação.

A visita do embaixador Fernández a Florianópolis tem como motivação principal sua participação na conferência “Palestina Livre: Outro Mundo Imprescindível”, que será realizada na noite desta sexta-feira no auditório Henrique Fontes, no Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC. Rosangela Bion de Assis, presidente da Cooperativa Comunicacional Sul e jornalista do Portal Desacato, destacou que a organização do evento foi fruto de um esforço coletivo, com o apoio da Frente Catarinense de Apoio ao Povo Palestino e de quase 20 entidades sindicais, além de gabinetes políticos.

Rosangela ressaltou a relevância da comunicação independente que há anos se dedica à defesa das causas dos povos oprimidos. Como mídia independente e internacionalista, a Cooperativa sempre militou pelas causas dos povos oprimidos e excluídos no planeta. Para ela, a realização do evento na UFSC reforça o papel das universidades públicas como centros de conhecimento e espaços indispensáveis para a construção de um mundo mais justo, sendo a educação pública uma bandeira imprescindível para essa luta.

O embaixador Pérez Fernández, que atua em São Paulo e tem jurisdição sobre sete estados brasileiros, incluindo Santa Catarina, reforçou o compromisso de Cuba em estreitar os laços acadêmicos e culturais com as instituições brasileiras. O encontro foi considerado significativo para o fortalecimento das relações internacionais da UFSC, reafirmando o papel fundamental do ensino superior como ponte para o intercâmbio de conhecimentos e culturas entre nações.

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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Recepção à comunidade internacional marca início do semestre para estudantes de 20 países

08/08/2025 13:00

Estudantes internacionais vindos de 20 países são recepcionados pela UFSC. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom

Nesta sexta-feira, 8 de agosto de 2025, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) acolheu um grupo de estudantes internacionais vindos de 20 países em um evento realizado no auditório do Espaço Físico Integrado (EFI), no Campus Trindade, em Florianópolis. A recepção marcou o início do segundo semestre letivo de 2025 e contou com uma programação diversificada ao longo do dia.

Organizado pela Secretaria de Relações Internacionais (Sinter), em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd) e outros projetos institucionais, o evento teve como objetivo facilitar a adaptação dos estudantes internacionais à vida universitária e à cultura local. Voluntários(as) atuam como madrinhas e padrinhos, oferecendo suporte aos recém-chegados nesse momento de transição.

A recepção oficial começou às 9h, com a mesa de abertura composta pelo reitor Irineu Manoel de Souza, o secretário de Relações Internacionais, Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, e a diretora de Relações Internacionais, Fernanda Leal. Em seus discursos, os gestores destacaram a importância da internacionalização e apresentaram os serviços e a infraestrutura disponíveis aos 1.643 estudantes internacionais presentes na Universidade e que a escolheram para ser parte da sua trajetória acadêmica.

Reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza

O reitor Irineu Manoel de Souza enfatizou a relevância de um dos pilares da UFSC:

“A UFSC tem crescido muito no âmbito da internacionalização e é reflexo do trabalho coletivo e do compromisso com a excelência. A internacionalização da nossa Universidade acontece, sobretudo, por meio das pessoas. Estudantes, docentes e técnicos-administrativos fazem com que a UFSC seja reconhecida não apenas em Santa Catarina, mas em todo o Brasil, na América Latina e no mundo. Somos uma Universidade consolidada, com cerca de 120 cursos de graduação e 156 cursos de pós-graduação. E tudo isso é sustentado pelo nosso compromisso com a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão.”

Irineu também reforçou o compromisso fundamental da UFSC:

“Mesmo diante dos desafios financeiros enfrentados, a UFSC mantém políticas sólidas de apoio estudantil, pois acreditamos que inclusão e permanência são pilares fundamentais para a instituição. Trabalhamos incansavelmente para garantir que todos os estudantes que ingressam na UFSC tenham as condições necessárias para concluir seus cursos.”

Na sequência, o secretário Luiz Carlos apresentou um vídeo institucional que evidenciou a história, os valores e o impacto da Universidade na sociedade, com depoimentos de estudantes que vivenciam o ambiente acadêmico. Em outro momento de integração, o professor Luiz Carlos fez a tradicional apresentação dos(as) estudantes internacionais por país, mostrando a diversidade de origens e programas. Do total de 127, 120 participam do Programa Incoming, vindos de países como Alemanha, Espanha, Canadá, França, China e Noruega. Outros sete ingressaram pelo Programa Escala Estudiantes de Grado, da Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), oriundos da Argentina e do Uruguai. Já o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) trouxe quatro alunos de Angola, Cabo Verde, Chile e Timor-Leste, distribuídos entre os campi de Florianópolis e Joinville.

Apresentação da UFSC

A mesa de abertura composta pelo reitor Irineu Manoel de Souza, o secretário Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, e a diretora Fernanda Leal

Desde sua fundação em 1960, a UFSC tem desempenhado um papel essencial no desenvolvimento socioeconômico e cultural de Santa Catarina. Com presença em cinco cidades – Florianópolis, Araranguá, Curitibanos, Joinville e Blumenau –, a Universidade se destaca como uma instituição multicampi, democrática e comprometida com a diversidade.

Reconhecida como uma das melhores universidades do Brasil e da América Latina, a UFSC oferece desde a educação infantil até o doutorado, contando com uma comunidade acadêmica de aproximadamente 40 mil pessoas. Suas políticas de inclusão incluem ações pioneiras, como reserva de vagas para populações negras, indígenas e quilombolas, além de programas de permanência e assistência estudantil que beneficiam milhares de estudantes.

No campo da pesquisa e extensão, a UFSC mantém parcerias com órgãos públicos, associações civis e empresas privadas. Essa interação fortalece seu papel como promotora de inovação e transformação social.

A internacionalização é outro destaque da Universidade, promovendo a mobilidade de professores, estudantes e técnicos, além de incentivar o intercâmbio de conhecimento em um mundo globalizado. Para os estudantes internacionais, a UFSC busca oferecer uma experiência acadêmica, profissional e cultural enriquecedora.

Depoimentos

Cátia, estudante da França

Duas estudantes internacionais compartilharam suas expectativas em relação ao período de estudos no Brasil. Cátia Beatriz Silva Pinto, da Universidade Bordeaux Montaigne (França) e Patrícia (Li Jiayue), da Universidade Normal de Harbin (China), ambas no terceiro ano de Jornalismo, trouxeram perspectivas sobre suas escolhas e motivações.

Cátia, vinda da França, revelou ter escolhido a UFSC devido à atratividade de Florianópolis, conhecida por suas belas praias, pela hospitalidade dos brasileiros e pelas muitas festas, que pareciam ser legais e divertidas. Além disso, ela destacou o interesse pelo curso de Jornalismo da UFSC, que chamou sua atenção ao explorar o site da universidade. O curso, reconhecido como o melhor avaliado entre os cursos de Jornalismo pelo Ranking Universitário da Folha (RUF) 2024, foi um fator determinante em sua decisão. A estudante também mencionou que sua universidade possui um convênio internacional com a UFSC, o que facilitou sua vinda. Suas expectativas incluem fazer novas amizades, conhecer culturas diferentes, explorar o Brasil e se desenvolver academicamente.

Já Patrícia, que veio da China, explicou que sua decisão de estudar na UFSC foi motivada pelo desejo de aprimorar seu aprendizado de português, uma vez que não tinha muitas oportunidades para isso em sua universidade de origem. Assim como Cátia, ela conheceu a UFSC por meio de um convênio internacional firmado entre as instituições. Entre suas expectativas, a estudante destacou a vontade de conhecer e visitar o mar em Florianópolis, aproveitar o clima local e fazer novas amizades. Para ela, os brasileiros são pessoas acolhedoras e muito legais, o que aumenta ainda mais seu entusiasmo.

Patrícia, estudante da China

Ambas as estudantes demonstraram otimismo e animação com a oportunidade de estudar na UFSC, ressaltando não apenas os aspectos acadêmicos, mas também as experiências culturais e sociais que esperam vivenciar em Florianópolis. As histórias de Cátia e Patrícia reforçam a relevância dos convênios internacionais para promover o intercâmbio e despertar o interesse de estudantes internacionais.

A programação continuou com momentos de integração e apresentações culturais, como a da Bateria Universitária Devassa, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina (AAAMEDUFSC). No período da tarde estão previstas atividades culturais e visitas guiadas. Entretanto, devido ao mau tempo, o tour pela Fortaleza de São José da Ponta Grossa será remarcado, mantendo-se a visitação ao Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC (MArquE) e pelo campus Trindade.

Mais informações sobre os programas de mobilidade e acolhimento de estudantes internacionais podem ser acessadas no site da Sinter.

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Fotos: Gustavo Diehl | Agecom | SECOM
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Tags: ProgradRecepção à Comunidade InternacionalSinterUFSC
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