Centro de Desportos celebra 50 anos da primeira turma de Educação Física da UFSC

14/11/2025 15:31

50 anos da primeira turma de Educação Física do CDS da UFSC. Fotos: Niceia Lira

O desafio de escrever sobre os 50 anos da primeira turma de Educação Física do Centro de Desportos (CDS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi, particularmente, muito difícil. Era para ser mais uma pauta institucional, trazendo o lado das pessoas, da trajetória, do resgaste de uma memória coletiva, em tom objetivo, imparcial, jornalístico. Era! tentei, mas não consegui! A atmosfera presente, música envolvente (com a violinista Cris Barbosa), rostos do presente e do passado, a alegria da comemoração me impactaram profundamente e um misto de sentimentos não couberam em mim. Peço desculpas pela maneira como irei relatar o fato. Explicarei os meus motivos, de forma breve.

Enquanto aguardava o início da cerimônia, realizada na tarde do dia 13 de novembro, no auditório do Bloco 5 do CDS, fui inundada por lembranças da minha infância e de minha mãe, Neusa, que dedicou 20 anos da sua vida a este Centro de Ensino e 35 anos à Universidade. Ainda no começo dessa história de mais de 50 anos, ela foi uma das personagens que contribuiu para o CDS ser o que é hoje. Era datilógrafa, em um tempo em que o CDS ainda era uma pequena e simples casa de madeira. E quando passou para os blocos modulares, também me recordo do barulho da máquina de escrever, a tecnologia da época para as rotinas administrativas de um centro ainda relativamente novo.

Não consigo falar deste lugar apenas com nomes, datas e dados. Eu como filha de servidora estive neste lugar inúmeras vezes e as recordações são mais que especiais e perpassam o tempo, como quando os servidores, muito acolhedores, emprestavam os objetos esportivos e as quadras e os setores administrativos viravam espaços de lazer. Para mim, aquele lugar nunca foi apenas qualquer lugar. Era onde minha mãe trabalhava, onde ela construía sua história profissional, as amizades verdadeiras, e onde contribuía para que outras pessoas pudessem ensinar, aprender e transformar vidas através do esporte e da educação.

É emocionante ver como este espaço cresceu. O primeiro curso de Educação Física começou em 1975, apenas dois anos depois da fundação do próprio CDS, em 1973. Meio século se passou. Hoje, celebra-se as conquistas, como o Programa de Pós-Graduação em Educação Física do Centro que possui nota máxima (7) na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Este texto é, sim, sobre os 50 anos de uma turma pioneira. Mas é também sobre todas as pessoas, servidores técnicos e docentes, trabalhadores terceirizados, e estudantes, que escreveram e escrevem, ano após ano, a trajetória que celebra-se neste dia.

Reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, participou da comemoração

A cerimônia que reuniu autoridades como o reitor Irineu Manoel de Souza, Bernardo Meyer (Chefe de Gabinete), Camila Pagani (Diretora-Geral do Gabinete), Alexandre Verzani Nogueira (Assessor do Gabinete), Dilceane Carraro (Pró-Reitora de Graduação e de Educação Básica), Débora de Oliveira (Pró-Reitora de Pós-Graduação), Raphael Schlickmann (Diretor do Departamento de Ensino), além de Michel Angillo Saad (Diretor do CDS), Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo (Vice-Diretor do CDS) e Carlos Luiz Cardoso (Chefe de Departamento e decano do curso), foi um reconhecimento oficial a todos os protagonistas desta história.

O diretor do CDS, Michel Saad, disse em seu pronunciamento que o marco de meio século do curso não apenas simboliza o tempo transcorrido, mas reafirma a contribuição fundamental da Educação Física para a academia, a ciência e a sociedade. O professor ressaltou os avanços do CDS em diferentes frentes. “Na infraestrutura, consolidamos espaços esportivos e acadêmicos que hoje são referência nacional. Ginásios, pisos e áreas cobertas dão suporte às nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão”. Ele também destacou o reconhecimento do programa de pós-graduação do CDS: “Nosso programa se consolida entre os mais respeitados do Brasil. Somos referência internacional.” Na extensão universitária, o impacto também foi destacado. “Em 2025, oferecemos mais de 2 mil vagas no primeiro semestre e outras tantas no segundo, totalizando cerca de 4 mil vagas no ano, promovendo saúde, inclusão social e fortalecendo o papel da universidade pública.”

O diretor ainda fez questão de valorizar a dedicação de professores, técnicos-administrativos e estudantes ao longo das cinco décadas de história do curso. “Cada conquista só foi possível pelo empenho de todos que dedicaram seu tempo, talento e paixão para contribuir neste legado. Hoje celebramos o passado de lutas e vitórias, mas também olhamos para o futuro com confiança”, declarou, encerrando sua fala com um agradecimento caloroso às autoridades presentes e às gerações que fizeram parte dessa trajetória. “Parabéns ao CDS e a todos vocês que são parte viva desta história.”

O reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, reiterou a excelência acadêmica do curso e o impacto de sua trajetória. “Hoje, o curso de Educação Física do Centro de Desportos é referência. A graduação em bacharelado tem conceito máximo, 5; a licenciatura, conceito 4; e o programa de pós-graduação, nota 7, que é a avaliação máxima da Capes”. Irineu também pontuou que “essa excelência não está apenas no ensino, mas também na pesquisa e na extensão, que oferecem à comunidade diversas modalidades de esportes e contribuem para a saúde da população”. O reitor fez questão de destacar que “essa excelência existe graças ao desempenho de todos. Realmente, é um momento de alegria para todos nós”, finalizando com um agradecimento e um parabéns à história construída por este coletivo.

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Fotos: Niceia Lira

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UFSC celebra 65 anos em 9 de dezembro, com homenagens a seis educadores

13/11/2025 14:39

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) celebrará seus 65 anos com uma sessão solene no dia 9 de dezembro de 2025, às 14h30, no Auditório Garapuvu, no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, campus Trindade, em Florianópolis. A cerimônia contará com uma programação cultural e entrega de homenagens a seis educadores referências em suas áreas.

Conheça os nomes dos agraciados:

Professora Emérita Esther Jean Langdon
Professor Emérito Rafael José de Menezes Bastos
Professora Emérita Miriam Pillar Grossi
Professora Emérita Luzinete Simões Minella
  • O título de Professor(a) Emérito(a) é uma das mais altas honrarias acadêmicas, concedido a docentes aposentados(as) que tenham se destacado por seus méritos profissionais ou por relevantes serviços prestados à instituição.
Doutora Honoris Causa in memoriam Dora Lúcia de Lima Bertúlio
Doutor Honoris Causa Padre Vilson Groh
  • O título de Doutor(a) Honoris Causa é destinado a personalidades eminentes, independentemente de possuírem diploma universitário, que tenham se destacado em áreas como artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz ou causas humanitárias. A honraria reconhece a boa reputação, virtudes, méritos ou ações de serviço que transcendam interesses particulares e alcancem um impacto significativo na sociedade.

A seguir, apresenta-se um breve perfil de cada homenageado(a), com base nos pareceres aprovados pelo Conselho Universitário (CUn) entre os meses de agosto e outubro de 2025.

Rafael José de Menezes Bastos

Rafael José de Menezes Bastos

O professor Rafael José de Menezes Bastos será homenageado, em reconhecimento à sua ampla trajetória acadêmica e às relevantes contribuições à área da Antropologia. Sua formação acadêmica é marcada por um sólido percurso: graduado em Música pela Universidade de Brasília (1968), mestre em Antropologia Social pela mesma instituição (1976) e doutor em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1990). Além disso, realizou estágios de pós-doutorado na França, nos Estados Unidos e no Canadá.

Ingressou como docente na UFSC em 1984 e, em 2014, foi promovido ao cargo de professor titular. Durante sua atuação na Universidade, consolidou uma trajetória acadêmica de grande relevância, com amplo reconhecimento nacional e internacional. Sua produção científica abrange mais de uma centena de artigos em periódicos qualificados, capítulos de livros e obras autorais que se tornaram referências nos campos da Etnologia e da Etnomusicologia Indígenas. Adicionalmente, atua como parecerista e conselheiro editorial em periódicos científicos no Brasil e no exterior, evidenciando seu prestígio e inserção na comunidade acadêmica internacional.

Para além de sua vasta produção bibliográfica, o professor Bastos se destacou por sua atuação institucional e formativa. Ele fundou e coordenou o núcleo de estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe (MUSA), coordenou o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSC) e integrou diversos conselhos acadêmicos. Também foi professor visitante em universidades da Europa, América do Norte e América Latina. Sua contribuição vai além dos números, refletindo-se na consolidação de linhas de pesquisa, na formação de novos acadêmicos e no fortalecimento da Antropologia como campo científico no Brasil.

Esther Jean Langdon

Esther Jean Langdon

A professora Esther Jean Langdon será homenageada, em reconhecimento por suas contribuições pioneiras à Antropologia e à saúde indígena. Sua carreira na UFSC começou em 1983, como professora visitante, tornando-se docente efetiva em 1988. Mesmo após sua aposentadoria, permaneceu ativamente vinculada à instituição como voluntária e pesquisadora sênior do CNPq. Sua produção científica é extensa, com mais de uma centena de publicações nacionais e internacionais, além de uma atuação marcante na formação de recursos humanos, com a orientação de mais de 100 trabalhos de graduação e pós-graduação.

Entre suas contribuições mais relevantes, destacam-se os estudos pioneiros em xamanismo, antropologia da saúde e povos indígenas, com atenção especial às populações amazônicas, como os Siona. Sua atuação no campo da saúde indígena foi decisiva para a consolidação dessa área no Brasil, influenciando tanto o meio acadêmico quanto a formulação de políticas públicas. Além disso, a professora contribuiu significativamente para os estudos sobre narrativa, performance e ética em pesquisa.

Esther Langdon também exerceu um papel de liderança institucional, coordenando o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural (INCT) por mais de uma década. Sua atuação foi central na internacionalização da UFSC e no fortalecimento das ciências humanas no Brasil. Em 2022, recebeu o Prêmio de Excelência Acadêmica da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Em 2023, a Editora da UFSC publicou o livro Uma antropologia da práxis, com textos de mais de 40 autores que celebram sua obra e trajetória.

Miriam Pillar Grossi

Miriam Pillar Grossi

A professora Miriam Pillar Grossi será homenageada por ser uma referência nacional e internacional no campo da Antropologia. Sua trajetória na UFSC começou em 1989, quando passou a atuar no Departamento de Antropologia. Desde então, a professora contribuiu significativamente para a projeção do departamento e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Suas áreas de especialização incluem história da antropologia, feminismo, sexualidade, violências, gênero e diversidade sexual, políticas públicas, educação e diversidades, além de metodologias de pesquisa qualitativas.

Além de sua atuação como pesquisadora e docente, Miriam Grossi desempenhou um papel fundamental na formação de novos acadêmicos. Fundou, em 1991, o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividade (NIGS) e, ao longo de sua carreira, orientou mais de 200 estudantes em iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

A professora ocupou posições de destaque, como coordenadora do Instituto de Estudos de Gênero (IEG/UFSC) em duas gestões (2013-2015 e 2017-2020), presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) na gestão 2004-2006 e, atualmente, vice-presidente eleita da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) para o período 2023-2027. Também coordena a Commission of Global Feminisms and Queer Politics. Sua contribuição acadêmica vai além da produção científica, refletindo-se na promoção de debates sobre gênero e diversidade e no fortalecimento da Antropologia como campo de estudo interdisciplinar e transformador.

Padre Vilson Groh

Padre Vilson Groh

O Padre Vilson Groh será homenageado por sua trajetória como educador popular e líder comunitário, marcada pela luta pela justiça social e pela atuação em comunidades vulneráveis de Florianópolis. Nascido em Brusque, em 1954, mudou-se para Florianópolis na década de 1970 para estudar Teologia e, a partir de 1979, começou sua atuação no morro do Mocotó, onde o contato com religiões afro-brasileiras ampliou sua compreensão sobre a pluralidade cultural e religiosa do país. Ordenado em 1981, optou por morar no morro e, posteriormente, no Monte Serrat, articulando ações entre igreja, poder público e sociedade civil para melhorar as condições de vida nos morros da cidade.

Em 2011, fundou o Instituto Vilson Groh (IVG), que coordena sete organizações sociais voltadas à educação, cultura, juventude e inclusão. Apenas em 2022, o IVG atendeu mais de 22 mil pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens e famílias. A instituição mantém convênios com a UFSC para projetos de extensão e oferece bolsas de ensino técnico e superior, ampliando o acesso de jovens à universidade e fortalecendo a atuação comunitária em regiões vulneráveis. Sua atuação une fé, mobilização comunitária e compromisso com a cidadania, consolidando iniciativas transformadoras.

Aos 71 anos, Padre Vilson continua morador do Monte Serrat, formando lideranças e assessorando projetos sociais. Reconhecido nacionalmente, recebeu prêmios como o Diploma de Mérito Educacional (2019), o título de Doutor Honoris Causa pela Unisul (2024) e a Comenda da Ordem de Rio Branco (2025). Seu legado reflete a integração entre saberes acadêmicos, educação popular e o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, destacando as contribuições afro-brasileiras à identidade nacional.

Dora Lúcia de Lima Bertúlio

Dora Lúcia de Lima Bertúlio

A docente Dora Lúcia de Lima Bertúlio será homenageada, in memoriam, por sua trajetória na luta contra o racismo e pela promoção da igualdade racial no Brasil. Nascida em Itajaí, Santa Catarina, em 1949, destacou-se como jurista, professora e ativista, sendo referência nacional na defesa da justiça social e na construção de políticas públicas para a equidade racial. Graduada em Direito pela UFPR e mestre pela UFSC, sua dissertação Direito e Relações Raciais: uma introdução crítica ao racismo foi um marco no pensamento jurídico brasileiro e reafirmou seu impacto ao ser publicada como livro em 2019.

Dora foi pioneira na implementação de políticas de ações afirmativas no ensino superior, desempenhando papel crucial na institucionalização das cotas raciais e sociais enquanto Procuradora Federal da UFPR. Também colaborou com a Fundação Cultural Palmares, contribuindo para a valorização das culturas afro-brasileiras e a formulação de políticas públicas de reparação histórica. Sua atuação foi decisiva para consolidar as ações afirmativas como ferramentas constitucionais no combate às desigualdades raciais.

Participante da Conferência de Durban e integrante da Comissão de Juristas da Câmara dos Deputados, Dora ampliou sua militância para além da academia. Cofundadora do Núcleo de Estudos Negros (NEN) em Florianópolis e da Associação de Mulheres e Mulheres Negras na UFMT, criou espaços de debate e valorização das culturas afro-brasileiras. Faleceu em 14 de fevereiro de 2025, aos 76 anos, deixando um legado de resistência e compromisso com a justiça social, que continua a influenciar universidades, tribunais e movimentos sociais em todo o Brasil.

Luzinete Simões Minella

Luzinete Simões Minella

A professora Luzinete Simões Minella será homenageada por sua contribuição pioneira aos estudos feministas e de gênero na UFSC e no Brasil. Graduada e mestre em Ciências Sociais pela UFBA, doutora em Sociologia pela UNAM e com pós-doutorado na Unicamp, iniciou sua carreira na UFBA, onde lecionou de 1975 a 1991, antes de transferir-se para a UFSC. Na nova instituição, consolidou o Departamento de Sociologia e Ciência Política e o Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política como polos de excelência acadêmica.

Mesmo após a aposentadoria, Luzinete seguiu atuando no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH), onde coordenou a Área de Concentração em Estudos de Gênero, tornando-a referência nacional e internacional. Participou ativamente do IEG/UFSC e da Revista Estudos Feministas, fortalecendo a projeção do periódico como um dos mais importantes da América Latina no campo. Sua atuação foi essencial para institucionalizar os estudos de gênero e feminismo na universidade.

Luzinete abordou temas como gênero, ciência, saúde reprodutiva, infância e saúde mental com olhar crítico e sensível às desigualdades sociais. Autora de obras como Gênero e Contracepção: uma perspectiva sociológica, formou gerações de pesquisadores comprometidos com a transformação social. Teve papel central em eventos como o Seminário Internacional Fazendo Gênero e na Rede Brasileira de Ciência, Tecnologia e Gênero, promovendo a crítica feminista da ciência e a inclusão das mulheres na produção científica. Reconhecida por unir ciência e afeto, sua trajetória inspira a construção de uma universidade pública mais inclusiva e uma sociedade mais democrática.

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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Ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, será homenageado pelo Ministério da Educação

12/11/2025 18:24

Ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Fotos: Acervo Agecom/UFSC

O ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, será homenageado postumamente com a Ordem Nacional do Mérito Educativo, em celebração aos 95 anos do Ministério da Educação (MEC). A cerimônia contará com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A honraria será entregue em solenidade marcada para o dia 14 de novembro, às 15h, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, como reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Educação. Representando a família, os irmãos do professor, Acioli Antônio de Olivo e Júlio Cancellier, participarão do evento.

Cancellier

Luiz Carlos Cancellier, o “Cau”, é descrito por seus amigos e familiares como um mediador, uma figura conciliadora que permanentemente buscou o diálogo, especialmente como gestor na UFSC. O catarinense de Tubarão nasceu em 13 de maio de 1958, filho de uma costureira e um operário, tendo dois irmãos: Júlio e Acioli.

Em 1977, ingressou no curso de Direito da UFSC. O período era de resistência contra a ditadura militar e luta pela abertura política do Brasil. Engajado no movimento estudantil, Cancellier trabalhou ativamente nas campanhas para a redemocratização do país, mesmo com risco de prisões e morte. Envolvido, parou os estudos para se dedicar integralmente à carreira de jornalista, até ser assessor parlamentar no Senado Federal de 1992 a 1994.

Em 1995, veio à UFSC para continuar nela até o fim. Retomou o curso de Direito, graduando em 1998. Tornou-se mestre em 2001 e doutor em 2003 no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), com a tese A reglobalização do Estado e da Sociedade em rede na era do acesso.

Como profissional, sempre esteve próximo da área de gestão. Durante a graduação, havia trabalhado como assessor da presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Especializou-se em Gestão Universitária e Direito Tributário. Em 2003, foi Coordenador Geral da Secretaria de Estado da Saúde. Mas é em 2005 que ele ingressa como professor na UFSC, no próprio CCJ.

Ali, lecionou as disciplinas relativas a Direito Administrativo, tornando-se coordenador do curso e membro do Conselho Universitário em 2008. No ano seguinte, foi eleito chefe de departamento por três anos e, ainda, presidente da Fundação José Arthur Boiteux. No começo de 2012, foi nomeado diretor do Centro de Ciências Jurídicas.

Em 2015, venceu o pleito para Reitoria, tendo como vice a professora Alacoque Lorenzini Erdmann, na chapa “A UFSC pode mais”. Cancellier, como gestor, conquistou o caráter de ser uma figura mediadora e conciliadora, dedicando-se profundamente à Universidade e tendo uma trajetória de rápida ascensão.

“Por mais que as dificuldades surjam, uma palavra de conciliação, de abertura e de diálogo sempre pode trazer uma luz”, disse no ato de posse. A meta do seu trabalho foi de trazer a excelência acadêmica e a eficiência administrativa, apostando na descentralização da gestão e na valorização e participação de todos os Centros e Unidades da universidade nas tomadas de decisão.

O seu mandato teve 858 dias, contados de 10 de maio de 2015 a 14 de setembro de 2017, desde a posse à data de aprisionamento, quando foi afastado. O reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo foi liberado, mas impedido de entrar na Universidade e de ter contato com todos que lá trabalhavam. Afastado do que mais amou e ao que se dedicou em toda sua carreira, tirou a própria vida no dia 2 de outubro de 2017, uma segunda-feira.

A sua gestão foi sucedida pelo reitor pro tempore Ubaldo Cesar Balthazar em 2017, que escolheu dar continuidade ao trabalho e manteve a equipe que Cancellier escolheu. Ubaldo foi eleito reitor em novo pleito no ano de 2018 e encerrou seu mandato em julho de 2022.

Saiba mais

A Ordem Nacional do Mérito Educativo, criada em 1955 e regulamentada pelo Decreto nº 4.797, de 31 de julho de 2003, é uma honraria destinada a agraciar personalidades que tenham se distinguido por serviços excepcionais prestados à Educação.

As condecorações são entregues às personalidades nacionais e estrangeiras que se destacaram em ações para a melhoria e o desenvolvimento do ensino e da educação brasileira, a fim de reconhecer o impacto dos trabalhos realizados e incentivar a continuidade de esforços em prol de uma educação de qualidade e equidade.

Os homenageados são reconhecidos em cinco diferentes graus: Grã-Cruz, Grande Oficial, Comendador, Oficial e Cavaleiro. As nomeações e promoções são feitas por decreto do Presidente da República, mediante proposta do Ministro da Educação, após parecer favorável do Conselho da Ordem Nacional do Mérito Educativo.

 

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Com informações de: 

Cinco anos sem Cancellier: o legado de uma vida interrompida [Notícias UFSC]

Ordem Nacional do Mérito Educativo [Portal Gov.br]

 

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UFSC homenageia o filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha

12/11/2025 08:34

O filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha é homenageado na UFSC. Foto: Divulgação

O Instituto Kadila de Estudos Africanos e das Diásporas promoveu, nesta terça-feira, 11 de novembro, sua edição anual do Seminário que homenageia personalidades do pensamento africano. Neste 2025, o evento foi dedicado ao filósofo moçambicano Severino Elias Ngoenha, reitor da Universidade Técnica de Moçambique e reconhecido como o mais importante intelectual contemporâneo do país.

A conferência online, transmitida simultaneamente para o Brasil (9h) e Moçambique (14h), teve como tema “Das guerras coloniais às crises políticas atuais em África”. A abertura e mediação ficou a cargo da professora Ilka Boaventura Leite, do Departamento de Antropologia, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. O evento contou ainda com a presença do reitor da Universidade, Irineu Manoel de Souza; da secretária de Relações Internacionais, Fernanda Leal; e do diretor do CFH, Alex Degan.

O reitor Irineu destacou a existência de vários projetos e intercâmbios da UFSC com a Universidade Técnica de Moçambique, e que são essas parceiras que tornam “a Universidade plural e preocupada com as questões mundiais”. Ele também ressaltou a importância em homenagear o professor Severino, confirmando a relevância de seus estudos para os dois países.

“Hoje celebramos a trajetória de um dos mais importantes pensadores contemporâneos de Moçambique. Sua obra está comprometida com os diversos dilemas e desafios das sociedades africanas e oferece contribuições valiosas para a construção de outras epistemologias”, reforçou a secretária Fernanda (Sinter). A filosofia africana, com sua força ética e epistêmica, “nos ajuda a romper com os paradigmas eurocentrados que ainda estruturam nossa Universidade, nosso ensino, nossa pesquisa e a própria internacionalização da educação superior”, complementou.

Fernanda também destacou o papel do Instituto Kadila, vinculado à UFSC, na promoção dos estudos africanos e afro-brasileiros. O trabalho do Instituto “tem sido fundamental para que a internacionalização da Universidade não seja apenas geográfica, mas também política e epistemológica”. Para a gestora, a UFSC tem buscado consolidar relações internacionais mais simétricas, igualitárias e sensíveis à diversidade de saberes. Ela concluiu sua fala enaltecendo a importância do seminário que “certamente nos ajudarão a refletir sobre o papel de uma universidade pública na formação de uma cidadania crítica, plural e engajada”.

O diretor Alex Degan evidenciou que “o CFH é o maior centro de Filosofia e Ciências Humanas de Santa Catarina e um dos mais importantes do país. Aqui, apresentamos um crescimento exponencial dos estudos sobre a África e a diáspora afro-brasileira”. O dirigente realizou a leitura do Certificado de Reconhecimento de Mérito Acadêmico que descreve o professor Severino como um “intelectual de notável relevância e um dos mais expressivos nomes da filosofia moçambicana e lusófona”. Degan ressaltou que sua trajetória acadêmica é marcada por reflexões sobre “as realidades históricas, políticas e culturais do continente africano”. O texto também confirma seu papel decisivo na formação de novas gerações de pesquisadores, tanto por meio de sua atuação docente quanto por sua presença em instituições universitárias e culturais de destaque. “Sua obra ultrapassa fronteiras disciplinares e nacionais, inspirando reflexões sobre ética, política, identidade e modernidade em contextos diversos”, afirmou.

Em sua fala, o homenageado disse que “a filosofia nunca foi e nunca será um ato individual. É um ato coletivo em que muitas pessoas juntas se reúnem para construir algo em comum, uma comunidade epistêmica de saber”. Ele citou instituições e pessoas que foram fundamentais ao longo da sua caminhada, como a Universidade Pedagógica e a Universidade Técnica de Moçambique, “sem as quais qualquer tipo de reflexão ou de contribuição não teria sido possível”.

Severino também relembrou momentos marcantes de sua trajetória, como o período em que viajou em Roma, onde ocorreram as primeiras reflexões sobre a filosofia africana. A partir desta experiência, ao retornar a Moçambique, teve a oportunidade de criar novos currículos que rompiam com modelos coloniais e marxistas, incorporando pensamentos africanos, latino-americanos e interculturais.

Após a homenagem e agradecimentos, Severino contribuiu com uma reflexão profunda sobre os impactos históricos da colonização e seus desdobramentos na vida contemporânea do continente africano, abordando questões que afetam pessoas, instituições e nações.

O seminário contou ainda com as contribuições dos debatedores Adna Cândido de Paula, professora de Filosofia Africana e Afrodiaspórica da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), e João Lupi, professor adjunto da UFSC com especialização em História da Filosofia, Filosofia Medieval e da Religião.

Desde 2022, o Instituto Kadila promove o seminário como um espaço de discussão sobre temas centrais para os estudos africanos. Em 2023, o evento homenageou Sua Majestade o Rei dos Ovimbundus, do Reino do Mbailundo, Angola. A edição deste ano reafirmou o compromisso do Instituto com a valorização de saberes africanos e o fortalecimento de laços interculturais.

Assista à conferência completa:

 

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Reitoria da UFSC participa da abertura do ‘Seminário Escola é Lugar de Ciência’

10/11/2025 16:20

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) marcou presença na abertura do III Seminário Escola é Lugar de Ciência, realizado na manhã desta segunda-feira, 10 de novembro, no Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O evento, promovido pela Comissão de Educação e Cultura da Alesc – presidida pela deputada estadual Luciane Carminatti -, ocorreu em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Santa Catarina (SBPC-SC) e contou com a participação do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, e da vice-reitora Joana Célia dos Passos.

Durante sua fala, o reitor Irineu destacou que o seminário reúne representantes do sistema educacional catarinense, incluindo universidades estaduais, a UFSC, institutos federais e fóruns de educação, formando uma ampla rede de cooperação interinstitucional. Ele enfatizou que o principal objetivo do evento é fomentar a educação científica e incentivar a formação de jovens cientistas desde as etapas iniciais da vida escolar. Relembrando que a primeira edição do seminário aconteceu em 2019, Irineu sublinhou que, este ano, a meta é fortalecer e reativar o programa Escola é Lugar de Ciência, articulando escolas públicas, universidades e o poder legislativo para debater temas como pesquisa científica, extensão universitária e educação básica. O reitor também ressaltou a relevância do seminário para o fortalecimento de políticas educacionais e a identificação de boas práticas que impulsionem avanços na área. Ele destacou a trajetória da UFSC como protagonista nos debates sobre educação e sua contribuição para o desenvolvimento do novo Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em discussão, reafirmando o papel estratégico da instituição no cenário estadual e nacional.

A vice-reitora Joana, por sua vez, ministrou a conferência “Educação e Direitos Humanos: por uma agenda político-pedagógica interseccional”, com um questionamento coletivo sobre o conceito de ciência, instigando reflexões sobre “ciência para quem e com quem”. Para evidenciar as desigualdades estruturais nas escolas públicas brasileiras, a professora apresentou dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2024, apontando que apenas 39% das escolas possuem internet disponível para os alunos, 30% têm conexão adequada, 44% oferecem computadores, 29% contam com laboratório de informática, 10% dispõem de laboratório de ciências e 36% possuem quadras esportivas. Além disso, somente 32% das escolas contam com bibliotecas, uma carência que afeta especialmente instituições situadas em áreas rurais ou periferias urbanas, frequentadas por crianças de camadas populares. “Ciência no Brasil é algo para a elite brasileira”, criticou a vice-reitora, denunciando a precariedade das condições de ensino e a desigualdade no acesso a recursos. Joana também apontou que formar professores não é suficiente quando as condições objetivas das escolas inviabilizam a aplicação prática do aprendizado universitário. Segundo ela, a falta de infraestrutura e a alta rotatividade de docentes em escolas de regiões mais pobres refletem um projeto político que perpetua a exclusão social.

Ao explorar o tema central de sua conferência, Joana destacou a importância de construir uma agenda político-pedagógica interseccional que enfrente as desigualdades estruturais e promova a inclusão. Ela explicou que a interseccionalidade permite compreender como marcadores sociais, como raça, gênero, classe e deficiência, se cruzam para criar experiências únicas de exclusão. Essa abordagem, segundo a professora, é essencial para repensar práticas pedagógicas, currículos, materiais didáticos e políticas educacionais, abrangendo desde a formação de professores até a gestão escolar. Joana também defendeu que a educação deve ser um espaço de emancipação, inspirado pelos valores de Paulo Freire, e afirmou ser urgente superar visões colonialistas e eurocêntricas que ainda moldam a escola brasileira. “A ciência que deve entrar na escola é aquela construída para a emancipação e que reconhece as diferenças que constituem os grupos historicamente marginalizados”, declarou, enfatizando os impactos positivos das políticas de ações afirmativas no ambiente acadêmico. Ela também ressaltou a necessidade de currículos que celebrem a diversidade e reforçou o papel da escola como um centro cultural de ciência, arte e cidadania, integrando famílias e comunidades em um esforço coletivo de transformação.

A UFSC integra o grupo de instituições parceiras que apoiam e colaboram com a realização do seminário, ao lado de outras universidades públicas, como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), bem como dos institutos federais de Santa Catarina (IFSC e IFC), órgãos governamentais e entidades representativas da educação no estado. Entre os parceiros estão a Secretaria de Estado de Educação de Santa Catarina (SED), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a Federação de Consórcios e Associações de Municípios de Santa Catarina (Fecam), o Conselho Estadual de Educação (CEE/SC), o Fórum Estadual de Educação (FEE/SC) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte).

O evento, com programação até o dia 11 de novembro, ocorre em dois locais: o primeiro dia no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, na Alesc, e o segundo dia no Auditório Tito Sena, na Faculdade de Educação da Udesc (Faed/Udesc). A programação completa está disponível no site da SBPC/SC.

A participação da Reitoria da UFSC no seminário reafirma o compromisso da universidade com a educação básica e a disseminação da cultura científica em Santa Catarina, contribuindo para a construção de políticas educacionais que promovam a formação crítica e cidadã dos estudantes catarinenses.

Assista ao primeiro dia do seminário na íntegra:

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
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