Cinco professoras da UFSC são premiadas na 4ª edição do ‘Mulheres na Ciência’

16/10/2025 14:58

Prêmio Mulheres na Ciência foi entregue pela atual gestão da UFSC a cinco pesquisadoras da instituição. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom

A ciência protagonizada por mulheres foi celebrada e prestigiada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na tarde desta quarta-feira, 15 de outubro, na Sala dos Conselhos. Na quarta edição do Prêmio Mulheres na Ciência, a instituição reconheceu cinco trajetórias que impulsionam o conhecimento científico em suas áreas de conhecimento. Entre os objetivos da homenagem, sobressai o de inspirar estudantes — sobretudo jovens pesquisadoras — a enxergar a Universidade como espaço de oportunidades e de construção do futuro. A mensagem que o momento proporciona é que quanto mais diversa é a ciência, mais potente ela se torna.

O evento contou com as presenças e falas do reitor, Irineu Manoel de Souza; da vice-reitora, Joana Célia dos Passos; do pró-reitor de Pesquisa e Inovação (Propesq), Jacques Mick; e da pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), Leslie Sedrez Chaves — lideranças que também entregaram os diplomas às homenageadas do dia. A participação da gestão da UFSC simbolizou o compromisso institucional de avançar em políticas e ações concretas de valorização da ciência feita por elas.

Em uma cerimônia marcada por emoção e significado, as pesquisadoras expressaram sua gratidão à instituição pela criação da iniciativa e enfatizaram a relevância do prêmio, especialmente em um contexto onde as mulheres enfrentam jornadas múltiplas e desafios estruturais. Suas falas evidenciaram a força e a resiliência feminina na ciência, mostrando como, mesmo diante de adversidades, transformam suas trajetórias em inspiração e resultados que impactam positivamente a sociedade. O sentimento predominante foi de que a conquista vai além do âmbito individual, representando um triunfo coletivo que inclui colegas de trabalho, estudantes, familiares, amigos e, sobretudo, todas as mulheres que não tiveram as mesmas oportunidades.

Nesse contexto, a edição deste ano — realizada em data tão especial, no Dia do Professor — homenageou cinco docentes da UFSC em três grandes áreas do conhecimento.

 

Áreas do conhecimento Pesquisadora Categoria
Humanidades Aline Beltrame de Moura (Direito) Júnior
Elizete Vieira Vitorino (Ciência da Informação) Plena
Vida Ana Carolina Fernandes (Nutrição) Júnior
Exatas e da Terra Camila Fabiano de Freitas Marin (Química) Júnior
Cíntia Soares (Engenharia Química e Engenharia de Alimentos) Plena

 

Aline Beltrame de Moura

A professora destacou que a honraria vai além de resultados, “ele celebra trajetórias, escolhas difíceis, privações, muitas horas de estudo e, sobretudo, o trabalho coletivo de uma equipe incrível que eu tenho a felicidade de ter ao meu lado.” Além disso, ressaltou a importância da representatividade feminina na ciência, afirmando que “ver mais mulheres reconhecidas em todas as áreas do conhecimento é essencial para ampliar os horizontes da pesquisa e para que ocupemos o nosso espaço na ciência, sendo reconhecidas pelo nosso trabalho em igualdade de condições.”

Com 18 anos de trajetória na UFSC, onde foi estudante e agora atua como docente, Aline destacou o privilégio de coordenar projetos de pesquisa financiados internacionalmente, promovendo diálogos e boas práticas entre a Europa e a América Latina. Ela também mencionou seu trabalho no Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade, auxiliando pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de mediações extrajudiciais. “Se há uma palavra que resume o que aprendi nesse percurso, ela é o diálogo”, afirmou.

A professora Aline recebeu o diploma da pró-reitora Leslie

A professora agradeceu ainda à sua família que, segundo ela, provam ser possível equilibrar carreira e vida familiar. “Construímos juntos uma vida que me dão forças para seguir.” Ela também celebrou as amizades construídas na academia, reconhecendo colegas e orientandos pela troca de conhecimentos que renovam sua esperança no futuro. Finalizando, parabenizou as demais mulheres premiadas e reforçou a importância da UFSC como um espaço de pensamento crítico e transformação. “Que a UFSC siga sendo um lugar de esperança ativa”, concluiu.

Elizete Vieira Vitorino

A trajetória de Elizete foi marcada por dedicação e disciplina desde cedo. Antes de ingressar na docência, trabalhou em diversos empregos que, segundo ela, moldaram seu compromisso com horários e responsabilidades. Aos 23 anos, iniciou sua carreira como professora substituta e, desde então, a pesquisa se tornou uma constante em sua vida. “A pesquisa está na minha vida há muito tempo. Não é brincadeira, é trabalho duro, é disciplina”, afirmou, destacando o esforço por trás de sua jornada.

Atualmente, Elizete é referência nacional e internacional na área de competência em informação, com estudos financiados por instituições de apoio à pesquisa. Sua produção acadêmica a tornou a pesquisadora mais produtiva da América Latina nos últimos 20 anos em sua área. Em sua fala, agradeceu à UFSC e aos colegas que contribuíram para suas conquistas. “Agradeço imensamente à UFSC, aos meus colegas de trabalho, aos alunos de graduação, mestrado e doutorado, e aos integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Competência em Informação”, declarou.

A professora Elizete recebeu o diploma da vice-reitora Joana

Ao encerrar, Elizete reconheceu a importância do apoio de colegas e familiares ao longo de sua trajetória, especialmente durante suas formações e pesquisas. Recentemente, celebrou a conquista do título de professora titular, atribuindo esse marco ao trabalho coletivo e à paixão pelo ensino e pela pesquisa.

Ana Carolina Fernandes

A professora dedicou o prêmio “a todas as mulheres que não tiveram o mesmo privilégio que eu, às mulheres trans, às mulheres pretas e às demais que possuem a mesma ou até mais competência, mas que não tiveram as mesmas chances.” Emocionada, destacou que sua trajetória é fruto da educação pública de qualidade, desde a graduação em Nutrição até o doutorado, todos realizados na UFSC. “Tenho muito orgulho de ser fruto da UFSC e de poder devolver à sociedade o que recebi”.

Ela também celebrou o protagonismo feminino em seu curso, departamento e grupo de pesquisa, liderados por mulheres. Segundo ela, o grupo se tornou uma rede de apoio mútuo. “Nós somos mães, pesquisadoras e professoras, e não é fácil conciliar tudo, mas seguimos firmes porque acreditamos no impacto do nosso trabalho.” A professora compartilhou os desafios da maternidade durante sua carreira, como amamentar sua filha enquanto coordenava a pós-graduação e realizava pesquisas, enfatizando que tudo foi possível graças à persistência e ao apoio ao seu redor.

A professora Ana Carolina recebeu o diploma do pró-reitor Jacques

Por fim, destacou a relevância de suas pesquisas voltadas à rotulagem e regulação de alimentos, que têm influenciado políticas públicas no Brasil e no exterior. “Nosso objetivo é melhorar a alimentação da população e impactar positivamente a saúde pública.” Agradeceu à família, especialmente à filha, que considera sua maior inspiração. “Embora muitos acreditem que a maternidade seja um obstáculo, ela me tornou mais forte, empática e sensível”.

Camila Fabiano de Freitas Marin

Camila iniciou sua fala parabenizando pelo Dia do Professor e relembrou com carinho a influência dos professores em sua trajetória, desde o ensino infantil até a pós-graduação, mencionando especialmente uma professora do terceiro ano primário. “Ela provavelmente não se lembra mais de mim, mas eu jamais vou me esquecer dela. Foi em sua aula que, ao ser questionada o que queria ser quando crescesse, eu disse: ‘Quero ser cientista’. E aqui estou hoje, graças a essa inspiração inicial”, disse.

Sua trajetória acadêmica foi moldada por importantes orientadores e colegas que deixaram marcas profundas. Camila expressou gratidão ao professor Noboru Hioka, da Universidade Estadual de Maringá, que a ensinou que é possível ser um excelente professor, pesquisador e ser humano, e ao professor Ivan Muniz, supervisor de pós-doutorado, por lições de liderança e humildade. Ela também destacou a convivência com colegas de laboratório. “Aprendi muito com eles, porque essa convivência é essencial para o nosso crescimento.” Agradeceu ainda aos órgãos de fomento, que possibilitaram sua formação e mantêm suas pesquisas, além dos alunos, que aceitaram suas ideias ousadas e trouxeram novas perspectivas.

A professora Camila recebeu o diploma do reitor Irineu

Camila encerrou sua fala com uma mensagem inspiradora para pais, educadores e todas as pessoas que convivem com crianças: “Não deixem as meninas pensarem que existem limites. Elas precisam acreditar que tudo é possível, que qualquer profissão está ao alcance delas, desde que tenham esforço e dedicação.” Com emoção, dedicou o prêmio a Pedro, seu filho ainda por nascer, que já ocupa o centro de sua vida.

Cíntia Soares

“Este prêmio celebra não apenas uma trajetória pessoal, mas um caminho construído coletivamente. A ciência é um bem público, capaz de promover mudanças positivas na sociedade”, afirmou a professora, relembrando como sua curiosidade surgiu ainda na infância, ao brincar de cientista, misturando substâncias e criando experimentos. Esse interesse a levou à graduação em Engenharia Química na FURB, ao mestrado e doutorado na Unicamp e, finalmente, à UFSC, onde encontrou seu lar acadêmico e se consolidou como cientista, professora e formadora de novas gerações.

Ela compartilhou memórias de sua trajetória na UFSC, onde “iniciei um laboratório em um espaço emprestado, com duas mesas usadas, dois computadores doados e dois alunos de mestrado.” Um desses alunos, Natan Padoin, tornou-se seu parceiro de pesquisa, e juntos fundaram o Grupo I2P (Intensificação e Inovação em Processos Químicos e Biotecnológicos), que hoje desenvolve soluções sustentáveis e inovadoras. Entre seus maiores avanços, destacou o uso da Fluidodinâmica Computacional, ferramenta que otimiza processos químicos e biotecnológicos, promovendo eficiência e sustentabilidade. Com emoção, afirmou: “Ver meus ex-orientandos se tornarem docentes, pesquisadores e profissionais de destaque é o que mais me orgulha.”

A professora Cíntia recebeu o diploma da pró-reitora Leslie

A professora refletiu sobre os desafios de fazer ciência no Brasil, destacando a importância da disciplina, persistência e resiliência: “Foi com disciplina que construí, com persistência que enfrentei obstáculos e com resiliência que segui acreditando que valeria a pena.” Encerrou com uma mensagem aos jovens cientistas: “Sigam curiosos, persistentes e apaixonados. A ciência é feita de perguntas, erros e descobertas, mas, acima de tudo, de propósito. Quando fazemos ciência com propósito, construímos pontes entre o conhecimento e a esperança”.

A premiação

Criado na gestão anterior, em 2021, o prêmio foi mantido e reforçado pela atual administração. “Fizemos questão de dar continuidade e apostar no sentido que o prêmio tem de valorizar a agenda da igualdade”, afirmou o pró-reitor Jacques. Ele adiantou que o próximo edital do Mulheres na Ciência terá uma nova categoria para reconhecer servidores técnicos que atuam em pesquisa.

O pró-reitor frisou a motivação central do prêmio, que é o combate estrutural à desigualdade no país. Citando Darcy Ribeiro, declarou: “O Brasil é um país enfermo de desigualdade. E essa não é uma doença que a gente acaba da noite para o dia”. No balanço da gestão, afirmou que a premiação se soma a ações amplas para promover igualdade de gênero e racial. “Ainda não temos nem 8% de professores negros”, reconheceu, ao mesmo tempo em que apontou a relevância da visibilidade das mulheres, que são 45% do corpo docente: “A valorização do trabalho delas é um desafio constante”.

Mick também destacou projetos com potencial de transformação social; e uma política de bolsas desenhada para diminuir a sub-representação feminina em áreas tradicionalmente masculinas. Ao encerrar, reforçou que mudanças culturais exigem perseverança e têm produzido efeitos visíveis na comunidade acadêmica. Para ele, trata-se de “abrir espaço” e “valorizar a diferença”, combinando “rigor e afeto”, como mostraram as homenageadas na cerimônia. “Nós devemos admirar mulheres, entender e valorizar o que elas fazem”, concluiu

O prêmio contempla anualmente pesquisadoras, docentes e técnicas do quadro permanente da UFSC. As indicações são distribuídas em três categorias, definidas pelo tempo de ingresso na instituição:

  • Categoria Júnior: ingressos após 31/12/2013
  • Categoria Plena: ingressos entre 31/12/2000 e 31/12/2013
  • Categoria Sênior: ingressos antes de 31/12/2000

E tem como missão promover a equidade de gênero no ecossistema científico da UFSC, valorizando a produção de conhecimento, a inovação e o impacto social das pesquisas conduzidas por mulheres. Ao reunir diferentes áreas do saber e distintas gerações acadêmicas, a iniciativa amplia a visibilidade de resultados e referenciais, contribuindo para uma Universidade e uma ciência mais inclusivas.

As pesquisadoras receberam um diploma e será produzido um vídeo de divulgação científica, que será veiculado nos canais institucionais da UFSC e integrará a galeria Destaques na Ciência da Propesq — um acervo que busca ampliar o alcance do trabalho desenvolvido nos laboratórios, arquivos, clínicas e grupos de estudo da universidade.

Mais informações: propesq.ufsc.br

 

Rosiani Bion de Almeida | Divisão de Imprensa do GR
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom

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15 de outubro: Antonieta de Barros, educadora que instituiu o ‘Dia do Professor’

14/10/2025 08:00

“Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços” – Antonieta de Barros

Na data de 15 de outubro celebra-se o dia dos professores e professoras do Brasil, homenagem que foi instituída pela catarinense Antonieta de Barros, em 1948. A educadora, jornalista, intelectual e mulher negra também escolheu a educação como missão de vida e instrumento de transformação social.

Nascida em Florianópolis (1901), aos 21 anos fundou um curso que leva seu nome para alfabetizar quem não tinha condições financeiras, conduzindo-o por três décadas. Em sala de aula, ensinou Português e Literatura; na imprensa, escreveu mais de mil artigos e criou a revista Vida Ilhoa; na política, tornou-se, em 1935, uma das primeiras mulheres eleitas e a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. É de sua autoria o projeto que instituiu, pela Lei nº 145 de 12 de outubro de 1948, o Dia do Professor e o feriado escolar em Santa Catarina – semente que germinou e se espalhou por todo o país.

Antonieta entendia a educação como direito inalienável, instrumento de luta e caminho para a dignidade. Em 1937, publicou o livro Farrapos de Ideias e destinou os lucros da primeira edição à construção de uma escola para crianças cujos pais estavam internados na Colônia Santa Tereza, mais um gesto que sintetiza seu compromisso com a infância e com a justiça social. Em 2023, seu nome foi inscrito no Livro de Aço dos heróis e heroínas da Pátria, reconhecimento que eterniza sua trajetória de pioneirismo e serviço público.

A história de Antonieta nos inspira a seguir lutando por uma educação de qualidade, pois, como ela mesma escreveu em seu livro: “A grandeza da vida, a magnitude da vida, gira em torno da educação.”

Neste dia, a missão de ensinar é celebrada e, que o legado da professora Antonieta seja honrado não apenas com palavras, mas com ações: valorizando a carreira docente, garantindo condições de trabalho, investindo em formação continuada, ciência e tecnologia, e assegurando uma educação inclusiva, antirracista e de qualidade para todos e todas.

Antonieta já dizia que “educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços.”

Que sua trajetória nos inspire a transformar realidades, abrir caminhos e ampliar vozes. Porque ensinar é um ato de coragem – e de esperança. Feliz Dia do Professor a cada um e cada uma que se dedicam ou se dedicaram a esta nobre causa!

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UFSC divulga homenagem a docentes no Dia do(a) Professor(a), 15 de outubro

15/10/2023 06:19

A Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulga a seguinte homenagem aos docentes:


Homenagem ao Dia do(a) Professor(a).

A Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) parabeniza todos os/as professores e professoras da instituição pelo Dia do Professor, comemorado neste 15 de outubro. Enaltece o trabalho e a dedicação destes atores, que muitas vezes exercem sua atividade em condições difíceis, e que são em grande parte responsáveis pela qualidade e reconhecimento que a Universidade desfruta ante a sociedade, haja vista a qualidade dos egressos da nossa instituição.

A Universidade tem hoje cerca de 40 mil alunos e oferece todos os níveis de ensino, desde a educação infantil até a pós-graduação. É um grande desafio atender a todos esses públicos diferenciados, e isso só é possível com o empenho de todos os docentes, com o decisivo apoio dos técnicos administrativos.

O ensino é um dos pilares de atuação da Universidade, com forte inserção social. A UFSC luta para oferecer um ensino de qualidade, e nesse processo aperfeiçoa suas abordagens pedagógicas, buscando sempre atuar como uma instituição aprendente, especialmente junto com os/as estudantes.

Que a educação, a ciência e a tecnologia coloquem-se sempre em prol do desenvolvimento, da paz entre os povos e do bem-estar humano, social e da natureza. E que jamais deixemos de esperançar por um país e um futuro melhor para esta e para as próximas gerações.


 

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