Núcleo de Estudos de Economia Catarinense da UFSC lança informativo de outubro

04/11/2025 15:52

O Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat), ligado ao Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) do Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC, acaba de lançar a 44ª edição do seu informativo, trazendo à tona importantes reflexões sobre o atual cenário econômico. A publicação de outubro de 2025 destaca a crescente incerteza global, a desaceleração econômica no Brasil e os sinais contraditórios em Santa Catarina. A edição conta com contribuições de Paul Krugman, José Luís Fiori, Paulo Nogueira Batista Jr., Mariana Mazzucato, além de estudos técnicos da equipe do Necat.

Cenário Internacional

Paul Krugman faz um alerta sobre os Estados Unidos: mesmo com o baixo índice de desemprego, os números mascaram uma realidade preocupante. Ele chama atenção para a queda na taxa de contratação, dificuldades de recolocação profissional e o aumento do desemprego entre negros. O consumo das classes média e baixa está sob pressão, enquanto a alta inadimplência reflete uma economia desigual, com os maiores ganhos concentrados no topo, impulsionados pela revolução da inteligência artificial. Segundo Krugman, a incerteza criada pelas políticas erráticas de Donald Trump, especialmente fora do setor de IA, paralisou novos investimentos no país.

José Luís Fiori analisa como a Europa cedeu às demandas comerciais e militares dos EUA, enquanto países como o Brasil resistiram ao protecionismo norte-americano, articulando o BRICS contra sanções unilaterais. Por sua vez, Paulo Nogueira Batista Jr. propõe que o Brasil lidere a criação de um “Clube do Rio de Janeiro”, um fórum global com o potencial de aproximar o Ocidente e o Sul Global. Já Mariana Mazzucato e Rainer Kattel defendem a reconstrução das capacidades do setor público, com foco em reformas estratégicas nos municípios, incluindo melhorias em compras públicas, infraestrutura digital e gestão de estatais.

Brasil

No cenário nacional, Marcos de Queiros Grillo critica a política de meta contínua de inflação de 3%, argumentando que ela impõe juros altos e fomenta a financeirização da economia. Grillo defende uma revisão mais baseada em evidências e maior transparência na condução dessa política.

Embora o Brasil registre a menor taxa de desemprego da série histórica, Vicente Heinen questiona a narrativa de “pleno emprego”. Ele estima que o país ainda possui um “exército de reserva” de cerca de 44 milhões de pessoas, incluindo subocupados e trabalhadores vulneráveis, como conta-próprias. Em Santa Catarina, esse contingente seria de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas.

Um estudo do CESIT (realizado por Krein, Manzano, Welle e Petrini) destaca os impactos da pejotização irrestrita: redução do PIB em até 0,5 ponto percentual ao ano, queda acumulada de 30% no longo prazo, aumento da desigualdade e maior volatilidade econômica. Vera Martins da Silva observa uma desaceleração nos principais indicadores econômicos do 2º trimestre de 2025, com queda no consumo e nas exportações. Apesar disso, os investimentos em infraestrutura e mecanização no agronegócio, impulsionados pelo programa Nova Indústria Brasil, sustentaram um crescimento moderado da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo).

Santa Catarina

O balanço econômico de Santa Catarina reflete a complexidade do momento. A produção industrial recuou 1,8% em agosto de 2025 (dados dessazonalizados), com quedas acentuadas nos setores de madeira, móveis, vestuário e borracha/plástico. Por outro lado, segmentos como máquinas, equipamentos e metalurgia demonstraram alguma resiliência.

O comportamento do varejo também foi preocupante: o segmento ampliado registrou queda de 1,3% no mês e 2,4% na comparação com o ano anterior. Apesar disso, supermercados e produtos de uso pessoal amorteceram o impacto, enquanto setores como móveis, veículos e materiais de construção apresentaram maior retração. Em contrapartida, os serviços cresceram 1,4% no mês, alcançando o maior nível da série histórica no estado, impulsionados por atividades profissionais e administrativas.

No mercado formal de trabalho, Santa Catarina gerou 315 novas vagas em agosto, com destaque para o setor de serviços, que adicionou +3,4 mil postos. No entanto, a indústria (-1,6 mil), o comércio (-737), a agropecuária (-587) e a construção civil (-107) registraram retrações. Admissões foram concentradas entre mulheres e jovens de até 24 anos, com a maioria dos novos empregos oferecendo salários de até dois mínimos.

Lauro Mattei, coordenador do Necat, analisa os impactos do tarifaço de Trump, que afetaram diretamente importantes cadeias produtivas de Santa Catarina, como madeira/móveis, metalmecânica, elétrica/eletrônica e automotiva. Apesar de as tarifas de 50% incidirem sobre apenas 29% das exportações catarinenses em 2024 (menos do que o previsto inicialmente), seus efeitos foram significativos. Mattei reforça a necessidade de diversificar mercados externos e investir em políticas que estimulem o crédito, a qualificação produtiva e a competitividade.

O Informativo NECAT está disponível para leitura e pode ser acessado neste link.

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Informativo Necat: edição atual traz análises sobre conjuntura internacional, brasileira e catarinense

06/10/2025 11:27

O Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat), do Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) do Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC, lança a edição nº 43 do seu informativo (setembro/2025), reunindo análises sobre a conjuntura brasileira e internacional, reflexões sobre ensino de economia e um panorama atualizado da economia e do mercado de trabalho de Santa Catarina.

No eixo internacional, destacam-se a leitura de José Luis Fiori sobre as sanções dos EUA, seus efeitos geopolíticos e as implicações para o Brasil e os BRICS em um cenário multipolar; o ensaio de Paul Krugman sobre a rejeição de segmentos da direita ao progresso científico e econômico – com ênfase em vacinas, energia renovável e autonomia do Banco Central; e a avaliação de Michael Roberts a respeito dos 80 anos da ONU, seus limites diante das disputas hegemônicas e a crescente irrelevância da governança multilateral.

No campo da conjuntura brasileira, Paulo Nogueira Batista Jr. e Manoel Casado defendem a prática da soberania econômica, analisando acordos como Mercosul-União Europeia e seus potenciais efeitos sobre a reindustrialização; Paulo Kliass discute a escalada do gasto com juros da dívida pública e as restrições que impõe ao investimento e às políticas sociais; e Luis Felipe Miguel aborda a responsabilização judicial de golpistas, enfatizando o reforço institucional da democracia.

Em ensino econômico, Eleutério F. S. Prado apresenta uma crítica ao “homo economicus” a partir da psicanálise lacaniana e da economia política, explorando implicações teóricas e ideológicas dessa figura na ciência econômica.

Na seção dedicada à economia catarinense, os indicadores mostram que a produção industrial de Santa Catarina avançou 1,1% em julho de 2025, com desempenho superior ao nacional em períodos recentes e destaques para produtos de metal, minerais não metálicos e máquinas e equipamentos. O comércio varejista ampliado cresceu 0,6% no mês, mantendo patamar elevado no ano, puxado por materiais de construção, hiper e supermercados e outros artigos de uso pessoal e doméstico. Já o setor de serviços expandiu 0,9%, recuperando parte das perdas anteriores, com ênfase em atividades profissionais, administrativas e de informação e comunicação.

No mercado de trabalho, o estado registrou saldo de 2,7 mil novas vagas formais em julho (0,1%), com liderança do setor de serviços e crescimento acumulado do estoque de vínculos de 3,2% no ano, acima da média nacional. Houve leve retração do salário médio de admissão (-0,3%), com predominância de contratações em faixas de até dois salários mínimos. Regionalmente, Vale do Itajaí e Oeste lideram a geração de empregos, com destaque setorial para a indústria alimentícia, a construção e serviços de teleatendimento.

O Informativo NECAT está disponível para leitura e pode ser acessado neste link.

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