Editora da UFSC lança romance ‘Zama’, primeiro da Coleção de Literatura Hispano-Americana

28/11/2025 13:55

A Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) acaba de lançar “Zama”, romance do escritor argentino Antonio Di Benedetto, obra que inaugura a Coleção de Literatura Hispano-Americana traduzida ao português do Brasil. A iniciativa, coordenada pelos professores do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC, Liliana Rosa Reales e Joca Wolff, representa um marco na aproximação entre a literatura brasileira e hispano-americana.

Publicado originalmente em 1956, “Zama” conquistou o status de leitura obrigatória para uma geração de célebres escritores como Augusto Roa Bastos, Julio Cortázar, Juan Rulfo, Mario Vargas Llosa e Roberto Bolaño. O escritor argentino Juan José Saer declarou que “Zama é superior à maior parte dos romances escritos em língua espanhola nos últimos trinta anos”. A obra também recebeu elogios do prêmio Nobel de Literatura John Coetzee e, em 2017, ganhou adaptação cinematográfica dirigida por Lucrecia Martel, indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Com uma linguagem inusual e surpreendente para a época, Di Benedetto narra em primeira pessoa dez anos (1790-1799) da vida de Diego de Zama, funcionário letrado da coroa espanhola. Afastado do centro de poder e deslocado para uma cidade distante (que o autor identificou como Assunção do Paraguai), o protagonista vive atormentado pelo tédio, a solidão e a pobreza, aguardando uma transferência que nunca acontece. O romance é dedicado “às vítimas da espera”.

A obra explora temas profundos como o colonialismo, a marginalização e a busca por pertencimento na América Latina. Uma das metáforas mais marcantes do livro compara a condição do protagonista à de um peixe que deve lutar constantemente contra as águas que o querem expulsar – imagem poderosa da luta dos povos latino-americanos pelo direito de pertencer à própria terra.

Projeto Editorial

A Coleção de Literatura Hispano-Americana nasce de uma política editorial implementada pela direção da EdUFSC, sob gestão de Nildo Ouriques, com foco na América Latina. Segundo a professora Liliana Reales, cada livro é resultado do trabalho de toda uma equipe envolvida na produção editorial.

“Muitas das obras clássicas ou de autores prestigiosos da literatura de nosso subcontinente contam com poucas reedições e alguns nunca foram traduzidos no Brasil”, explica Liliana. “Para entender melhor as forças que movimentam o presente e o destino de nossa América Latina é necessário o conhecimento do campo cultural e literário.”

Cada volume da coleção oferece, além da tradução da obra, prefácios e, em alguns casos, posfácios com estudos críticos, auxiliando leitores e estudantes universitários na compreensão do contexto histórico e literário de cada autor.

Próximos lançamentos da Coleção

Após “Zama”, a coleção publicará “O tempo principia em Xibalbá”, do escritor guatemalteco de origem maia Luis de Lión, nunca antes traduzido ao português, e “Última antologia”, da poeta uruguaia Idea Vilariño. Diversos outros títulos de importantes autores já estão sendo selecionados.

Sobre o autor

Nascido em Mendoza, Argentina (1922-1986), Di Benedetto foi jornalista, escritor e uma das primeiras vítimas da última ditadura militar argentina. Sequestrado em 24 de março de 1976, permaneceu encarcerado e torturado por dezessete meses. Libertado graças à pressão internacional de escritores como Heinrich Böll e Günter Grass, foi obrigado a exilar-se na Espanha por oito anos.

Autor de narrativas mundialmente elogiadas, recebeu diversas distinções, incluindo a bolsa Guggenheim (1974) e o título de Cavalheiro da Ordem do Mérito pelo governo italiano. Sua obra continua sendo objeto de estudos acadêmicos, teses de doutorado e adaptações cinematográficas, demonstrando sua relevância duradoura.

Ficha técnica

Título: Zama
Autor: Antonio Di Benedetto
Tradução: Byron Vélez Escallón
Prólogo: Liliana Reales
Editora: EdUFSC
Coleção: Literatura Hispano-Americana
Coordenação: Liliana Reales e Joca Wolff
Mais informações: site da EdUFSC
Vendas no site da livraria virtual ou pelo e-mail: vendas.editora@contato.ufsc.br

Divisão de Imprensa do GR | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

Tags: Antonio Di BenedettoCCEEdUFSCJoca WolffLançamentoLiliana RealesUFSCZama

Editora da UFSC lança textos inéditos de Karl Marx e marca início de nova linha editorial

19/11/2025 17:56

Capitalismo e colonização: Extratos e notas – Londres, 1851, é a primeira obra de Karl Marx publicada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), marcando o início de uma linha editorial voltada ao pensamento crítico latino-americano e à teoria social. O lançamento oficial da coletânea inédita de textos e anotações de Marx – traduzida pela primeira vez para o português – será realizado no dia 6 de dezembro de 2025, às 16h, na Livraria Tapera Taperá, em São Paulo.

“Há também com Marx o caso espantoso de obras inéditas dele, às vezes simples notas de estudo, borradores, que ele jamais pensou em publicar, mas que uma vez lançadas ao público, provocam polêmicas acaloradas”, afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro. Este livro atualiza esse recado e apresenta ao público brasileiro um Marx ainda pouco conhecido: o estudioso das civilizações pré-hispânicas e do colonialismo.

O volume reúne textos inéditos nos quais Marx explora temas fundamentais para a compreensão da formação do capitalismo mundial. A partir de uma leitura crítica das obras de William H. Prescott – “História da Conquista do México” (1843) e “História da Conquista do Peru” (1847) – Marx oferece uma análise detalhada das “formações econômicas pré-capitalistas” e desenvolve uma teoria marxiana sobre o colonialismo como parte constitutiva do sistema capitalista mundial.

Além dos estudos sobre o mundo pré-hispânico, o livro contém importantes comentários e notas sobre o tráfico africano de escravos e a política colonial do império britânico, revisando estudos de Thomas Hodgskin, Felix Wakefield e outros autores do período. Esse material revela não apenas registros históricos valiosos, mas uma teoria abrangente sobre o colonialismo e sua relação intrínseca com o desenvolvimento do capitalismo.

O organizador da obra, professor e diretor da EdUFSC, Nildo Ouriques, observa que é “corrente a ideologia segundo a qual Marx não mergulhou fundo na antropologia”. No entanto, os Cadernos de Londres e estes estudos sobre o mundo pré-hispânico demonstram o contrário. Marx, ao contrário do acadêmico moderno, recusava a divisão burguesa do conhecimento, resultado da divisão social do trabalho. Sua trajetória foi marcada por uma curiosidade intelectual desmedida que incluiu, na última fase de sua vida, até o aprendizado do idioma russo para compreender os debates dos populistas russos.

As anotações de próprio punho, registradas em longos cadernos, revelam o rigoroso método de estudo de Marx e sua capacidade extraordinária de trabalho. Este material constitui um farto acervo historiográfico e antropológico que demonstra como o pensador alemão ampliou progressivamente seu olhar para além da Europa ocidental, reconhecendo que o mundo era muito mais vasto do que aquele que ocupou a primeira fase de seus estudos.

Relevância e acessibilidade

Karl Marx

“A questão não é a vitalidade e o exemplo de Marx, mas, ao contrário, é o acirramento da luta de classes em escala mundial e em nosso país que seguirá motivando ataques contra ele e sua imensa e insuperável obra”, afirma Ouriques. A publicação deste volume se inscreve no esforço necessário para autorizar o acesso aos escritos, anotações e estudos de Marx sobre a América Latina, contribuindo para corrigir a histórica defasagem de traduções no Brasil em comparação com outros países latino-americanos.

A obra está organizada de forma que não necessita conhecimento prévio da teoria marxista, tornando-se acessível a antropólogos, historiadores, economistas, sociólogos, cientistas políticos, acadêmicos e o público em geral interessado em compreender as raízes históricas do colonialismo e do capitalismo na América Latina.

Mais informações: editora.ufsc.br

Vendas no site da livraria virtual ou pelo e-mail: vendas.editora@contato.ufsc.br

 

Divisão de Imprensa do GR | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Tags: Capitalismo e colonização: extratos e notasEdUFSCKarl MarxLançamento EdUFSCLivraria Tapera TaperáNildo OuriquesUFSC

Maior Feira do Livro da UFSC é destaque do início do semestre letivo

11/08/2025 11:24

Feira do Livro da UFSC, de 11 a 14 de agosto, reúne 19 editoras brasileiras no Hall da Reitoria. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

No dia em que a UFSC reabre o segundo semestre e celebra o início de um novo ciclo, teve início a Feira do Livro da instituição, um dos eventos literários mais aguardados do calendário acadêmico e o maior de sua história. A abertura foi realizada nesta segunda-feira, 11 de agosto, no hall da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no campus Trindade, em Florianópolis. A feira continua até o dia 14 de agosto, com entrada gratuita e uma extensa programação que inclui música, teatro, dança, palestras e lançamentos de livros.

Na cerimônia de abertura oficial, estiveram presentes o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, o diretor da Editora da UFSC (EdUFSC), Nildo Ouriques, e a secretária de Cultura, Arte e Esporte (SeCArte), Eliane Debus. Nildo descreveu o evento como “um ato militante em favor da leitura, da crítica e sobretudo de ampliar o horizonte intelectual dos estudantes e sobretudo da comunidade”. Em sua fala, o diretor ressaltou o “genuíno e autêntico interesse do público no livro”, mesmo diante da percepção de que o livro estaria em baixa. Para ele, o livro é um instrumento fundamental “da cultura e um instrumento de luta política”.

Ouriques também expressou preocupação com a indústria editorial. Como exemplo, citou que, no ano passado, entre os dez livros mais vendidos, estavam “os de colorir para adultos”, o que, em sua visão, evidencia o “tamanho da regressão intelectual e política que nós estamos sofrendo”.

A fala do diretor abordou a relevância crescente do incentivo e do acesso à leitura em um contexto dominado pelas mídias digitais. Nildo criticou a tendência em alguns países periféricos de imitar o acesso irrestrito à internet para crianças. Ele observou que crianças de 5 a 7 anos já manuseiam celulares e “não suportam cinco minutos de solidão com o livro”. Além disso, a juventude que ingressa nas universidades hoje demonstra “uma dificuldade imensa de concentração e de leitura”, acrescentou.

Para o professor Nildo, o livro deixou de ser um artigo de luxo, mas ainda não é visto como um “artigo essencial”. Ele defendeu que “é na solidão do livro que a gente acessa ao mundo”, e não por meio de mídias sociais. A feira é uma “luta cultural, uma batalha das ideias e uma batalha cultural gigantesca para essa atividade que é o livro”, concluiu.

A secretária de Cultura, Arte e Esporte, Eliane Debus, ressaltou em sua fala a importância da literatura e das iniciativas que promovem o livro como protagonista. Ao refletir sobre os simbolismos do evento, a secretária preferiu se afastar da expressão “cadeia do livro” e em vez disso, evocou o Garapuvu, árvore de crescimento veloz e floração vibrante, como um símbolo para o momento. “Como um Garapuvu majestoso, nos encontraremos aqui nos dias 11 a 14 de agosto, a floração invernal daqueles e daquelas que têm o livro como seu fruto e flor, alimento e sensibilidade”, disse, referindo-se aos escritores, revisores, tradutores, editores, livreiros, leitores e agentes de mediação, como professores e bibliotecários.

Citando Antônio Cândido, Eliane reforçou a ideia de que “se o livro, a literatura, é um direito humano e fortalece a humanidade que habita em nós, encontros como este nos possibilitam exercitar querer estar entre livros e em sociedade”. Ela também trouxe à memória os versos de Camões, afirmando que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, e que, apesar das transformações tecnológicas, “o livro persiste, o ato de ler persiste”.

A secretária encerrou sua fala com uma homenagem às palavras de Castro Alves: “Ó bendito que semeia livros, livros à mão cheia e manda o povo pensar. O livro, o livro caindo na alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”. Por fim, ela reiterou os parabéns à equipe organizadora e ao diretor da editora, celebrando o papel transformador da leitura e da literatura.

O reitor Irineu Manoel de Souza cumprimentou as equipes envolvidas, registrando o trabalho conjunto que tornou possível a realização da Feira. Trata-se de um esforço coletivo de docentes, técnicos-administrativos e representantes de editoras universitárias para fortalecer o intercâmbio cultural e promover a democratização do acesso à leitura, e assinalou também que iniciativas assim “incentivam e trazem os nossos jovens para a leitura”.

O reitor aproveitou a ocasião para situar a Feira no contexto do início do período letivo e de realizações institucionais. Citou “a abertura da emergência pediátrica do HU, agora com atendimento 24 horas”, e, ainda, anunciou que o semestre começa com uma agenda intensa, com o Seminário Estadual Mulheres na Gestão das Instituições Públicas e a Aula Magna sobre direitos humanos e cidadania, com a presença da ministra Macaé Evaristo. Ele frisou a relevância da UFSC para Santa Catarina e para o Brasil, lembrando que, “em qualquer avaliação feita, a nossa universidade aparece como uma das melhores do país e da América Latina”.

O reitor expressou confiança de que a Feira “vai proporcionar a ampliação da qualidade do nosso ensino, da pesquisa e da extensão”, reiterando que a escolha do “primeiro dia de aula” para a abertura foi “muito bem programada”. Reafirmou o compromisso da Reitoria em apoiar integralmente os setores que fortalecem a universidade pública de qualidade.

A Feira do Livro da UFSC reúne, neste ano, 19 editoras renomadas e independentes de todo o Brasil, como UFPR, UFMG, Unesp, Fiocruz, Unicentro, Unifesp, UFABC, Edusp, Eduem, Editus e muitas outras. Os visitantes poderão adquirir livros com descontos de 50% ou mais, consolidando a feira como um evento acessível e inclusivo.

Além da diversidade de títulos, o evento oferece uma programação cultural rica e variada. Entre os destaques estão o espetáculo “Infância”, baseado na obra de Graciliano Ramos, com os atores Ney Piacentini e Alexandre Rosa, e debates sobre literatura e outras artes, como cinema e música. Uma homenagem especial será dedicada ao centenário de Salim Miguel, escritor, jornalista e ex-diretor da EdUFSC, reconhecendo seu legado para a cultura catarinense e nacional.

O primeiro dia da feira começou com a cerimônia oficial às 9h, seguida por apresentações culturais e palestras. Às 12h30, o público será animado pelo grupo Pagode do Aplicação, e, no período da tarde, o tema “Literatura e Cinema” será abordado pelo cineasta Fernando Oriente. O dia encerrará com o lançamento de novos livros às 17h30, consolidando o papel da feira como um espaço de celebração da produção literária.

Mais informações no site https://editora.ufsc.br/ ou no perfil do Instagram @editora.ufsc.

 

Rosiani Bion de Almeida | Secom
imprensa.gr@contato.ufsc.br

 

Tags: EdUFSCFeira do Livro da UFSCUFSC

Deputado se reúne com reitor para tratar da reedição de obra sobre imigração italiana em SC

05/07/2023 16:36

Importância da reedição do livro para comunidade italiana no Brasil foi trazida ao reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, pelo deputado Vicente Caropreso (PSDB), em reunião no Gabinete da Reitoria. Foto: Robson Ribeiro/SECOM/UFSC

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, recebeu nesta quarta-feira, 5 de julho, no Gabinete da Reitoria, em Florianópolis, o deputado estadual Vicente Caropreso (PSDB), para discutir sobre a reedição do livro “Vencer ou Morrer”, do historiador Renzo Maria Grosselli, importante nome para a comunidade italiana no Brasil.

Na reunião estiveram presentes o chefe de Gabinete da reitoria, Bernardo Meyer; a chefe de Gabinete do deputado Vicente Caropreso, Lucélia Aral; e o coordenador dos círculos Trentinos no Paraná e em Santa Catarina, Andrey José Taffner Fraga.

O deputado Vicente Caropreso coordena a Frente Parlamentar Santa Catarina-Itália, na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc). Em sua fala, destacou a relevância da obra para a comunidade italiana no Brasil e a necessidade da reedição do título, publicado inicialmente pela editora da UFSC (EdUFSC), em 1987. “Nós gostaríamos que a UFSC assumisse, aceitasse cofinanciamento ou nos passasse os direitos para que o professor Renzo fizesse uma reedição”, salientou.
(mais…)

Tags: AlescDeputado Vicente CaropresoEditora da UFSCEdUFSCImigração ItalianareediçãoRenzo Maria GrosselliUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina