Vice-reitora da UFSC palestra na 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres

28/08/2025 10:24

A vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joana Célia dos Passos, desempenhou um papel de destaque na 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, realizada nos dias 27 e 28 de agosto, em Florianópolis. Além de integrar a mesa de abertura do evento, também ministrou a palestra do Eixo 3 – Mais Democracia e Participação Social -, alinhando sua fala ao tema central da conferência: “Mais Democracia, Mais Igualdade e Mais Conquistas para Todas”.

O evento em Florianópolis reuniu cerca de 300 participantes, entre gestoras públicas, lideranças sociais, conselheiras e cidadãs de todas as regiões do estado. Entre as autoridades, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e a secretária Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, Sandra Kennedy. As diversas vozes presentes evidenciaram discussões multifacetadas sobre os direitos e desafios enfrentados pelas mulheres. As participações abordaram a violência de gênero em suas diversas formas e a necessidade de políticas públicas eficazes, proteção, orçamento dedicado, cobrança e construção dessas iniciativas. Além disso, foi ressaltada a importância da representação feminina em espaços de poder como meio de criação e implementação de leis e programas que garantam igualdade, autonomia econômica e social, e atendimento integral às mulheres, especialmente as mais vulneráveis como indígenas, negras, quilombolas, imigrantes, pessoas em situação de rua e mães atípicas.

Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, participa da abertura da 5ª Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, em Florianópolis. Na mesa a participação da vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos. Foto: Divulgação

Em sua abordagem, a professora Joana Célia dos Passos sublinhou que a democracia, o “único sistema político que tem como princípio direitos”, somente se sustenta com a participação social. Para ela, a participação em conselhos, sindicatos, partidos políticos e parlamentos é fundamental para a consolidação democrática, criando espaços de “disputa política e de embates” que, apesar das divergências, visam a construção de projetos para a nação, o estado e os municípios. A vice-reitora enfatizou a importância da representação feminina em todas as esferas, onde as mulheres podem e querem estar.

Abordando as duras realidades enfrentadas pelas mulheres, Joana não hesitou em classificar os dados apresentados por outras palestrantes como “assustadores e ao mesmo tempo necessários”. Ela ousou afirmar que, com mais mulheres nos espaços de poder – referindo-se àquelas que defendem a transformação social e se posicionam contra o machismo e a misoginia – muitas das situações atuais já estariam alteradas. Joana destacou a persistência da violência política contra mulheres em Santa Catarina, mencionando casos em Joinville, Florianópolis, Brusque, Criciúma e Chapecó. Ela ressaltou que a legislação existente para combater a violência política, de 2014, embora importante, “não protege todas as mulheres”, focando exclusivamente naquelas em exercício do Executivo ou Parlamento, deixando de fora muitas outras lideranças.

A vice-reitora questionou a imagem esperada das mulheres na liderança, evocando a frase da ex-presidenta Dilma Rousseff: “Eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos”. Ela argumentou que as mulheres são frequentemente “intimidadas” e retaliadas por suas posturas, e que é crucial que elas permaneçam nesses espaços apesar das violências diárias. Para Joana, a capacidade de as mulheres colocarem a defesa de seus pares e o enfrentamento às violências na pauta permanente é inegável, e sua presença nesses locais “aumenta a chance de construirmos políticas mais efetivas para as mulheres”.

Com uma visão pragmática, a docente reiterou a mensagem de que “sem orçamento não existem” políticas públicas. Ela celebrou as conquistas já alcançadas, como o aumento da ocupação de mulheres nas câmaras de vereadores, assembleias e parlamentos, fruto de uma luta histórica por mais espaço. No entanto, a necessidade de ir além e garantir que as leis existentes se concretizem na prática, com o devido financiamento, foi um ponto crucial de sua fala.

Ao finalizar, a professora Joana Célia citou que “a noite não adormece nos olhos das mulheres, há mais olhos que sono”. Ela enfatizou que o trabalho e a luta das mulheres não são apenas para si, mas para transformar a vida de todos ao seu redor, citando programas como o “Minha Casa Minha Vida” onde a gestão feminina dos recursos se mostrou mais eficaz para a família. A vice-reitora concluiu encorajando as mulheres a enfrentar os espaços de poder com a “capacidade que nós temos, com esse nosso jeito de ser mulher braba também”, exigindo tratamento igualitário e combatendo “qualquer tentativa de violência contra nossa existência”.

A conferência foi promovida pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim/SC), em parceria com a Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família (SAS). O Cedim/SC é uma instância permanente, deliberativa e consultiva, composta de forma paritária entre governo e sociedade civil. Sua atuação inclui a formulação de diretrizes e políticas públicas voltadas à garantia dos direitos das mulheres, além de exercer o controle social e contribuir para o fortalecimento das políticas de igualdade de gênero. Durante a conferência, as delegadas presentes terão o compromisso de eleger as 74 representantes para a etapa nacional do evento, que será realizada em Brasília, de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025.

 

Assista o debate na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

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Reitoria da UFSC participa de agenda estratégica em Brasília para futuro das IFES

22/08/2025 15:28

Nos dias 20 e 21 de agosto de 2025, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou, em sua sede em Brasília (DF), a 182ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno. O evento contou com a participação de gestores(as) de todo o país, incluindo o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, e a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, para debater temas estratégicos relacionados ao futuro da educação superior no Brasil. Entre as pautas destacaram-se a Política Nacional de Educação Superior (PNEDS), o orçamento das universidades federais e uma proposta de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil.

O primeiro dia do evento (20) teve início, às 14h, com o Seminário Temático sobre a Política Nacional de Educação Superior. Após a abertura, uma mesa-redonda reuniu especialistas como Lúcia Pellanda, diretora de Desenvolvimento Acadêmico da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC); Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP); Lia Rita Azeredo Bittencourt, vice-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Luiz Cláudio Costa, reitor do Centro Universitário IESB; e a deputada federal Ana Cristina de Lima Pimentel. A discussão girou em torno da necessidade de atualização da política educacional, cujo último documento formal data de 1968, para enfrentar os desafios contemporâneos da educação pública.

Os debates abordaram questões como orçamento, autonomia universitária e a resistência à inovação, além de explorar as oportunidades trazidas pela Inteligência Artificial (IA). Houve consenso sobre a importância de as universidades federais liderarem esse processo de transformação, repensando currículos, metodologias de ensino e estratégias de comunicação com a sociedade. Além disso, destacou-se a relevância de indicadores de impacto, que vão além de métricas quantitativas, para evidenciar o valor social das instituições e, assim, garantir financiamento adequado.

A deputada federal Ana Pimentel enfatizou a necessidade de aproximação com o Congresso Nacional para fortalecer pautas relacionadas à educação superior. Pimentel alertou sobre o desafio de aprovar medidas progressistas em um cenário de aumento desproporcional das emendas parlamentares, o que compromete a lógica de funcionamento do Estado e impacta diretamente as universidades públicas. Segundo ela, é essencial reforçar o papel das universidades no debate sobre a democratização da educação.

A professora Lúcia Pellanda (SESu/MEC) reforçou a importância de uma construção coletiva para a PNEDS. Pellanda mencionou que o processo teve impulso a partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2021, e visa estabelecer diretrizes e indicadores alinhados aos objetivos constitucionais e legais da educação. Também apresentou áreas temáticas como financiamento, acesso, permanência, pesquisa e extensão, além de incluir temas emergentes como inovação pedagógica, IA e mudanças climáticas.

O professor Jacques Marcovitch (USP) destacou a diferença entre métricas de “resultado” e “impacto”. Enquanto o resultado refere-se ao produto de atividades acadêmicas, avaliado pelos pares, o impacto reflete os efeitos econômicos, sociais, ambientais e culturais dessas atividades, medidos pelos beneficiários. O docente criticou o foco excessivo no monitoramento de insumos e processos, em detrimento de resultados e impactos, defendendo a necessidade de as universidades prestarem contas à sociedade por meio de indicadores qualitativos.

A professora Lia Rita Bittencourt, vice-reitora da Unifesp, compartilhou sua experiência ao migrar de uma visão baseada em métricas quantitativas para uma abordagem mais orientada ao impacto. Ela sugeriu formas de medir o impacto do ensino, como o envolvimento de egressos; da pesquisa, por meio de parcerias extra-acadêmicas e mudanças em políticas públicas; e da extensão, considerando o engajamento comunitário. Lia também ressaltou a importância de considerar as especificidades regionais e o porte das instituições na avaliação de impacto, sublinhando a colaboração entre universidades públicas paulistas no uso estratégico de dados.

O professor Luiz Cláudio Costa, ex-secretário da SESu e ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), apresentou um panorama sobre a evolução da IA, desde sua concepção até avanços recentes, como o lançamento do ChatGPT (2022). Dentre as suas projeções, a IA irá transformar profundamente, em poucos anos, o setor educacional. Costa argumentou que o modelo atual de universidades pode dar lugar a instituições que priorizem a certificação de habilidades, em vez de currículos extensos e rígidos. Ele sugeriu que o Brasil invista em IA setorial, voltada ao SUS ou à rede federal de ensino, em vez de competir globalmente no desenvolvimento de IA geral. Por fim, destacou que essa tecnologia deve ser uma aliada dos professores, mas alertou para desafios como vieses discriminatórios e a plataformização da educação.

O seminário culminou em um consenso sobre a urgência de uma política de educação superior que seja protagonista, flexível e orientada ao impacto social, integrando tecnologias emergentes sem perder o foco no desenvolvimento humano e na democratização do acesso ao conhecimento. As discussões serão sistematizadas e servirão de base para os próximos passos na elaboração da PNEDS, com um seminário mais amplo programado para setembro deste ano.

Ainda no dia 20, às 18h30, ocorreu um encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes, na sede do ministério. O diálogo reforçou a importância de parcerias entre instituições de ensino e o governo para a promoção de políticas públicas voltadas à igualdade de gênero e ao fortalecimento da educação superior.

Encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes (segunda da dir. p/ esq.). Foto: Divulgação

A programação do dia seguinte (21) começou com a apresentação de Lisandro Granville, novo diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Em seguida, novamente a ministra Márcia Lopes participou de um diálogo, abordando ações conjuntas para ampliar a participação feminina no meio acadêmico e em posições de liderança. A vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, pontuou a necessidade de revisar a legislação que tipifica a violência política contra mulheres. Durante sua passagem pela SESu/MEC, Joana Célia também levou projetos relacionados à acessibilidade, IA, ações afirmativas e diversidade, além do II Seminário Nacional de Gestão em Ações Afirmativas para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).

No período da tarde, os debates se voltaram aos desafios e prioridades financeiras das universidades federais, com a presença de Marcus Vinicius David, secretário de Educação Superior (SESu/MEC); Aline Pereira Leal, coordenadora-geral de Planejamento e Orçamento das Instituições Federais de Educação Superior (CGPO/Difes/SESu); e Evandro Rodrigues de Faria, coordenador do Fórum de Pró-Reitores de Planejamento e Orçamento das IFES (Forplad).

Encerrando o evento, foi apresentada uma proposta de cooperação entre as universidades federais e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, com a participação de representantes da OPAS. A iniciativa visa fortalecer a pesquisa, a formação acadêmica e o impacto social das universidades no campo da saúde pública.

Acompanhe o debate na íntegra:

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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Inscrições abertas para Conferência Livre de Mulheres na UFSC

28/07/2025 14:45

Em preparação para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM), a Conferência Livre de Mulheres na UFSC será realizada no dia 12 de agosto de 2025, às 18h30, no Auditório do Centro Socioeconômico (CSE), no campus Trindade, em Florianópolis. Este será um espaço aberto de escuta, debate e construção coletiva de propostas para o fortalecimento de políticas públicas voltadas às mulheres. Interessadas em participar podem realizar sua pré-inscrição neste link.

O evento é organizado pelo Instituto de Estudos de Gênero (IEG/UFSC), em parceria com a Cátedra Antonieta de Barros/UFSC, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM), Governo Federal e o Ministério das Mulheres. O evento busca promover um diálogo democrático e inclusivo, envolvendo estudantes, servidoras, professoras, técnicas, trabalhadoras e ativistas para a formulação de propostas concretas que possam impactar positivamente a sociedade.

A Conferência Livre é uma oportunidade única para exercer a cidadania ativa e colaborar na construção de políticas públicas que reflitam as vivências e necessidades reais das mulheres. É um momento de mobilização, troca de experiências e formulação de ideias que podem direcionar as ações do Estado, combater desigualdades e ampliar direitos. Os documentos-base e as propostas que serão debatidas estão disponíveis neste site.

Serviço

Evento: Conferência Livre de Mulheres na UFSC
Data: 12 de agosto de 2025
Horário: 18h30
Local: Auditório do Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC
Entrada: Gratuita e aberta ao público

 

Coordenadoria de Imprensa do GR / SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

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Ministra das Mulheres virá à UFSC nesta quinta-feira, 20 de abril

18/04/2023 09:31

Foto: Divulgação

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, virá a Santa Catarina na próxima quinta-feira, 20 de abril, com agenda confirmada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ao longo de todo o dia, a ministra estará reunida com instituições de ensino e lideranças e terá compromissos na Câmara Municipal de Florianópolis e na Assembleia Legislativa.

Dentre os temas que a ministra discutirá na UFSC está a violência contra as mulheres nas instituições, o financiamento da pesquisa de mulheres, e o Observatório de Violências Educacionais de Santa Catarina. Está prevista uma reunião com as instituições de ensino, no Gabinete da Reitoria, em Florianópolis.

“É mais uma oportunidade para que a UFSC e as demais instituições de Ensino Superior catarinenses possam se aproximar das políticas públicas que estão sendo desenvolvidas para a sociedade brasileira. Queremos estar inseridas nessas políticas com a nossa pesquisa, e trazer para dentro das instituições os programas de fortalecimento das pesquisas de mulheres, bem como as ações de enfrentamento das violências. O papel da UFSC nessa articulação é fundamental”, salienta a vice-reitora Joana Célia dos Passos.

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