Homenagem a Salim Miguel marca próxima edição do projeto ‘Livro na Praça’

23/04/2025 09:23

A próxima edição do projeto “Livro na Praça”, promovido pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), será realizada nesta sexta-feira, 25 de abril, às 18h, na Igrejinha da UFSC. O evento celebra o centenário de nascimento de Salim Miguel (1924-2016), um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, cuja trajetória marcou profundamente a cultura catarinense e nacional.

O escritor, editor e cineasta Fábio Brüggemann será o palestrante da noite. Ele abordará a relação entre autor e editor, sua amizade com Salim Miguel e sua experiência dirigindo o documentário “Viagens a Biguaçu”, inspirado no escritor. Além disso, Brüggemann falará sobre o trabalho de revisão e estabelecimento do texto da obra completa de Salim Miguel, que já começou com a publicação de “Primeiro de Abril: narrativas da cadeia”, um dos romances mais emblemáticos do autor e que integra a lista de leituras obrigatórias do próximo vestibular da UFSC. A previsão é que toda a obra completa de Salim Miguel seja publicada até o final de 2025.

O evento contará ainda com a apresentação especial do pianista Sam Machado, natural de Aracaju (SE), que estudou no Conservatório de Música de Sergipe e atualmente cursa Bacharelado em Piano na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

Salim Miguel: uma trajetória singular na literatura brasileira

Salim Miguel nasceu no Líbano e chegou ao Brasil aos três anos de idade. Viveu a maior parte de sua vida em Santa Catarina. Autor de mais de 30 livros, foi romancista, contista, cronista, ensaísta, crítico literário e jornalista, além de editor e roteirista. Sua produção literária inclui obras como “NUR na Escuridão”, “A Voz Submersa”, “Primeiro de Abril: narrativas da cadeia” e “Nós”, esta última publicada pela Editora da UFSC um ano após sua morte e também selecionada como leitura obrigatória para os vestibulares da UFSC e Udesc.

Salim Miguel desempenhou papel central na cena cultural brasileira. Foi um dos líderes do Grupo Sul, movimento cultural que marcou Florianópolis entre 1947 e 1958. Junto com sua esposa, Eglê Malheiros, escreveu o argumento e o roteiro do primeiro longa-metragem catarinense, “O Preço da Ilusão”. Como jornalista, destacou-se nas reportagens inovadoras da extinta revista Manchete e como crítico literário nas páginas do Jornal do Brasil nas décadas de 1970 e 1980.

Durante o regime militar, foi preso em 1964, permanecendo 48 dias no quartel da Polícia Militar. A experiência resultou no diário que mais tarde se transformou no romance “Primeiro de Abril: narrativas da cadeia”, eleito o melhor romance do ano em 1994 pela União Brasileira de Escritores.

Ao longo de sua carreira, Salim Miguel colecionou prêmios e honrarias. Entre eles, destacam-se o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Zaffari & Bourbon, que coroou sua obra como um dos melhores romances brasileiros publicados entre 1999 e 2000. Em 2002, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFSC e foi eleito o Intelectual do Ano pelo Prêmio Juca Pato.

Salim também deixou um legado como gestor cultural. Foi diretor da Editora da UFSC entre 1983 e 1991, período em que transformou a editora em uma referência nacional. Em 1993, assumiu a superintendência da Fundação Franklin Cascaes, onde trabalhou incansavelmente para criar uma política cultural para Florianópolis.

A memória de Salim Miguel e de sua esposa, Eglê Malheiros, é preservada em espaços culturais que destacam sua importância. Na UFSC, a Sala de Leitura Salim Miguel, localizada no Hospital Universitário, promove a humanização hospitalar e incentiva o hábito da leitura. Já a Udesc homenageia o casal com o Espaço Eglê Malheiros & Salim Miguel, um local no Centro de Florianópolis destinado à consulta de materiais históricos e culturais.

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Nota de pesar: falece a professora e escritora catarinense Eglê Malheiros

18/12/2024 17:40

Eglê Malheiros e Salim Miguel na UFSC, em 2012. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lamenta profundamente o falecimento da professora e escritora catarinense Eglê Malheiros, ocorrido na tarde de 17 de dezembro de 2024, em Brasília (DF), aos 96 anos.

Nascida em Tubarão (SC) em 1928, Eglê foi uma figura marcante na cultura e na educação de Santa Catarina. Como uma das fundadoras do Círculo de Arte Moderna, o Grupo Sul, ela desempenhou um papel fundamental na renovação do ambiente cultural do estado entre 1948 e 1958.

Destacou-se ainda como a primeira mulher a se formar em Direito pela UFSC; concluiu Mestrado em Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e lecionou História no Instituto Estadual de Educação (IEE).

Em sua trajetória, publicou obras importantes como Manhã (1952), Vozes Veladas (1996) e Os Meus Fantasmas (2002). Além disso, co-escreveu o roteiro de O Preço da Ilusão, o primeiro longa-metragem realizado em Santa Catarina, e participou ativamente do movimento modernista na região.

Eglê enfrentou desafios significativos durante o regime militar de 1964, quando foi presa e forçada a deixar Santa Catarina. No Rio de Janeiro, continuou sua carreira como tradutora e roteirista, retornando a Florianópolis em 1979 para retomar suas atividades acadêmicas até sua aposentadoria.

Em 2023 foram lançados um telefilme documentário “Eglê” e o Projeto Acervo “Eglê”, que reúne cerca de 3 mil peças históricas da artista.

Seu legado é imensurável, refletindo resistência, criatividade e dedicação à literatura e à educação. Eglê Malheiros deixa uma marca indelével na cultura brasileira, e sua história inspira todos que a conheceram.

Nossos sentimentos à família, amigos e a todos que foram tocados por sua obra e vida. A UFSC se une ao luto por essa perda inestimável, honrando a memória de uma mulher pioneira e visionária.

 

Coordenadoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria/SECOM/UFSC

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