Comitiva da UFSC vai a Brasília em busca de apoio aos estudantes indígenas

07/06/2023 16:22

Estudantes da UFSC e lideranças indígenas se reuniram com representantes do MPI (Fotos: Divulgação)

Uma comitiva formada por gestores, docentes e estudantes indígenas da UFSC esteve em Brasília nos últimos dias em busca de suporte do governo federal para estruturação e consolidação do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica (LII) e apoio à permanência dos estudantes indígenas na Universidade. O grupo teve encontros no Ministério da Educação (MEC) e no Ministério dos Povos Indígenas (MPI) para apresentar suas demandas. Após as reuniões, estudantes participaram de manifestações pela rejeição do chamado Marco Temporal, que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A comitiva da UFSC foi liderada pela vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e integrada pela pró-reitora de Permanência e Assuntos Estudantis, Simone Sampaio; a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Leslie Sedrez Chaves; a coordenadora de Relações Étnico-raciais da Proafe, Iclícia Viana; a coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, Juliana Salles Machado; os representantes discentes do curso Edison Rodrigo Pinheiro da Silva e Suzane Benites e as lideranças indígenas Adilson Policeno, Leonardo da Silva Gonçalves e Tukun Gakran.

Na segunda-feira, 5 de junho, o grupo participou de uma reunião no gabinete da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi). Pelo Ministério da Educação estavam presentes o assessor de gabinete, Cleber Santos Vieira; Rosilene Araújo Tuxá, coordenadora-geral de Educação Escolar Indígena e Ludmila Brandão, assessora da Divisão de Formação Especializada (Difes) da Secretaria de Educação Superior (Sesu). O Ministério dos Povos Indígenas foi representado por Jozileia Daniza Kaingang, chefe de gabinete, e Altaci Rubim Kokama, da Articulação de Políticas Educacionais para população originária.

Grupo que participou de reunião no MEC

Na pauta da reunião estavam temas como o apoio do MEC para sanar demandas urgentes para o processo de institucionalização efetiva do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica na UFSC e para a melhoria da permanência dos estudantes indígenas na universidade, respeitando suas especificidades culturais.

As demandas emergenciais debatidas foram: ampliação da verba do Prolind (programa do MEC de apoio a cursos de Licenciaturas Interculturais); cota emergencial de vagas para a contratação de professores e técnicos indígenas para atuar no curso; suplementação de recursos para a reforma e melhoria da estrutura física do alojamento e áreas de uso dos estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC e universalização da Bolsa Permanência MEC para todos os estudantes indígenas da LII.

Na terça-feira, 6 de junho, a reunião foi no Ministério dos Povos Indígenas. Ali a comitiva foi recebida por duas egressas da Universidade: a chefe de gabinete Jozileia Daniza Kaingang, que foi professora e coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, e a chefe da assessoria especial de assuntos parlamentares e federativos Ana Patté, egressa do curso. Também estavam presentes o professor Eliel Benites, Diretor do Departamento de Línguas e Memória e a professora Altaci Rubim Kokama, da Articulação de Políticas Educacionais para população originária.

Comitiva do encontro no Ministério dos Povos Indígenas

Os integrantes do grupo da UFSC relataram aos representantes do MPI as dificuldades que o curso vem passando e o empenho da UFSC em construir políticas institucionais para os estudantes indígenas que garantam sua permanência com especificidade dentro da Universidade. Além destes temas foram abordadas importantes pautas de combate ao racismo contra os povos indígenas, saúde indígena dentro da UFSC e planejamentos de ampliação da presença indígena com qualidade e especificidade.

 

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Estudantes e lideranças indígenas reúnem-se com o reitor para tratar de moradia

04/05/2023 13:18

Reitor recebeu lideranças indígenas e estudantes em seu gabinete (Fotos: Luís Carlos Ferrari / Secom)

Lideranças indígenas e estudantes do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica participaram de reunião com o reitor Irineu Manoel de Souza na tarde de quarta-feira, 3 de maio. Eles estavam acompanhados da coordenadora do curso, professora Juliana Salles Machado, e da professora Maria Dorothea Darella, da equipe de coordenação do curso. A pauta da reunião foi a permanência indígena na UFSC no processo de institucionalização do curso na universidade, sendo o principal tema da conversa a melhoria das condições do alojamento dos estudantes durante o chamado Tempo Universidade, etapa pedagógica que alterna um período na UFSC e outro período na comunidade de origem dos estudantes. Atualmente são 45 alunos no curso, das etnias Guarani, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng.

Os líderes indígenas Adilson Policena Kaingang (Cacique Terra Indígena Inhacorá) e Divercindo Garcia Kaingang (ancião Terra Indígena Kondá); Elizete Antunes Guarani (Cacique TI Morro dos Cavalos) e Ronaldo Costa Guarani (Cacique Aldeia Piraí) e Tucun Gakran Laklãnõ (Cacique-presidente Terra Indígena Laklãnõ-Ibirama) e Dona Rosa Silva Laklãnõ (anciã Laklãnõ-Xokleng) se deslocaram de suas aldeias para realizar um ato simbólico no alojamento dos estudantes e espaço do CFH, marcando a presença indígena nestes espaços universitários, além de uma roda de conversa com os estudantes e docentes do curso e ao final uma conversa com o reitor.

Os estudantes relataram diversos problemas relativos ao alojamento provisório, com destaque para as más condições do telhado, chuveiros e sanitários, além de falta de ventiladores e presença de mosquitos. Muitos estudantes, de diferentes povos e costumes diversos, precisam conviver em um espaço físico limitado durante o período que ficam na Universidade.

Participaram do encontro o diretor do Gabinete do Reitor, professor João Luiz Martins; a pró-reitora de Permanência e Assuntos Estudantis, Simone Sampaio; a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Leslie Sedrez Chaves e a coordenadora de Relações Étnico-raciais da Proafe, Iclícia Viana.

Estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena reivindicam melhorias em alojamento

Durante o encontro foram cogitadas algumas soluções emergenciais para melhoria do alojamento, enquanto prossegue a busca de recursos para a construção de uma moradia estudantil indígena. A professora Simone Sampaio afirmou que será encaminhada a compra de eletrodomésticos para o alojamento, tais como geladeira, fogão e ventilador. A UFSC também busca um imóvel pertencente à União fora da Universidade que poderia servir como moradia, mas até o momento não encontrou um local adequado.

Outra sugestão apontada foi a de realizar o tempo de estudos nas próprias comunidades indígenas, mas isso esbarra na falta de um corpo docente efetivo exclusivo para a Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente, o curso é sediado no Departamento de História, mas conta com a participação de docentes de 13 departamentos da UFSC, entre eles departamentos e cursos como Antropologia, Direito, Psicologia e Letras.

Ao final do encontro, o professor João Luiz Martins se propôs a encaminhar junto à Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan) os pedidos de soluções emergenciais para o alojamento e criar, junto com a coordenação do curso e lideranças indicadas, uma comissão para pleitear vagas de professores junto ao Ministério da Educação (MEC) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Um dos caminhos, indicado pela professora Juliana, é buscar a ampliação dos recursos repassados pelo Prolind, programa do MEC de apoio a cursos na área de Licenciaturas Interculturais em instituições de ensino superior. De acordo com a coordenadora, os recursos repassados pelo Prolind são equivalentes a 20 vagas, mas hoje o curso da UFSC tem 45 alunos.

 

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UFSC ajudou a formar indígenas que vão atuar no Ministério dos Povos Indígenas

23/01/2023 09:21

 

Joziléia, Sonia Guajajara e Kerexu em aula magna da Licenciatura Intercultural Indígena (Foto: Henrique Almeida / Agecom-UFSC)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) teve um papel relevante na trajetória de vida de duas mulheres indígenas que acabam de ser indicadas para cargos importantes no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Joziléia Kaingang será a Chefe de Gabinete e Kerexu Yxapyry assumiu o cargo de Secretária de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas. 

Joziléia é doutoranda e mestre em Antropologia Social e foi coordenadora pedagógica da Licenciatura Intercultural Indígena (2016-2020). Participou da decisão importante de aprovar o uso das línguas indígenas brasileiras para acesso à pós-graduação, atuou em defesa da comunidade indígena e da universidade pública e gratuita para todos. É ativista dos direitos das mulheres indígenas e co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA).

A representante do povo Kaingang conta sobre sua participação no Ministério e quais desafios tem pela frente. “Sobre a minha presença aqui no ministério, nós já temos as formações das secretarias e gabinete. O nosso pensamento é o de ter a diversidade dos povos indígenas, das regiões, biomas, territórios indígenas dentro da pasta. Para nós esse momento que vivemos de pensar as secretarias do ministério, as ações, a composição e o alinhamento com o governo atual é muito importante”, afirma a chefe de gabinete. 

Joziléia fala como foi o processo de ingresso na UFSC e conta como ajudou a adicionar as línguas indígenas brasileiras no processo de ingresso à pós-graduação.  “A UFSC é parte da minha vida. Eu ingressei em 2014 após procurar as universidades do sul do país que tivessem vagas de ações afirmativas para a pós-graduação em Antropologia Social. Após entrar com o pedido eles disponibilizaram uma vaga para  indígena e uma para negros. Eu fiz a prova de proficiência em língua inglesa, mas parei para pensar que muitos dos nossos parentes não têm acesso ao inglês como língua estrangeira, lutamos para acrescentar a língua espanhola e posteriormente as línguas indígenas”, explica a ativista. 

A chefe de gabinete do MPI explica a construção de sua carreira na UFSC e a importância da universidade em sua trajetória. “Eu terminei o meu mestrado em 2016, fui convidada para a coordenação pedagógica da Licenciatura Intercultural Indígena, permaneci com a licenciatura até a finalização do curso. Em 2018, eu ingressei no curso da pós-graduação no doutorado em Antropologia Social e estou finalizando. Para mim a UFSC foi muito importante, pois eu venho de uma família Kaingang muito forte no Rio Grande do Sul. Já tô em Santa Catarina há mais de duas décadas. Considero muito importante ter a presença dos  indígenas dessa representação dos três povos indígenas na Universidade Federal de Santa Catarina, nesse curso que forma professores que têm essa responsabilidade de dar esse retorno nas suas comunidades formando os nossos estudantes”, exprime Joziléia. O curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica é voltado para os povos Guarani, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng.

Momento ímpar

Jozileia e Kerexu (Foto: arquivo pessoal Kerexu)

Kerexu Yxapyry é professora e gestora ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo ingressado na primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica e concluído o curso em 2015. Em 2011, cursou o Magistério Bilíngue Kuaa mbo’e (Conhecer e Ensinar) na Escola Ivo Silveira, em Palhoça. Mais recentemente, tornou-se também pesquisadora, mestranda em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) desde 2021. Nas eleições de 2022, Kerexu se apresentou como a primeira mulher indígena candidata a deputada federal por Santa Catarina e obteve 35 mil votos. 

A representante do povo Guarani fala o que sentiu ao assumir a nova pasta. “Assumir o Ministério dos Povos Indígenas está sendo uma experiência muito emocionante. Eu ainda estou nessa transição da aldeia para o ministério. Estamos entendendo a estrutura das políticas do governo e está sendo um momento ímpar. Precisamos dar nosso melhor para que esse seja só o início de um ministério que vá durar um bom tempo”, expõe a secretária. 

Kerexu segue explicando como a UFSC ajudou na construção da sua carreira. “Sim, eu acredito que a universidade foi uma oportunidade que me ajudou a trilhar minha carreira. É um dos espaços que me trouxe esse currículo para que eu conseguisse chegar onde cheguei. Esse diploma da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica é muito simbólico para a minha vida e para a vida de todas as lideranças que lutaram para conseguir esses espaços. É muito importante na minha vida estar hoje dentro do governo”, declara a professora. 

A gestora ambiental apresenta as prioridades da gestão e explica como funciona a sua secretaria. “A secretaria que  comando tem a função de fazer o planejamento e coordenar as políticas de demarcação de territórios das terras indígenas. Essa articulação vai ser trabalhada diretamente com a Funai. Vamos fazer o diálogo com os órgãos e entidades de administração pública e cuidar da questão de vigilância, monitoramento, fiscalização e prevenção de conflitos em terras indígenas. Nós vamos prezar também pela transversalidade com os outros ministérios. O que estamos vivenciando é um marco histórico na nossa luta. Os objetivos continuam sendo os nossos territórios e a demarcação de terras indígenas”, esclarece a representante.

 

Vitórya Navegantes/Estagiária da Secretaria de Comunicação/UFSC

 

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Pró-reitorias recebem estudantes indígenas da Licenciatura Intercultural da UFSC

29/11/2022 14:14

Foto: Karine Kerr

Um encontro entre estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena com representantes das pró-reitorias da Universidade Federal de Santa Catarina, realizado no último dia 21 de novembro, ampliou as experiências compartilhadas por estudantes e servidoras por meio de um deslocamento coletivo pelo espaço universitário. Os acadêmicos percorreram setores da universidade que têm direito de acesso e uso, com respeito às suas especificidades. “A atividade gerou maior interação com a universidade e com todos os espaços de direito dos estudantes indígenas da Licenciatura Intercultural e abriu portas para uma relação mais próxima entre as pró-reitorias, que seguem na construção institucional em prol da garantia das condições para uma melhor estruturação deste curso de graduação da UFSC”, afirmou Iclícia Viana, da Coordenadoria de Relações Étnico Raciais.

A Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, curso do Departamento de História, recebeu 45 estudantes indígenas matriculados no curso de graduação multilíngue e diferenciado. As servidoras das pró-reitorias dialogaram com a turma sobre seu papel no trabalho conjunto e institucional pela permanência e desempenho acadêmico na universidade. Participaram das atividades a Pró Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd), com os Programas do Piape e da Monitoria Indígena e Quilombola, a recém-criada Pró Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe) e a Pró-Reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (Prae), que trabalha para as condições materiais da permanência na UFSC.

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