Vice-reitora destaca em seminário a violência política de gênero no espaço universitário

19/08/2025 10:03

A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), por meio da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, sediou, nos dias 6 e 7 de agosto, o Seminário Internacional de Observatórios da Violência contra a Mulher. O evento teve como um de seus objetivos promover uma reflexão propositiva sobre como os observatórios podem colaborar para fortalecer as políticas públicas de prevenção e combate à violência contra a mulher.

A relevância do tema foi destacada por dados alarmantes apresentados na abertura: o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que, em 2023, 1.467 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, o maior número registrado desde a criação da Lei Maria da Penha. Em Santa Catarina, a taxa foi de 1,5 mortes por 100 mil mulheres, superando a média nacional. Em 2024, os números de violência de gênero continuaram crescendo, com o registro de 87.500 vítimas de estupro e estupro de vulnerável, 1.492 feminicídios (dos quais 63,6% das vítimas eram mulheres negras e 64% foram mortas dentro de casa por parceiros ou ex-parceiros), além de 747.683 casos de ameaça contra mulheres.

Um dos destaques do seminário foi a mesa-redonda de abertura, intitulada “Dados e Políticas Públicas em Prol das Mulheres: Transformando Decisões para um Futuro Mais Justo”, mediada por Cibelle Farias, vice-coordenadora do Observatório da Violência contra a Mulher de Santa Catarina. A participação da professora Joana Célia dos Passos, vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), chamou atenção por sua análise aprofundada sobre a violência política de gênero no contexto acadêmico.

Joana Célia dos Passos, que também é pesquisadora e ativista feminista e antirracista, iniciou sua fala ressaltando a importância de “nomear essas violências”. Segundo ela, a universidade, como parte da sociedade, também reproduz violências estruturais, incluindo o patriarcado, discriminações, xenofobia e racismo, que se manifestam em diferentes níveis hierárquicos.

A vice-reitora enfatizou que “a universidade é uma síntese da sociedade brasileira”, e que as mulheres em posições de poder dentro dessas instituições podem “assegurar direitos para outras mulheres”. Contudo, ela alertou que nem todas as mulheres em cargos de poder têm esse compromisso, citando exemplos de lideranças que não adotam uma postura de defesa dos direitos femininos.

Ao abordar a violência política de gênero em espaços universitários, Joana Célia dos Passos destacou diversas formas de manifestação:

  • Assédio sexual e moral: que afeta predominantemente mulheres negras, indígenas e LGBTs.
  • Descredibilização do trabalho de pesquisadoras: evidenciada pela predominância de homens nas referências bibliográficas e pela menor obtenção de financiamento para estudos conduzidos por mulheres.
  • Sub-representação em cargos de poder: apesar de serem maioria entre estudantes e professoras, as mulheres representam apenas 30% das reitoras e vice-reitoras no Brasil.
  • Violência online e perseguição: com aumento de denúncias após a implementação de protocolos de atendimento, que incluem desde “nudes” até xingamentos.
  • Masculinização de áreas do conhecimento: citando departamentos da UFSC que não possuem nenhuma mulher docente, o que dificulta a atração de meninas para áreas de exatas e tecnologia.

A vice-reitora compartilhou resultados preliminares de um estudo que vem conduzindo com reitoras e vice-reitoras de universidades federais, revelando um sentimento de “deslegitimação no exercício do cargo” e um “processo de isolamento institucional e falta de condições adequadas para o pleno exercício da função”. Ela também destacou a persistência da narrativa de que as mulheres “nunca estão prontas para os cargos”.

Para enfrentar esses desafios, Joana Célia propôs o fortalecimento de políticas de equidade de gênero nas universidades, a criação de canais seguros para denúncias de assédio e discriminação, a promoção da representatividade de mulheres e grupos LGBT+ em cargos de decisão, e a educação da comunidade acadêmica sobre violência de gênero e intersexualidades.

Durante sua apresentação, ela também exibiu o “Guia de Direitos diante da Violência Política contra Mulheres”, produzido em parceria com o Ministério das Mulheres, e destacou a necessidade de expandir a legislação atual, que hoje se limita a cargos eletivos, para abranger outras formas de violência política.

Encerrando sua participação, Joana Célia dos Passos citou a poetisa Conceição Evaristo, deixando uma mensagem de resiliência e força feminina:

“A noite não adormece nos olhos das mulheres, há mais olhos que sono, pois ecoam as vozes de nossas bisavós, avós, mães e tias.”

O seminário reforçou a necessidade de ações articuladas entre todos os poderes e a sociedade civil para garantir a segurança e os direitos das mulheres. A mensagem de Joana Célia dos Passos foi enfática: é preciso enfrentar a violência em todos os seus âmbitos, inclusive no acadêmico.

Assista ao seminário na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

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UFSC é novamente premiada como a Universidade mais lembrada na região

15/08/2025 12:58

Fotos: Agência J Somensi. Divulgação

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conquistou o prêmio Top of Mind 2025 como a universidade mais lembrada pela população da Grande Florianópolis. A premiação, promovida pela NSC Comunicação, ocorreu na noite desta quinta-feira, 14 de agosto, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), e contou com a presença de lideranças e representantes de diversas instituições. O reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, representou a Universidade na cerimônia.

Realizado há 30 anos, o Top of Mind reconhece os nomes e marcas mais presentes na memória dos catarinenses, abrangendo diferentes setores da economia e da sociedade. Na categoria “Universidade/Faculdade”, o prêmio foi resultado de uma pesquisa espontânea, onde os(as) entrevistados(as), sem receber opções prévias de resposta, foram convidados(as) a apontar o nome da universidade ou faculdade que mais lembravam.

Reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza

O reitor Irineu Manoel de Souza destacou a importância do reconhecimento: “Ser, mais uma vez, reconhecida como a instituição mais lembrada pela sociedade é motivo de grande orgulho e reflete o impacto transformador das nossas ações na vida das pessoas e na realidade ao nosso redor. Este prêmio reafirma nossa relevância para Santa Catarina e para o Brasil, consolidando-nos como um patrimônio coletivo e uma referência em ensino, pesquisa e extensão. Há mais de seis décadas, temos impulsionado a produção de ciência e tecnologia, além de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do estado, sempre com o compromisso inabalável de oferecer uma educação pública, gratuita e de excelência.”

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

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‘Múltiplas vozes’ ecoam no encontro da ministra Macaé Evaristo com movimentos sociais

13/08/2025 13:19

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, reuniu-se com representantes de movimentos sociais catarinenses na UFSC. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, chegou à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ao anoitecer do dia 12 de agosto, onde foi muito aguardada e bastante aplaudida pelo público que lotou o Auditório da Reitoria. No local, ela se reuniu com representantes de movimentos sociais catarinenses e membros da comunidade para promover um espaço de diálogo e escuta.

Antes do encontro, Macaé fez uma breve passagem pela Sala dos Conselhos, em que foi recebida pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, pela vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e por servidores(as) e gestores(as) da instituição. Durante essa recepção, a vice-reitora destacou os avanços, projetos e desafios enfrentados pela universidade na promoção da inclusão, equidade e acessibilidade. Em sua fala, Joana Célia ressaltou o protagonismo da UFSC em iniciativas como a ampliação das reservas de vagas em concursos públicos para pessoas trans e quilombolas, medida adotada pela instituição antes mesmo de a legislação federal determinar o percentual de 30%. Além disso, mencionou a transformação do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) na Universidade Aberta para Pessoas Idosas (Unapi), uma iniciativa que reflete o compromisso da gestão com a inclusão de diferentes públicos.

A vice-reitora também apresentou à ministra projetos em fase de construção, como a política de equidade de gênero, ações de combate ao assédio e iniciativas voltadas à saúde mental, além de uma política específica para assegurar a permanência de estudantes indígenas e quilombolas. No entanto, ela destacou que a acessibilidade é um dos principais desafios enfrentados pela UFSC, especialmente devido às barreiras arquitetônicas presentes no campus. Para lidar com essa questão, foi desenvolvido um projeto de acessibilidade espacial, elaborado por servidores da instituição, que inclui um plano de ação detalhado, mas que depende de recursos financeiros para ser implementado.

A ministra Macaé foi recepcionada na Sala dos Conselhos

Joana Célia chamou atenção para a complexidade de administrar a UFSC, que, com cerca de 40 mil pessoas, funciona como uma pequena cidade. Isso exige políticas integradas em áreas como moradia estudantil e infraestrutura pública. Ela sugeriu uma parceria mais ampla entre o Ministério das Cidades e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para atender a essas demandas e ampliar o suporte às instituições de ensino superior. Outro ponto abordado foi a necessidade de criar estratégias para combater o extremismo político e social, que tem se manifestado de maneira preocupante em Santa Catarina. A UFSC, descrita como um “laboratório” para esses desafios, desenvolveu, com o apoio do curso de Jornalismo, um projeto voltado à produção de instrumentos de comunicação capazes de enfrentar o extremismo. Segundo Joana Célia, essas ações podem servir de referência não apenas para o estado, mas para todo o país.

Ao final de sua fala, a vice-reitora entregou à ministra Macaé Evaristo os projetos desenvolvidos pela UFSC, e destacou a importância do diálogo entre a universidade e o poder público para a construção de soluções que garantam a permanência, segurança e dignidade de toda a comunidade acadêmica. “Esperamos que o ministério possa avaliar nossas propostas e indicar possibilidades de colaboração, para que possamos avançar juntos”, concluiu.

Ministra Macaé Evaristo

Ao se dirigir para o seu primeiro compromisso da agenda, a ministra foi, carinhosamente, recebida por representantes de diversos movimentos sociais, uma oportunidade para dar visibilidade para suas pautas. “É uma alegria imensa estar aqui hoje, em um momento onde recebemos tantas pessoas e movimentos que lutam por direitos e dignidade. As políticas públicas só existem porque os movimentos as pautam, e é nosso dever ouvi-los e agir em resposta às suas reivindicações”, afirmou Macaé Evaristo.

Entre os participantes, destacaram-se organizações ligadas à população em situação de rua, que entregaram um documento elaborado em plenária no dia 3 de julho de 2025, no auditório da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O texto denunciava graves violações de direitos enfrentadas por essa população no estado.

Durante o encontro, foram chamados à frente representantes da população em situação de rua, e em um gesto simbólico, entregaram o documento à ministra, detalhando denúncias sobre abusos e violações cotidianas nas cidades catarinenses.

O documento, intitulado Carta da Plenária da População em Situação de Rua de Santa Catarina, foi lido no evento e trouxe à tona a realidade vivida por essas pessoas, além de exigir ações concretas do poder público. A ministra Macaé Evaristo lembrou que, em resposta às denúncias, uma missão interministerial, em parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-Rua), esteve em Santa Catarina realizando visitas e acompanhamento. A equipe investigou as condições enfrentadas pela população de rua e ouviu as demandas diretamente de quem vive essa realidade.

As organizações e movimentos presentes foram chamados, individualmente, para registros fotográficos, seguidos por uma foto coletiva que simbolizou a união das diversas lutas representadas. Entre eles estavam: Sonia Livre; Grupo de Pesquisa de Combate ao Racismo Religioso; Observatório para o Enfrentamento do Racismo em Santa Catarina; Frente Catarinense pela Descriminalização e Legalização do Aborto; Movimento Mulheres Camponesas de Santa Catarina; UNALGBT (Chapecó); Frente Trans; 8M; Círculos de Hospitalidade; Ciranda Sem Fronteiras; Pastoral do Migrante; Missão Scalabrini; Demitidos do Plano Collor; Ocupação Contestado; Ocupação Vale das Palmeiras; Comitê de Luta por Moradia; Associação dos Angolanos em Florianópolis; Frente Parlamentar de Políticas Públicas da População de Rua; Grupo de Trabalho para os Direitos da População Migrante; Comunidade Quilombola de São Sebastião da Bárbara; Grupo de Angolanos em Florianópolis; Frente pelo Desencarceramento de Santa Catarina; e Articulação Nacional de Saúde dos Direitos Humanos.

A ministra Macaé Evaristo expressou seu desejo de retornar à UFSC futuramente, reafirmando seu compromisso com as demandas apresentadas durante o evento. Para ela, no entanto, isso não significa que será necessário esperar por outro encontro para avançar nas questões discutidas. “O trabalho começa agora, e vamos seguir dialogando e construindo ações a partir do que foi compartilhado”, afirmou.

Macaé destacou a importância de momentos como aquele, que permitem ouvir “múltiplas vozes” e aprender com as lições trazidas por elas. Ela ressaltou a pluralidade e a diversidade de Santa Catarina, um estado que, segundo a ministra, “tem muito amor e uma luta constante pela democracia e pelos direitos humanos”. Essa riqueza humana e cultural, acrescentou, é “uma inspiração para todos nós”.

A ministra também pontuou que a grande lição do encontro foi a resistência e a capacidade de persistir na luta por direitos, mesmo diante das adversidades. Ela agradeceu a todos os que participaram, destacando a relevância das diversas agendas representadas. Em tom descontraído, comentou que não via necessidade de uma aula magna formal, pois “a verdadeira aula está aqui”, referindo-se às experiências e relatos compartilhados pelos participantes.

Para Macaé, a verdadeira lição está presente nas vozes e nos rostos das pessoas que atuam diariamente em defesa dos direitos humanos, vindas de diferentes lugares e com pautas diversas. É nessa luta, afirmou, que os movimentos se encontram e ajudam a transformar o Brasil. Reconhecendo os desafios enfrentados pelos movimentos sociais, a ministra reforçou que, apesar daqueles que tentam silenciar ou frear essas ações, Santa Catarina mostra sua resistência e afirma seu direito à dignidade. “Estamos aqui, estamos juntos, e seguimos na luta”, defendeu a ministra.

A organização do evento contou com a parceria do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), do Instituto Federal Catarinense (IFC), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O convite à professora e assistente social Macaé Evaristo deve-se por sua trajetória de excelência no campo da educação e na luta antirracista. Reconhecida nacionalmente, a ministra tem se destacado pela defesa dos direitos humanos e por sua atuação sociopolítica e educacional em todo o Brasil.

A programação culminou com a participação da ministra na Aula Magna do segundo semestre letivo da Universidade, intitulada Direitos Humanos e Cidadania nas Instituições Públicas. O evento foi realizado, na sequência, no Auditório Garapuvu, localizado no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, com transmissão ao vivo.

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom | SECOM

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‘Se tem um caminho de transformação da vida é a educação’, diz ministra em Aula Magna na UFSC

13/08/2025 09:32

Aula magna debateu Direitos Humanos (Fotos: Gustavo Diehl)

Os olhos das mulheres (e de todos os presentes) estavam bem acordados quando a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, começou a falar na Aula Magna de início do semestre letivo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na noite desta terça-feira, 12 de agosto, em Florianópolis. Antes de passar a palavra à ministra, por volta das 20h30, a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, citou o poema A noite não adormece nos olhos das mulheres, de Conceição Evaristo, que é prima da ministra.

Foi uma forma de convidá-la a debater o tema do 1º Seminário Estadual Mulheres na Gestão das Instituições Públicas de Ensino Superior de Santa Catarina, evento fruto de parceria da UFSC com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), o Instituto Federal Catarinense (IFC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Os parceiros de seminário e a Defensoria Pública de Santa Catarina se reuniram para convidar Macaé Evaristo para falar ao público em Florianópolis.

“Quando ocupamos esses espaços, é preciso ‘escreviver’ a gestão pública”, disse a ministra ao longo de sua fala, lembrando também da prima escritora. Conceição Evaristo definiu a escrevivência – uma forma de escrever que leva em consideração a experiência de vida, especialmente de mulheres negras. Ao todo, a ministra Macaé Evaristo falou por cerca de 40 minutos ao público que lotou o Auditório Garapuvu, do Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no bairro Trindade. Ela tocou em diferentes assuntos, começando por pedir benção às autoridades religiosas presentes, ressaltando a importância da liberdade de religião em um país laico. “A relação com o sagrado nos completa”, disse.

De início, Macaé Evaristo relatou parte de sua infância em São Gonçalo do Pará, cidade do interior de Minas Gerais. Lá, segundo ela, conheceu incômodos que não sabia definir. Mais tarde soube se tratar de preconceito. A mãe, prudente, fez com que todas as filhas estudassem. “Se tem um caminho de transformação da vida é a educação”, disse a ministra. A leitura mostrou à Macaé Evaristo que há pessoas tratadas de forma diferente. “Nós não nascemos desiguais, nos fazem desiguais”, concluiu.

PIX, soberania nacional e Cancellier

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Feira do Livro UFSC: apresentação do espetáculo ‘Infância’, inspirado na obra de Graciliano Ramos

12/08/2025 09:03

Os artistas Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico). Foto: divulgação

O aclamado espetáculo “Infância”, uma transcrição cênica e musical da obra homônima de Graciliano Ramos, publicada em 1945, será apresentado em uma sessão especial e gratuita na Feira do Livro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com ótimas críticas e uma indicação ao Prêmio Shell 2023 de Melhor Compositor para Alexandre Rosa, a montagem ocorrerá no dia 14 de agosto de 2025, às 13h, no Auditório da Reitoria. É uma oportunidade única para o público mergulhar no universo literário e poético de um dos maiores autores brasileiros.

A peça traz à cena os primeiros anos de vida de Graciliano Ramos, vividos no interior de Alagoas e Pernambuco, em meio às dificuldades da convivência familiar e de um desafiador processo de alfabetização. Na narrativa, acompanha-se o despertar de uma criança curiosa pelos personagens ao seu redor e fascinada pelo universo das letras, explorando as marcas da memória e os contrastes entre o menino que vive e o adulto que recorda. A montagem transborda poesia ao revelar como a literatura transforma o garoto em um dos maiores nomes da literatura brasileira. Combinando teatro, música e literatura, o espetáculo vai além da simples encenação: busca estimular a leitura e formar novos públicos para as artes.

Após a apresentação, o público será convidado a participar de uma conversa-debate sobre como a arte pode transformar a realidade. Este momento promete aprofundar o diálogo sobre o universo de Graciliano Ramos, sua relevância na história e literatura brasileiras, e os processos criativos que deram vida à obra no palco. Os artistas Ney Piacentini (ator) e Alexandre Rosa (músico) compartilharão os bastidores da montagem e as escolhas que definiram essa transposição cênica tão fiel ao espírito da obra original.

A produção do espetáculo é fruto de uma intensa pesquisa de imersão realizada em dezembro de 2021, quando Ney Piacentini e Alexandre Rosa percorreram o sertão de Alagoas e Pernambuco, incluindo cidades como Quebrangulo, Viçosa, Palmeira dos Índios e Buíque, em busca dos cenários e sensações descritos no livro. A pesquisa também envolveu a leitura completa da obra de Graciliano e a participação em palestras com especialistas renomados, enriquecendo ainda mais o processo criativo. A encenação se destaca por sua simplicidade inventiva, seguindo o estilo “seco” característico do autor, e utiliza objetos essenciais e instrumentos musicais sofisticados que se transformam em elementos cênicos.

A adaptação e direção do espetáculo são assinadas por Ney Piacentini, que também atua na peça. Com uma carreira de 45 anos e mais de 65 produções teatrais, Ney é referência no teatro brasileiro, tendo recebido diversos prêmios e reconhecimentos. Ao seu lado, Alexandre Rosa, músico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), compôs a trilha sonora original que foi indicada ao Prêmio Shell. Com uma carreira internacional brilhante, Alexandre já se apresentou em icônicas salas de concerto como o Carnegie Hall e o Royal Albert Hall.

Juntos, Ney Piacentini e Alexandre Rosa fundaram o Núcleo Rodateatro, responsável por este e outros projetos que unem teatro, música e literatura, como os espetáculos “Espelhos”, inspirado em Machado de Assis e Guimarães Rosa, e “Palavra em Ação”, baseado nos textos de Antonio Candido e Dionélio Machado. O grupo já se apresentou em diversas cidades do Brasil, incluindo temporadas de sucesso em São Paulo, e segue promovendo a potência transformadora da palavra e da arte.

Graciliano Ramos, nascido em Quebrangulo, Alagoas, em 1892, é amplamente reconhecido como um dos maiores escritores do Brasil. Autor de clássicos como “Vidas Secas”, “São Bernardo” e as póstumas “Memórias do Cárcere”, ele deixou um legado profundo e atemporal. “Infância”, publicada em 1945, é uma obra autobiográfica que retrata com sensibilidade a infância do autor, marcada por desafios e descobertas em meio ao sertão nordestino.

Serviço:

Espetáculo “Infância”
Data: 14 de agosto de 2025
Horário: 13h
Local: Auditório da Reitoria da UFSC, Campus Universitário – Bairro Trindade, Florianópolis – SC
Entrada: Gratuita
Classificação indicativa: Livre

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