Cônsul dos EUA se reúne com reitoria para debater parcerias para construção da moradia indígena
A viabilização de recursos para a execução do projeto da moradia indígena estudantil no Campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, foi tema de encontro entre integrantes da Administração Central com o representante geral do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, Shane Christensen, que esteve acompanhado da Adida Cultural, Beata Angelica. A reunião ocorreu na segunda-feira, 5 de dezembro, no Gabinete da Reitoria.
Além do reitor Irineu Manoel de Souza e da vice-reitora Joana Célia dos Passos, também estiveram presentes na reunião a Pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), Leslie Sedrez Chaves, o diretor de Gabinete do Reitor, João Luiz Martins, e o coordenador de Programas Internacionais da Secretaria de Relações Internacionais (Sinter), Guilherme Carlos da Costa.
Na ocasião, os dirigentes da Universidade debateram possíveis formas de cooperação que fomentem no Estado as agendas de economia, inclusão social, educação e cultura, e especialmente na UFSC, a execução de ações que permitam a consolidação da moradia para os estudantes da Ocupação Maloca.
“Estamos dando o máximo de prioridade para a diversidade e inclusão social, equidade e acessibilidade, porque nossas democracias enfrentam um risco enorme por conta da desigualdade e exclusão social”, afirmou Shane ao ressaltar que a representação do governo americano busca promover no Brasil parceria com empresas americanas do setor privado para que apresentem soluções às suas equipes e a sociedade.
Em sua fala, Irineu destacou que o plano de gestão da Universidade possui como uma das principais pautas a inclusão social e destacou que o maior problema atual da instituição é a falta de moradia indígena.
“Nos últimos anos, a Universidade tem recebido um público que sempre foi negligenciado pelas políticas de Estado. O fato de ingressarem na Universidade não assegura que permaneçam e concluam com sucesso seu curso. Nossa preocupação central hoje é como assegurar a permanência desses jovens que todo dia têm um desafio a mais nesse país”, disse a vice-reitora, Joana, relembrando os 150 dias de gestão e as ações tomadas pela reitoria no que diz respeito ao tema.
Os diplomatas estadunidenses propuseram que representantes dos estudantes indígenas da UFSC passem a incorporar um grupo de jovens líderes fomentado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Além disso, debateram a formulação de eventos e palestras que envolvam a comunidade acadêmica para apresentação dos programas de intercâmbio e a atração de empresas americanas da região.
A intenção dessa aproximação é fazer com que os alunos se sintam mais próximos da possibilidade de sair do país e se profissionalizar no exterior, com tudo sendo financiado pelos Estados Unidos.
A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidades, Leslie Sedrez Chaves, reforçou a importância do contato com os Estados Unidos, que é um país forte na luta pelos Direitos Civis. “Muito das políticas de ações afirmativas que temos aqui são espelho do que ocorreu nos Estados Unidos e foi bem-sucedido. A gente traz pro Brasil, adapta à nossa realidade. Ainda dentro desses cento e cinquenta dias de gestão nós conseguimos aprovar a Política de Combate ao Racismo Institucional. Então, dentro da Universidade já temos diretrizes bem evidentes de ações de promoção da equidade e que a gente não compactua com esse tipo de atitude”.
Estudantes indígenas entregam projeto de Moradia Estudantil ao Consulado dos EUA
Ao fim da conversa com a Administração Central, um grupo de estudantes indígenas esteve no Gabinete. Junto às suas lideranças, entregaram aos representantes do Consulado o projeto arquitetônico da Moradia, elaborado em parceria com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.
A estudante do curso de Psicologia Thairaa Priprá, que faz parte do movimento Ocupação Maloca UFSC, enfatizou que a luta dos estudantes indígenas por moradia ocorre desde 2016. “Cada espaço desse projeto foi pensado em conjunto com os estudantes da ocupação Maloca, que vêm fazendo esse trabalho. São cinco anos trabalhando e hoje a gente busca parcerias para viabilizar esse projeto, porque a UFSC também tem muito a ganhar”, afirmou.
Em seu discurso, o representante do povo Xokleng, Brasílio Priprá, avaliou que a diversidade de povos indígenas na UFSC faz da universidade um lugar transparente, com mais trocas de ideias e inclusiva. “Os povos indígenas colaboram na preservação do meio ambiente. Os próprios Estados Unidos têm apoiado o povo brasileiro. Esse povo que está aqui faz parte disso. Por isso, peço de todas as formas que puderem: ajudem esses estudantes a construírem a Maloca novamente”, afirmou.
O representante do Consulado dos EUA no Brasil tem sido capaz de criar conexões e fortalecer laços entre povos. A Adida Cultural, Beata Angélica, ressaltou a força dos povos indígenas e pediu que os estudantes não desistam de concluir os estudos. “Fiquem na universidade e terminem seus cursos, porque essa é uma grande oportunidade para sua vida. Estamos aqui para abrir portas para colaboração, queremos apoiar vocês na luta pela igualdade é esse o papel da contribuição diplomática”.
Texto: Robson Ribeiro e Vitórya Navegantes/Estagiários Secretaria de Comunicação UFSC
Fotos: Vitórya Navegantes/Estagiária Secretaria de Comunicação UFSC