Reitoria recebe carta de entidades estudantis e sociais contra manifestações neonazistas

08/11/2022 14:22

Movimentos estudantis e sociais organizaram um ato nesta segunda-feira na UFSC. (Foto: Robson Ribeiro/Agecom/UFSC)

O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, e a vice-reitora, Joana Célia dos Passos receberam, nesta segunda-feira, 7 de novembro, uma carta contra manifestações neonazistas e racistas. A entrega do documento ocorreu durante um ato no hall da Reitoria e foi organizado pelo Centro Acadêmico Livre de Letras (CALL) em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), entidades, sindicatos, além de outros centros que compõem a comunidade universitária. A manifestação contou com a participação de estudantes, docentes, técnicos-administrativos e movimentos sociais.

O documento foi entregue para o reitor, que disse que esse é um momento muito difícil e ressaltou a importância do movimento da comunidade universitária. O gestor da Administração Central ainda lembrou dos encaminhamentos que a UFSC tem promovido, como as discussões em torno da Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional e o encaminhamento dos episódios às autoridades policiais.

“Nós da Reitoria não concordamos com qualquer forma de violência, ou discriminação dentro da nossa Universidade. Então, vamos dar as respostas necessárias. Faremos uma reunião com o Conselho Universitário com a participação de toda a comunidade para dar os encaminhamentos efetivos”, afirmou Irineu. 

Reitor Irineu Manoel de Souza discursa durante ato contra manifestações nazistas. (Foto: Robson Ribeiro/Agecom/UFSC)

Em sua fala, a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, pediu que denúncias sejam formalizadas e disse que “não é possível mais que a gente busque terceirizar as violências da Universidade. O combate a elas é responsabilidade de cada um de nós. É importante que a gente tenha protocolos de denúncia e isso está sendo consolidado. Nós queremos que todos e todas aqui, além de se posicionar contra as violências, denunciem.” 

E completou: “Temos uma equipe que está muito ativa em buscar as soluções, não só do ponto de vista punitivo, mas também do ponto de vista da prevenção e pedagógico pra gente eliminar qualquer possibilidade dessas células continuarem se reproduzindo no ambiente universitário como é o nosso.” O recebimento de denúncias na UFSC é centralizado na Ouvidoria

Entre as reivindicações da carta está um pedido pela “punição em todos os âmbitos cabíveis à instituição” e a expulsão dos estudantes presos pela Polícia Civil por fazerem parte de uma célula neonazista em Santa Catarina, exposta em uma reportagem do Fantástico, exibida em 23 de outubro. A manifestação solicita que a Reitoria se comprometa a criar Grupos de Trabalho e políticas administrativas de prevenção e enfrentamento. 

Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional

Vice-reitora fala aos participantes do ato sobre a importância de formalizar as denúncias. (Foto: Robson Ribeiro/Agecom/UFSC)

Na última terça-feira, 1° de novembro, a Administração Central debateu em audiência pública a proposta de minuta da Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional na UFSC. A aprovação da minuta é uma demanda antiga da comunidade universitária e a urgência de sua aprovação foi novamente levantada após o registro de um ato de injúria racial ocorrido no Centro de Ciências da Educação (CED).

O documento prevê ações para o enfrentamento do racismo e das desigualdades raciais, o monitoramento preventivo e periódico dos procedimentos adotados pela Universidade, estabelecimento de canais de denúncias, além de medidas de acolhimento a vítimas. A minuta ainda define as atribuições de cada órgão deliberativo da UFSC.

“É uma política necessária, principalmente em tempos de tantas manifestações racistas e xenofóbicas na UFSC. Mas, uma política é bem mais que uma Resolução, é preciso que toda a comunidade acadêmica se veja implicada em fazer da UFSC um território livre de racismo e de manifestações de ódio”, afirma a vice-reitora da UFSC, destacando que essa é uma resposta a toda a sociedade de que a atual gestão não compactuará com violências e os crimes de ódio.

Para a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidades (Proafe), Leslie Chaves, é importante que todas as representações estejam integradas nessa discussão, já que a população negra compõe mais de 50% da população do país. “O racismo é um problema de toda a sociedade, não só como uma questão a ser tratada pela Universidade ou pelas pessoas negras, mas sim pelo coletivo, já que se tratam de relações sociais e que todos nós temos que nos comprometer com o combate a essas violências. O combate ao racismo é papel da sociedade e um compromisso também dessa gestão”, destaca.

As contribuições dos presentes foram registradas em ata, de modo a compor o processo que será enviado para análise do Conselho Universitário (CUn). Agora, o Grupo de Trabalho desenvolverá o relatório final que deve ser apreciado pelo CUn no dia 29 de novembro.

Robson Ribeiro/Estagiário da Secretaria de Comunicação/UFSC

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