Reitor da UFSC recebe estudantes e professores do novo curso de Licenciatura em Educação Escolar Quilombola

28/11/2025 16:46

A Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recebeu, nesta sexta-feira, 28 de novembro, um grupo de estudantes – em sua maioria do Quilombo Invernada dos Negros, de Campos Novos (SC) -, além de docentes da Licenciatura em Educação Escolar Quilombola e representantes do Movimento Negro Unificado (MNU). Os visitantes também participam do I Encontro do Curso de Licenciatura em Educação Escolar Quilombola (EaD/Semipresencial), realizado nos dias 28 e 29 de novembro, na UFSC.

Integraram a agenda a coordenadora do curso, professora Maíra Samara de Lima Freire, do Departamento de Antropologia da UFSC, e Vanda Pinedo, representante do MNU, professora aposentada da rede estadual e docente na Educação Quilombola na modalidade EJA. O grupo foi recebido no Gabinete da Reitoria e, na sequência, iria visitar pró-reitorias estratégicas, em diálogo sobre a consolidação do curso – recém-implantado em formato EaD, com atividades presenciais no território.

Para a professora Maíra, a recepção institucional representa um passo simbólico e prático na trajetória da licenciatura. “Para muitas e muitos, este é o primeiro contato com a Universidade. É fundamental um acolhimento pensado para um curso que, embora seja EaD, tem especificidades porque parte das atividades ocorre dentro do território”, afirmou. Ela destacou que o encontro inaugura “um circuito de conversa e troca com a Reitoria”, fortalecendo o reconhecimento da iniciativa na UFSC. A coordenadora agradeceu “aos estudantes, aos colegas e à administração” pela acolhida que viabilizaram a agenda.

O reitor Irineu saudou o grupo e ressaltou o compromisso da UFSC com a inclusão. “Sejam todas e todos bem-vindos. Nossa Universidade é bem qualificada entre as federais, está entre as quatro melhores do Brasil”, disse. Ele lembrou que a instituição reúne cerca de 40 mil estudantes, mais de 2.800 técnicos-administrativos e 2.600 docentes. “A cada ano ampliamos cursos e programas de inclusão, buscando atender todos os setores da sociedade. Temos cotas raciais, indígenas e quilombolas”, afirmou. Apesar das restrições orçamentárias, o reitor frisou a continuidade das atividades: “Há uma luta constante para manter a Universidade funcionando, e felizmente temos conseguido. A UFSC é bem avaliada pelos órgãos educacionais e pela sociedade, e segue bastante procurada nos vestibulares”.

Na pauta, surgiram demandas de infraestrutura para o polo presencial no território. Maíra relatou que o Polo de Educação Escolar Quilombola “está em processo de consolidação” no Quilombo Invernada dos Negros e requer definição de espaço físico e de logística. “Hoje, embora o curso seja EaD, as aulas também ocorrem presencialmente e ainda não temos um local adequado para oferecê-las. Além disso, há o desafio do transporte: professores saem de Florianópolis para o território e nem sempre há condução para os estudantes”, apontou. Segundo a professora, a turma iniciou com 30 matriculados em abril e atualmente conta com 23 estudantes. “Temos uma rede de docentes da UFSC e convidados externos; é um curso financiado pela Capes. Este momento serve para compartilharmos como o curso se encontra e compreendermos como tem funcionado na prática”, completou. As visitas incluem a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), a Pró-Reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (Prae), a Pró-Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd) e o Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape).

Representando o MNU, Vanda Pinedo agradeceu a recepção e resgatou o histórico da luta pela licenciatura. “Lançar a licenciatura quilombola é um desafio que carregamos desde 2013. Conversamos sobre isso com o professor Irineu logo após sua posse. É um feito de 12 anos”, afirmou. Ela citou contribuições que “ajudaram a fazer, lá em 2013, o primeiro lançamento da perspectiva de uma licenciatura quilombola na UFSC”.

Vanda reforçou a defesa da universidade pública. “Queremos verba pública para a universidade pública. Refutamos que essa licenciatura seja ofertada por uma instituição privada”, disse. Segundo ela, o MNU “brigou para que a licenciatura saísse pela Universidade Federal”, por entender que são as universidades públicas que “acolhem as comunidades desfavorecidas”. “Às vezes somos criticados por não ter começado antes, mas não gostaríamos que o orçamento federal desse suporte a privadas que não acolhem nossas comunidades”, afirmou. Ela parabenizou a equipe: “Sob coordenação da professora Samara, queremos o melhor na formação superior dos estudantes quilombolas. Há passos a avançar em 2026 para melhorar a estrutura e dar andamento aos projetos, mas estamos extremamente felizes por a licenciatura ser uma realidade – e em uma universidade pública”.

Ao final, o reitor Irineu reiterou o alinhamento institucional com a iniciativa. Para ele, o momento “é importante” e está em sintonia com a função da universidade pública: “atender todas as dimensões da sociedade”. “A UFSC tem se esforçado, apesar das dificuldades, para ampliar a inclusão”, concluiu.

Sobre o curso

A Licenciatura em Educação Escolar Quilombola (LEEQ) EaD/UFSC é ofertada no âmbito do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica (Parfor Equidade).

O LEEQ/UFSC, na modalidade a distância e em regime de alternância, está vinculado ao Departamento de Antropologia e ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). O objetivo é formar profissionais para o exercício docente na educação básica, em escolas de comunidades quilombolas ou que atendem estudantes quilombolas.

A proposta habilita professoras e professores para atuar no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, nas áreas de Linguagens; Ciências da Natureza e Matemática; e Ciências Humanas e Sociais. Visa ao pleno exercício da docência em uma perspectiva plural, anticolonial e transformadora, ampliando o aporte estrutural e legal relacionado à realidade e aos territórios quilombolas.

A Educação Escolar Quilombola baseia-se solidamente na tradição quilombola e promove uma educação sociocultural que integra ancestralidade e territorialidade à prática pedagógica.

Divisão de Imprensa do GR | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: DI-GR | SECOM

Tags: Departamento de AntropologiaLicenciatura em Educação Escolar QuilombolaMovimento Negro UnificadoPiapePraeproafeProgradUFSC

Aprovada política de combate ao assédio e discriminação na UFSC: ‘um marco aguardado há anos’

19/11/2025 13:23

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (CUn/UFSC) aprovou, por unanimidade, a resolução normativa que estabelece diretrizes institucionais para a prevenção e enfrentamento ao assédio e à discriminação no âmbito da Universidade. A reunião foi realizada nesta terça-feira, 18 de novembro, e transmitida ao vivo pelo canal do YouTube do CUn.

A minuta de política institucional foi apresentada pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), com relatoria do conselheiro Jorge Cordeiro Balster.

O relator afirmou em seu parecer que a proposta é “oportuna ao responder uma demanda histórica da comunidade universitária” e que “dá objetividade e procura dar eficiência às ações da instituição”, ao definir procedimentos, responsabilidades e uma rede de acolhimento. Segundo Balster, “o assédio e a discriminação não podem ser ignorados ou tratados como uma questão menor”, e a política exigirá “uma mudança cultural” na Universidade.

O parecer destacou também o amplo amparo jurídico, fundamentada na Constituição Federal, na Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, na Lei nº 14.540/2023 sobre prevenção ao assédio sexual no serviço público, e na Portaria Normativa nº 6.719/2024 do MGI, que criou o Plano Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação. A minuta também referenciou normas internas da UFSC sobre Enfrentamento ao Racismo Institucional e Ações Afirmativas para pessoas trans.

Para Balster, trata-se de um marco aguardado há anos. “Com esta minuta, atende-se, enfim, ao acordo firmado nas negociações que encerraram a greve dos TAEs de 2015”, diz o parecer. Ele ressaltou que o tema é “caríssimo à categoria dos técnicos-administrativos em Educação”, sem perder de vista os impactos sobre docentes e estudantes.

A política organiza-se em torno de princípios como dignidade da pessoa humana, ambiente institucional seguro, sigilo e tratamento humanizado às vítimas, proteção à diversidade e grupos vulnerabilizados. Entre os objetivos, o relator sublinhou “a identificação de situações que possam favorecer comportamentos assediadores e/ou discriminatórios, propondo as intervenções necessárias”. Para ele, é crucial enfrentar “a cultura vigente dentro das universidades e o seu modelo de gestão que estrutura o desequilíbrio de poder entre as diversas categorias”.

O enfrentamento será estruturado em três frentes: acolhimento e acompanhamento biopsicossocial; ações administrativas e práticas restaurativas; e tratamento formal das denúncias. Balster considerou a rede de acolhimento “a questão central para a viabilização da política”, que incluirá setores como Prodegesp, Proafe, PRAE, Prograd, Ouvidoria, Comissão de Ética, NDI e CA, além da futura Comissão Intersetorial Permanente de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação.

O relator propôs aperfeiçoamentos na proposta, incluindo a previsão de que cada unidade e setor definam “equipes responsáveis pelas ações de acolhimento” e a garantia de “capacitação específica” aos membros da rede. O parecer também valorizou a inclusão de trabalhadores terceirizados entre os públicos da política.

Em tom de reconhecimento, Balster registrou “mérito e reconhecimento a todas as pessoas” que contribuíram com o texto. “Esta política representa um marco institucional” e “o compromisso da Universidade com a dignidade humana”, finalizou.

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Tags: CACombate ao Assédio e DiscriminaçãoComissão de ÉticaJorge Cordeiro BalsterNDIOuvidoriaPraeproafeProdegespProgradUFSC

Cinco professoras da UFSC são premiadas na 4ª edição do ‘Mulheres na Ciência’

16/10/2025 14:58

Prêmio Mulheres na Ciência foi entregue pela atual gestão da UFSC a cinco pesquisadoras da instituição. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom

A ciência protagonizada por mulheres foi celebrada e prestigiada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na tarde desta quarta-feira, 15 de outubro, na Sala dos Conselhos. Na quarta edição do Prêmio Mulheres na Ciência, a instituição reconheceu cinco trajetórias que impulsionam o conhecimento científico em suas áreas de conhecimento. Entre os objetivos da homenagem, sobressai o de inspirar estudantes — sobretudo jovens pesquisadoras — a enxergar a Universidade como espaço de oportunidades e de construção do futuro. A mensagem que o momento proporciona é que quanto mais diversa é a ciência, mais potente ela se torna.

O evento contou com as presenças e falas do reitor, Irineu Manoel de Souza; da vice-reitora, Joana Célia dos Passos; do pró-reitor de Pesquisa e Inovação (Propesq), Jacques Mick; e da pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), Leslie Sedrez Chaves — lideranças que também entregaram os diplomas às homenageadas do dia. A participação da gestão da UFSC simbolizou o compromisso institucional de avançar em políticas e ações concretas de valorização da ciência feita por elas.

Em uma cerimônia marcada por emoção e significado, as pesquisadoras expressaram sua gratidão à instituição pela criação da iniciativa e enfatizaram a relevância do prêmio, especialmente em um contexto onde as mulheres enfrentam jornadas múltiplas e desafios estruturais. Suas falas evidenciaram a força e a resiliência feminina na ciência, mostrando como, mesmo diante de adversidades, transformam suas trajetórias em inspiração e resultados que impactam positivamente a sociedade. O sentimento predominante foi de que a conquista vai além do âmbito individual, representando um triunfo coletivo que inclui colegas de trabalho, estudantes, familiares, amigos e, sobretudo, todas as mulheres que não tiveram as mesmas oportunidades.

Nesse contexto, a edição deste ano — realizada em data tão especial, no Dia do Professor — homenageou cinco docentes da UFSC em três grandes áreas do conhecimento.

 

Áreas do conhecimento Pesquisadora Categoria
Humanidades Aline Beltrame de Moura (Direito) Júnior
Elizete Vieira Vitorino (Ciência da Informação) Plena
Vida Ana Carolina Fernandes (Nutrição) Júnior
Exatas e da Terra Camila Fabiano de Freitas Marin (Química) Júnior
Cíntia Soares (Engenharia Química e Engenharia de Alimentos) Plena

 

Aline Beltrame de Moura

A professora destacou que a honraria vai além de resultados, “ele celebra trajetórias, escolhas difíceis, privações, muitas horas de estudo e, sobretudo, o trabalho coletivo de uma equipe incrível que eu tenho a felicidade de ter ao meu lado.” Além disso, ressaltou a importância da representatividade feminina na ciência, afirmando que “ver mais mulheres reconhecidas em todas as áreas do conhecimento é essencial para ampliar os horizontes da pesquisa e para que ocupemos o nosso espaço na ciência, sendo reconhecidas pelo nosso trabalho em igualdade de condições.”

Com 18 anos de trajetória na UFSC, onde foi estudante e agora atua como docente, Aline destacou o privilégio de coordenar projetos de pesquisa financiados internacionalmente, promovendo diálogos e boas práticas entre a Europa e a América Latina. Ela também mencionou seu trabalho no Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade, auxiliando pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de mediações extrajudiciais. “Se há uma palavra que resume o que aprendi nesse percurso, ela é o diálogo”, afirmou.

A professora Aline recebeu o diploma da pró-reitora Leslie

A professora agradeceu ainda à sua família que, segundo ela, provam ser possível equilibrar carreira e vida familiar. “Construímos juntos uma vida que me dão forças para seguir.” Ela também celebrou as amizades construídas na academia, reconhecendo colegas e orientandos pela troca de conhecimentos que renovam sua esperança no futuro. Finalizando, parabenizou as demais mulheres premiadas e reforçou a importância da UFSC como um espaço de pensamento crítico e transformação. “Que a UFSC siga sendo um lugar de esperança ativa”, concluiu.

Elizete Vieira Vitorino

A trajetória de Elizete foi marcada por dedicação e disciplina desde cedo. Antes de ingressar na docência, trabalhou em diversos empregos que, segundo ela, moldaram seu compromisso com horários e responsabilidades. Aos 23 anos, iniciou sua carreira como professora substituta e, desde então, a pesquisa se tornou uma constante em sua vida. “A pesquisa está na minha vida há muito tempo. Não é brincadeira, é trabalho duro, é disciplina”, afirmou, destacando o esforço por trás de sua jornada.

Atualmente, Elizete é referência nacional e internacional na área de competência em informação, com estudos financiados por instituições de apoio à pesquisa. Sua produção acadêmica a tornou a pesquisadora mais produtiva da América Latina nos últimos 20 anos em sua área. Em sua fala, agradeceu à UFSC e aos colegas que contribuíram para suas conquistas. “Agradeço imensamente à UFSC, aos meus colegas de trabalho, aos alunos de graduação, mestrado e doutorado, e aos integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Competência em Informação”, declarou.

A professora Elizete recebeu o diploma da vice-reitora Joana

Ao encerrar, Elizete reconheceu a importância do apoio de colegas e familiares ao longo de sua trajetória, especialmente durante suas formações e pesquisas. Recentemente, celebrou a conquista do título de professora titular, atribuindo esse marco ao trabalho coletivo e à paixão pelo ensino e pela pesquisa.

Ana Carolina Fernandes

A professora dedicou o prêmio “a todas as mulheres que não tiveram o mesmo privilégio que eu, às mulheres trans, às mulheres pretas e às demais que possuem a mesma ou até mais competência, mas que não tiveram as mesmas chances.” Emocionada, destacou que sua trajetória é fruto da educação pública de qualidade, desde a graduação em Nutrição até o doutorado, todos realizados na UFSC. “Tenho muito orgulho de ser fruto da UFSC e de poder devolver à sociedade o que recebi”.

Ela também celebrou o protagonismo feminino em seu curso, departamento e grupo de pesquisa, liderados por mulheres. Segundo ela, o grupo se tornou uma rede de apoio mútuo. “Nós somos mães, pesquisadoras e professoras, e não é fácil conciliar tudo, mas seguimos firmes porque acreditamos no impacto do nosso trabalho.” A professora compartilhou os desafios da maternidade durante sua carreira, como amamentar sua filha enquanto coordenava a pós-graduação e realizava pesquisas, enfatizando que tudo foi possível graças à persistência e ao apoio ao seu redor.

A professora Ana Carolina recebeu o diploma do pró-reitor Jacques

Por fim, destacou a relevância de suas pesquisas voltadas à rotulagem e regulação de alimentos, que têm influenciado políticas públicas no Brasil e no exterior. “Nosso objetivo é melhorar a alimentação da população e impactar positivamente a saúde pública.” Agradeceu à família, especialmente à filha, que considera sua maior inspiração. “Embora muitos acreditem que a maternidade seja um obstáculo, ela me tornou mais forte, empática e sensível”.

Camila Fabiano de Freitas Marin

Camila iniciou sua fala parabenizando pelo Dia do Professor e relembrou com carinho a influência dos professores em sua trajetória, desde o ensino infantil até a pós-graduação, mencionando especialmente uma professora do terceiro ano primário. “Ela provavelmente não se lembra mais de mim, mas eu jamais vou me esquecer dela. Foi em sua aula que, ao ser questionada o que queria ser quando crescesse, eu disse: ‘Quero ser cientista’. E aqui estou hoje, graças a essa inspiração inicial”, disse.

Sua trajetória acadêmica foi moldada por importantes orientadores e colegas que deixaram marcas profundas. Camila expressou gratidão ao professor Noboru Hioka, da Universidade Estadual de Maringá, que a ensinou que é possível ser um excelente professor, pesquisador e ser humano, e ao professor Ivan Muniz, supervisor de pós-doutorado, por lições de liderança e humildade. Ela também destacou a convivência com colegas de laboratório. “Aprendi muito com eles, porque essa convivência é essencial para o nosso crescimento.” Agradeceu ainda aos órgãos de fomento, que possibilitaram sua formação e mantêm suas pesquisas, além dos alunos, que aceitaram suas ideias ousadas e trouxeram novas perspectivas.

A professora Camila recebeu o diploma do reitor Irineu

Camila encerrou sua fala com uma mensagem inspiradora para pais, educadores e todas as pessoas que convivem com crianças: “Não deixem as meninas pensarem que existem limites. Elas precisam acreditar que tudo é possível, que qualquer profissão está ao alcance delas, desde que tenham esforço e dedicação.” Com emoção, dedicou o prêmio a Pedro, seu filho ainda por nascer, que já ocupa o centro de sua vida.

Cíntia Soares

“Este prêmio celebra não apenas uma trajetória pessoal, mas um caminho construído coletivamente. A ciência é um bem público, capaz de promover mudanças positivas na sociedade”, afirmou a professora, relembrando como sua curiosidade surgiu ainda na infância, ao brincar de cientista, misturando substâncias e criando experimentos. Esse interesse a levou à graduação em Engenharia Química na FURB, ao mestrado e doutorado na Unicamp e, finalmente, à UFSC, onde encontrou seu lar acadêmico e se consolidou como cientista, professora e formadora de novas gerações.

Ela compartilhou memórias de sua trajetória na UFSC, onde “iniciei um laboratório em um espaço emprestado, com duas mesas usadas, dois computadores doados e dois alunos de mestrado.” Um desses alunos, Natan Padoin, tornou-se seu parceiro de pesquisa, e juntos fundaram o Grupo I2P (Intensificação e Inovação em Processos Químicos e Biotecnológicos), que hoje desenvolve soluções sustentáveis e inovadoras. Entre seus maiores avanços, destacou o uso da Fluidodinâmica Computacional, ferramenta que otimiza processos químicos e biotecnológicos, promovendo eficiência e sustentabilidade. Com emoção, afirmou: “Ver meus ex-orientandos se tornarem docentes, pesquisadores e profissionais de destaque é o que mais me orgulha.”

A professora Cíntia recebeu o diploma da pró-reitora Leslie

A professora refletiu sobre os desafios de fazer ciência no Brasil, destacando a importância da disciplina, persistência e resiliência: “Foi com disciplina que construí, com persistência que enfrentei obstáculos e com resiliência que segui acreditando que valeria a pena.” Encerrou com uma mensagem aos jovens cientistas: “Sigam curiosos, persistentes e apaixonados. A ciência é feita de perguntas, erros e descobertas, mas, acima de tudo, de propósito. Quando fazemos ciência com propósito, construímos pontes entre o conhecimento e a esperança”.

A premiação

Criado na gestão anterior, em 2021, o prêmio foi mantido e reforçado pela atual administração. “Fizemos questão de dar continuidade e apostar no sentido que o prêmio tem de valorizar a agenda da igualdade”, afirmou o pró-reitor Jacques. Ele adiantou que o próximo edital do Mulheres na Ciência terá uma nova categoria para reconhecer servidores técnicos que atuam em pesquisa.

O pró-reitor frisou a motivação central do prêmio, que é o combate estrutural à desigualdade no país. Citando Darcy Ribeiro, declarou: “O Brasil é um país enfermo de desigualdade. E essa não é uma doença que a gente acaba da noite para o dia”. No balanço da gestão, afirmou que a premiação se soma a ações amplas para promover igualdade de gênero e racial. “Ainda não temos nem 8% de professores negros”, reconheceu, ao mesmo tempo em que apontou a relevância da visibilidade das mulheres, que são 45% do corpo docente: “A valorização do trabalho delas é um desafio constante”.

Mick também destacou projetos com potencial de transformação social; e uma política de bolsas desenhada para diminuir a sub-representação feminina em áreas tradicionalmente masculinas. Ao encerrar, reforçou que mudanças culturais exigem perseverança e têm produzido efeitos visíveis na comunidade acadêmica. Para ele, trata-se de “abrir espaço” e “valorizar a diferença”, combinando “rigor e afeto”, como mostraram as homenageadas na cerimônia. “Nós devemos admirar mulheres, entender e valorizar o que elas fazem”, concluiu

O prêmio contempla anualmente pesquisadoras, docentes e técnicas do quadro permanente da UFSC. As indicações são distribuídas em três categorias, definidas pelo tempo de ingresso na instituição:

  • Categoria Júnior: ingressos após 31/12/2013
  • Categoria Plena: ingressos entre 31/12/2000 e 31/12/2013
  • Categoria Sênior: ingressos antes de 31/12/2000

E tem como missão promover a equidade de gênero no ecossistema científico da UFSC, valorizando a produção de conhecimento, a inovação e o impacto social das pesquisas conduzidas por mulheres. Ao reunir diferentes áreas do saber e distintas gerações acadêmicas, a iniciativa amplia a visibilidade de resultados e referenciais, contribuindo para uma Universidade e uma ciência mais inclusivas.

As pesquisadoras receberam um diploma e será produzido um vídeo de divulgação científica, que será veiculado nos canais institucionais da UFSC e integrará a galeria Destaques na Ciência da Propesq — um acervo que busca ampliar o alcance do trabalho desenvolvido nos laboratórios, arquivos, clínicas e grupos de estudo da universidade.

Mais informações: propesq.ufsc.br

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom

Tags: Aline Beltrame de MouraAna Carolina FernandesCamila Fabiano de Freitas MarinCíntia SoaresDia do ProfessorElizete Vieira VitorinoGabinete da ReitoriaPrêmio Mulheres na CiênciaproafePropesqUFSC

Evento de acolhimento aos novos TAEs traz reflexões sobre o papel do servidor na UFSC

14/10/2025 13:36

Apresentações artístico-culturais marcaram a abertura do Evento de Acolhimento aos novos servidores. Fotos; Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

Quatro apresentações artístico-culturais da Companhia de Dança da UFSC marcaram a abertura do Evento de Acolhimento aos novos servidores técnicos-administrativos em Educação, realizado na tarde de segunda-feira, 13 de outubro, no Auditório da Reitoria. As performances, repletas de vigor estético e delicadeza, refletiram o espírito da programação, que buscou integrar e ambientar os recém-empossados da instituição. Além disso, o evento contou com uma palestra e um café de socialização, sendo transmitido online para agregar também os técnicos lotados nos campi da Universidade.

A iniciativa faz parte do Curso de Iniciação ao Ambiente Institucional, promovido pela Coordenadoria de Capacitação de Pessoas (CCP), vinculada à Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp). O curso, que será realizado de 13 de outubro a 17 de novembro de 2025, terá um formato híbrido, com carga horária de 33 horas, e visa oferecer subsídios essenciais para que os novos servidores construam suas trajetórias na UFSC.

Pró-reitora Sandra Regina Carrieri de Souza e o diretor do DDP Guilherme Fortkamp

A cerimônia contou com a presença de representantes da Prodegesp, como a pró-reitora Sandra Regina Carrieri de Souza e o diretor do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), Guilherme Fortkamp. Em sua fala, Guilherme destacou a importância do momento, tanto para os ingressantes quanto para a universidade, que se fortalece “com a chegada de vocês e das suas bagagens de conhecimentos, experiências, novas ideias e muita energia”. Ele apontou a UFSC como “um ambiente de crescimento profissional, de aprendizado contínuo e de realização pessoal” e ressaltou o papel de pertencimento como base do compromisso da instituição pública, que “há 64 anos transforma vidas”.

O diretor também enfatizou a relevância dos técnicos-administrativos no suporte ao tripé universitário — ensino, pesquisa e extensão. “Sem o nosso trabalho, não seria possível que essas atividades acontecessem”, afirmou. Ele aconselhou os ingressantes a aproveitarem as ações de capacitação e o curso, que foram descritos como “repleto de informações importantes para o dia-a-dia de trabalho, o desenvolvimento na carreira e a integração com os colegas e com a cultura universitária”.

Na sequência, a pró-reitora Sandra agradeceu às equipes envolvidas na organização do evento e destacou o caráter inclusivo e cultural da UFSC, evidenciado pelas apresentações artísticas da abertura. “Que outro espaço de trabalho pode nos oferecer isso?”, questionou. Sandra explicou que o objetivo do curso é “acolher” e apresentar o ambiente de trabalho de forma abrangente, desfazendo a ideia de que todos conhecem a UFSC completamente. 

Sandra também destacou a necessidade de dar visibilidade às qualidades únicas da universidade, combatendo os estereótipos externos. “O que a gente pode fazer para tornar esse espaço leve, tranquilo, de muito trabalho, mas também de muita harmonia?”, indagou. Ela destacou que o curso aborda a diversidade, a cultura e as diretrizes da instituição, auxiliando os servidores a aproveitar plenamente suas atribuições e as oportunidades que a UFSC oferece. Finalizou reforçando o papel acolhedor da Prodegesp: “Que vocês ficam imensamente felizes nesse espaço. Conversem conosco, deem sugestões; estamos prontos para recebê-los”.

O psicanalista Lucas Emanuel de Oliveira, do Serviço de Acolhimento a Vítimas de Violências (SEAViS), da Proafe, ministrou a palestra do evento

A palestra, conduzida pelo psicanalista Lucas Emanuel de Oliveira, do Serviço de Acolhimento a Vítimas de Violências (SEAViS), vinculado à Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), trouxe reflexões profundas sobre o papel do novo servidor na Universidade. Para ele, a chegada à UFSC representa a oportunidade de tornar uma vida mais interessante, desde que haja engajamento por parte das pessoas: “A implicação de vocês nesse processo vai ser fundamental”.

Lucas enfatizou que a UFSC vai além de prédios, burocracias e cargos, afirmando que a vivacidade da instituição é sustentada pela “circulação de afetos”. Ele diferenciou “afeto” de “afeição” e destacou que essa dinâmica emocional “mantém o colorido da universidade” e permite que o novo aconteça dentro da instituição.

O psicanalista também elogiou a diversidade regional dos presentes, que reuniu servidores de diversas partes do Brasil, e lembrou que acolher diferenças é uma política essencial para a gestão e o ambiente universitário. Reconhecendo os desafios do início da jornada, Lucas falou sobre esse período como um “tempo de travessias”, marcado por novidades, inseguranças e adaptação. Ele incentivou os servidores a serem pacientes com o processo de ambientação, reforçando que o pertencimento à UFSC não significa adesão acrítica. “O pertencimento supõe um certo distanciamento, que preserva o pensamento crítico: minha vida é muito mais ampla; acompanha os movimentos da instituição – alguns estão de acordo, outros não – e me coloco em uma posição importante nesse processo”.

Lucas também abordou a importância de estabelecer limites no ambiente de trabalho, especialmente em relação à pressão por alto desempenho e reconhecimento constante. Ele alertou sobre os riscos do Burnout, muitas vezes associado à dificuldade de dizer “não” a demandas excessivas. “É muito importante negar demandas que ultrapassem o papel institucional. Dizer não ao outro quando o outro exige aquilo que não corresponde às nossas atribuições legais e institucionais”, afirmou.

Mais informações:

dicc.ddp@contato.ufsc.br
https://capacitacao.ufsc.br/
@ccp-ufsc

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom

 

 

Tags: capacitaçãoCCPevento de acolhimentoproafeProdegespSEAViSUFSC

Curso da UFSC promove reflexão e ações para enfrentamento às violências de gênero

01/10/2025 17:25

Abertura do curso Enfrentamento às Violências de Gênero em Perspectiva Interseccional. Fotos: Divulgação

O curso Enfrentamento às Violências de Gênero em Perspectiva Interseccional é uma iniciativa institucional que busca promover a compreensão das relações de gênero e suas interseccionalidades, possibilitando o reconhecimento das diversas formas de violência de gênero e incentivando a construção de práticas que promovam a equidade no ambiente de trabalho em educação.

Organizado pela Divisão de Capacitação Continuada (DiCC), vinculada à Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp), em parceria com a Coordenadoria de Diversidade e Equidade de Gênero (CDGEN), da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), o curso reúne 22 participantes, entre docentes e técnicos-administrativos da UFSC, além de servidores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A abertura do curso, realizada no dia 1º de outubro, contou com a presença das pró-reitoras Sandra Regina Carrieri de Souza (Prodegesp) e Leslie Sedrez Chaves (Proafe), e do diretor do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), Guilherme Fortkamp da Silveira. A presença dos gestores reafirma o compromisso institucional da UFSC com a promoção da equidade de gênero como um eixo central de suas políticas e práticas.

Na abertura do curso estiveram presentes as pró-reitoras Sandra Regina Carrieri de Souza (Prodegesp) e Leslie Sedrez Chaves (Proafe), e o diretor do DDP, Guilherme Fortkamp da Silveira

O curso será composto por cinco encontros presenciais. No primeiro, com a docente Marilise Luiza Martins dos Reis Sayão, será debatido o tema “Sociedade, trabalho, educação e desigualdades”, abordando como as estruturas sociais e educacionais se articulam ao mundo do trabalho, produzindo e reproduzindo desigualdades. O segundo encontro, conduzido pela docente Grazielly Alessandra Baggenstoss, tratará de “Gênero e Feminismos”, discutindo correntes feministas, marcos históricos, desafios contemporâneos e suas implicações jurídicas e sociais. No terceiro, Mirê Chagas, assistente social e egressa da UFSC, abordará “Gênero e Transgeneridade”, discutindo vivências e direitos de pessoas trans, com ênfase em políticas públicas, inclusão institucional e enfrentamento de estigmas. O quarto encontro, conduzido pelas servidoras técnicas Carolina Seidel e Paula Vielmo, tratará de “Violências de gênero”, com foco nas tipificações, mecanismos de prevenção, acolhimento, protocolos institucionais e redes de apoio. Por fim, no quinto encontro, a docente Luana Renostro Heinen discutirá “Lutas e políticas públicas para a equidade de gênero”, apresentando estratégias de incidência política, marcos legais e experiências de implementação de políticas de equidade em diferentes contextos.

Sobre a iniciativa, o reitor da UFSC Irineu Manoel de Souza expressou que o “combate às violências de gênero é um compromisso inegociável da Universidade com os direitos humanos, a democracia e a excelência acadêmica”. Agradeceu as equipes envolvidas por estruturarem uma formação que cumpre com o seu objetivo que, em outras palavras, “não estamos apenas sensibilizando: estamos decididos a transformar processos, rotinas e decisões”. Irineu também sublinhou três compromissos que orientam esta iniciativa: aprendizagem aplicada, institucionalidade e cuidado. “Equidade de gênero não é pauta periférica, é diretriz de planejamento, orçamento, formação e avaliação; e a dignidade de cada pessoa é o nosso princípio operacional”, o que exige procedimentos claros, canais acessíveis de denúncia e uma cultura ativa de prevenção, destacou.

Mais informações sobre os cursos oferecidos no site https://capacitacao.ufsc.br/

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

Tags: CCPDDPproafeProdegespUFSCViolência de gênero