O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, participou da 208ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), realizada em Brasília, nesta quarta-feira, 19 de novembro. “A nossa participação é fundamental para que as universidades federais avancem de forma coordenada em temas estratégicos. As pautas discutidas — do financiamento e da avaliação à regulamentação e à inovação tecnológica — impactam diretamente a qualidade da formação, da pesquisa e da gestão universitária”, afirmou.
O primeiro dia do encontro (18 de novembro) foi dedicado a um Seminário Temático sobre a Política Nacional de Educação Superior (PNEDS), com discussões sobre o Censo da Educação Superior de 2024 e a realização de seis Grupos de Trabalho (GTs) simultâneos, que abordaram temas como financiamento, acesso e avaliação da qualidade.
No segundo dia (19), quando o reitor esteve presente, o foco recaiu sobre questões administrativas e regulatórias, incluindo a análise técnica da Proposta de Emenda à Constituição nº 32/2020 (PEC 32/2020), referente à Reforma Administrativa, e o diálogo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sobre exames e avaliações. A pauta também contemplou a apresentação de boas práticas no uso de inteligência artificial na gestão universitária e a discussão sobre a regulamentação da Política de Educação a Distância.
A reunião do dia 19 ocorreu na sede da Andifes. O ponto central da manhã foi a discussão da PEC 32/2020, com a apresentação de uma análise técnica sobre a Reforma Administrativa. Participaram da mesa Ícaro Duarte Pastana, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do Fórum de Gestores de Pessoas das Instituições Federais de Ensino (Forgepe); e Rafael Amorim, consultor legislativo de Administração Pública e Direito Administrativo da Câmara dos Deputados.
Após o intervalo, teve início, no período da tarde, o “Diálogo com o Inep” sobre exames e avaliações nas universidades federais, com a participação de Suzi Mesquita Vargas, diretora substituta de Avaliação da Educação Superior do instituto. Em seguida, o reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Fernando Carvalho Silva, apresentou boas práticas sobre o uso de inteligência artificial e de tecnologias na gestão das universidades federais.
No penúltimo ponto da pauta, discutiu-se a regulamentação da Política de Educação a Distância. Estiveram presentes Alexandre Brasil, diretor de Programas da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação (MEC); Eduardo Cezari, ex-coordenador da Comissão de Graduação (Cograd); e Daniel de Aquino Ximenes, diretor de Regulação da Educação Superior do MEC.
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Nos dias 20 e 21 de agosto de 2025, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou, em sua sede em Brasília (DF), a 182ª Reunião Extraordinária do Conselho Pleno. O evento contou com a participação de gestores(as) de todo o país, incluindo o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, e a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, para debater temas estratégicos relacionados ao futuro da educação superior no Brasil. Entre as pautas destacaram-se a Política Nacional de Educação Superior (PNEDS), o orçamento das universidades federais e uma proposta de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil.
O primeiro dia do evento (20) teve início, às 14h, com o Seminário Temático sobre a Política Nacional de Educação Superior. Após a abertura, uma mesa-redonda reuniu especialistas como Lúcia Pellanda, diretora de Desenvolvimento Acadêmico da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC); Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP); Lia Rita Azeredo Bittencourt, vice-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Luiz Cláudio Costa, reitor do Centro Universitário IESB; e a deputada federal Ana Cristina de Lima Pimentel. A discussão girou em torno da necessidade de atualização da política educacional, cujo último documento formal data de 1968, para enfrentar os desafios contemporâneos da educação pública.
Os debates abordaram questões como orçamento, autonomia universitária e a resistência à inovação, além de explorar as oportunidades trazidas pela Inteligência Artificial (IA). Houve consenso sobre a importância de as universidades federais liderarem esse processo de transformação, repensando currículos, metodologias de ensino e estratégias de comunicação com a sociedade. Além disso, destacou-se a relevância de indicadores de impacto, que vão além de métricas quantitativas, para evidenciar o valor social das instituições e, assim, garantir financiamento adequado.
A deputada federal Ana Pimentel enfatizou a necessidade de aproximação com o Congresso Nacional para fortalecer pautas relacionadas à educação superior. Pimentel alertou sobre o desafio de aprovar medidas progressistas em um cenário de aumento desproporcional das emendas parlamentares, o que compromete a lógica de funcionamento do Estado e impacta diretamente as universidades públicas. Segundo ela, é essencial reforçar o papel das universidades no debate sobre a democratização da educação.
A professora Lúcia Pellanda (SESu/MEC) reforçou a importância de uma construção coletiva para a PNEDS. Pellanda mencionou que o processo teve impulso a partir de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), em 2021, e visa estabelecer diretrizes e indicadores alinhados aos objetivos constitucionais e legais da educação. Também apresentou áreas temáticas como financiamento, acesso, permanência, pesquisa e extensão, além de incluir temas emergentes como inovação pedagógica, IA e mudanças climáticas.
O professor Jacques Marcovitch (USP) destacou a diferença entre métricas de “resultado” e “impacto”. Enquanto o resultado refere-se ao produto de atividades acadêmicas, avaliado pelos pares, o impacto reflete os efeitos econômicos, sociais, ambientais e culturais dessas atividades, medidos pelos beneficiários. O docente criticou o foco excessivo no monitoramento de insumos e processos, em detrimento de resultados e impactos, defendendo a necessidade de as universidades prestarem contas à sociedade por meio de indicadores qualitativos.
A professora Lia Rita Bittencourt, vice-reitora da Unifesp, compartilhou sua experiência ao migrar de uma visão baseada em métricas quantitativas para uma abordagem mais orientada ao impacto. Ela sugeriu formas de medir o impacto do ensino, como o envolvimento de egressos; da pesquisa, por meio de parcerias extra-acadêmicas e mudanças em políticas públicas; e da extensão, considerando o engajamento comunitário. Lia também ressaltou a importância de considerar as especificidades regionais e o porte das instituições na avaliação de impacto, sublinhando a colaboração entre universidades públicas paulistas no uso estratégico de dados.
O professor Luiz Cláudio Costa, ex-secretário da SESu e ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), apresentou um panorama sobre a evolução da IA, desde sua concepção até avanços recentes, como o lançamento do ChatGPT (2022). Dentre as suas projeções, a IA irá transformar profundamente, em poucos anos, o setor educacional. Costa argumentou que o modelo atual de universidades pode dar lugar a instituições que priorizem a certificação de habilidades, em vez de currículos extensos e rígidos. Ele sugeriu que o Brasil invista em IA setorial, voltada ao SUS ou à rede federal de ensino, em vez de competir globalmente no desenvolvimento de IA geral. Por fim, destacou que essa tecnologia deve ser uma aliada dos professores, mas alertou para desafios como vieses discriminatórios e a plataformização da educação.
O seminário culminou em um consenso sobre a urgência de uma política de educação superior que seja protagonista, flexível e orientada ao impacto social, integrando tecnologias emergentes sem perder o foco no desenvolvimento humano e na democratização do acesso ao conhecimento. As discussões serão sistematizadas e servirão de base para os próximos passos na elaboração da PNEDS, com um seminário mais amplo programado para setembro deste ano.
Ainda no dia 20, às 18h30, ocorreu um encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes, na sede do ministério. O diálogo reforçou a importância de parcerias entre instituições de ensino e o governo para a promoção de políticas públicas voltadas à igualdade de gênero e ao fortalecimento da educação superior.
Encontro entre reitoras e vice-reitoras e a ministra de Estado das Mulheres, Márcia Lopes (segunda da dir. p/ esq.). Foto: Divulgação
A programação do dia seguinte (21) começou com a apresentação de Lisandro Granville, novo diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Em seguida, novamente a ministra Márcia Lopes participou de um diálogo, abordando ações conjuntas para ampliar a participação feminina no meio acadêmico e em posições de liderança. A vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, pontuou a necessidade de revisar a legislação que tipifica a violência política contra mulheres. Durante sua passagem pela SESu/MEC, Joana Célia também levou projetos relacionados à acessibilidade, IA, ações afirmativas e diversidade, além do II Seminário Nacional de Gestão em Ações Afirmativas para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi).
No período da tarde, os debates se voltaram aos desafios e prioridades financeiras das universidades federais, com a presença de Marcus Vinicius David, secretário de Educação Superior (SESu/MEC); Aline Pereira Leal, coordenadora-geral de Planejamento e Orçamento das Instituições Federais de Educação Superior (CGPO/Difes/SESu); e Evandro Rodrigues de Faria, coordenador do Fórum de Pró-Reitores de Planejamento e Orçamento das IFES (Forplad).
Encerrando o evento, foi apresentada uma proposta de cooperação entre as universidades federais e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, com a participação de representantes da OPAS. A iniciativa visa fortalecer a pesquisa, a formação acadêmica e o impacto social das universidades no campo da saúde pública.
Acompanhe o debate na íntegra:
Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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