Editora da UFSC lança textos inéditos de Karl Marx e marca início de nova linha editorial
Capitalismo e colonização: Extratos e notas – Londres, 1851, é a primeira obra de Karl Marx publicada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), marcando o início de uma linha editorial voltada ao pensamento crítico latino-americano e à teoria social. O lançamento oficial da coletânea inédita de textos e anotações de Marx – traduzida pela primeira vez para o português – será realizado no dia 6 de dezembro de 2025, às 16h, na Livraria Tapera Taperá, em São Paulo.
“Há também com Marx o caso espantoso de obras inéditas dele, às vezes simples notas de estudo, borradores, que ele jamais pensou em publicar, mas que uma vez lançadas ao público, provocam polêmicas acaloradas”, afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro. Este livro atualiza esse recado e apresenta ao público brasileiro um Marx ainda pouco conhecido: o estudioso das civilizações pré-hispânicas e do colonialismo.
O volume reúne textos inéditos nos quais Marx explora temas fundamentais para a compreensão da formação do capitalismo mundial. A partir de uma leitura crítica das obras de William H. Prescott – “História da Conquista do México” (1843) e “História da Conquista do Peru” (1847) – Marx oferece uma análise detalhada das “formações econômicas pré-capitalistas” e desenvolve uma teoria marxiana sobre o colonialismo como parte constitutiva do sistema capitalista mundial.
Além dos estudos sobre o mundo pré-hispânico, o livro contém importantes comentários e notas sobre o tráfico africano de escravos e a política colonial do império britânico, revisando estudos de Thomas Hodgskin, Felix Wakefield e outros autores do período. Esse material revela não apenas registros históricos valiosos, mas uma teoria abrangente sobre o colonialismo e sua relação intrínseca com o desenvolvimento do capitalismo.
O organizador da obra, professor e diretor da EdUFSC, Nildo Ouriques, observa que é “corrente a ideologia segundo a qual Marx não mergulhou fundo na antropologia”. No entanto, os Cadernos de Londres e estes estudos sobre o mundo pré-hispânico demonstram o contrário. Marx, ao contrário do acadêmico moderno, recusava a divisão burguesa do conhecimento, resultado da divisão social do trabalho. Sua trajetória foi marcada por uma curiosidade intelectual desmedida que incluiu, na última fase de sua vida, até o aprendizado do idioma russo para compreender os debates dos populistas russos.
As anotações de próprio punho, registradas em longos cadernos, revelam o rigoroso método de estudo de Marx e sua capacidade extraordinária de trabalho. Este material constitui um farto acervo historiográfico e antropológico que demonstra como o pensador alemão ampliou progressivamente seu olhar para além da Europa ocidental, reconhecendo que o mundo era muito mais vasto do que aquele que ocupou a primeira fase de seus estudos.
Relevância e acessibilidade
“A questão não é a vitalidade e o exemplo de Marx, mas, ao contrário, é o acirramento da luta de classes em escala mundial e em nosso país que seguirá motivando ataques contra ele e sua imensa e insuperável obra”, afirma Ouriques. A publicação deste volume se inscreve no esforço necessário para autorizar o acesso aos escritos, anotações e estudos de Marx sobre a América Latina, contribuindo para corrigir a histórica defasagem de traduções no Brasil em comparação com outros países latino-americanos.
A obra está organizada de forma que não necessita conhecimento prévio da teoria marxista, tornando-se acessível a antropólogos, historiadores, economistas, sociólogos, cientistas políticos, acadêmicos e o público em geral interessado em compreender as raízes históricas do colonialismo e do capitalismo na América Latina.
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